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Condrossarcoma - como ele é?

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O que é o condrossarcoma?

O condrossarcoma é um tumor1 cartilaginoso maligno, relativamente raro, que ocorre mais frequentemente nas cartilagens2 das extremidades ósseas. Descrevem-se quatro tipos de condrossarcoma: (1) primário, (2) secundário, (3) mesenquimal3 e (4) desdiferenciado. Desses, a maioria dos casos é de condrossarcomas primários ou secundários. O mesenquimal3 e o desdiferenciado são bem mais raros.

O condrossarcoma primário ocorre mais comumente depois da terceira década da vida e acomete frequentemente a pelve4 ou os ossos longos5, particularmente o fêmur6 e o úmero7. Os condrossarcomas primários são originariamente tumores malignos. Os condrossarcomas secundários são aqueles que aparecem devido à transformação maligna dos tumores cartilaginosos ou ósseos, geralmente na segunda metade da vida. Na verdade, o termo condrossarcoma é às vezes usado para definir um grupo heterogêneo de lesões8 com diversos aspectos morfológicos e comportamento clínico.

Quais são as causas do condrossarcoma?

O condrossarcoma não é contagioso, mas pode ser transferido de uma pessoa para outra. Não se sabe inteiramente o que causa o condrossarcoma, mas sabe-se que certas condições hereditárias podem tornar as pessoas mais susceptíveis à doença. As pessoas afetadas por estas condições estão em maior risco, porque elas geralmente desenvolvem vários tumores ósseos benignos, que tem uma maior chance de se tornarem malignos.

Pessoas com essas condições hereditárias ou as que experimentam surtos súbitos de crescimento ou aumentos da produção hormonal, tais como na gravidez9, têm um ligeiro aumento do risco de que um tumor1 ósseo benigno se transforme num condrossarcoma. Os adultos com doença de Paget também estão em maior risco de condrossarcoma.

Leia sobre "Sintomas10 precoces de gravidez9" e "Doença de Paget".

Qual é o mecanismo fisiopatológico do condrossarcoma?

O tumor1 surge a partir de células11 de cartilagem12 chamadas condrócitos13. Quando alguém é afetado por esta condição, as células11 malignas começam a se desenvolver sobre a superfície do osso ou mesmo dentro dele. O crescimento do tumor1 pode ser lento ou rápido e muito agressivo.

Quais são as principais características clínicas do condrossarcoma?

O condrossarcoma é o segundo entre os tipos de câncer14 primário dos ossos. Durante um período inicial, o condrossarcoma pode evoluir sem sintomas10. Depois disso, os sintomas10 que acarreta variam dependendo do seu tamanho e localização.

Normalmente, além do desenvolvimento de uma massa ou nódulo15 no osso, a área afetada geralmente incha e o crescimento pode tornar-se sensível ao toque. Por vezes, o paciente experimenta uma sensação de pressão ou dor na área afetada. Em algumas ocasiões o osso pode enfraquecer ou quebrar facilmente, devido à pressão. Geralmente a dor do câncer14 ósseo parece piorar à noite e pode ser chata e persistente, não aliviando, mesmo durante o repouso.

Se o tumor1 já se espalhou para os pulmões16, o paciente pode começar a tossir sangue17 ou sentir falta de ar.

Saiba mais sobre os "Tumores ósseos".

Como o médico diagnostica o condrossarcoma?

Além dos relatos do paciente, sugerindo o problema, as técnicas de imagem captam uma lesão18 caracterizada por uma expansão da porção medular do osso, espessamento da camada cortical e principalmente irregularidade do endotélio19 ósseo. A tomografia axial computadorizada e a ressonância nuclear magnética são de importância para a avaliação da extensão da massa às partes moles.

Os achados radiográficos dos condrossarcomas secundários mostram também evidências das lesões8 benignas pré-existentes. Eventualmente, pode haver destruição do osso subjacente. Áreas de calcificação20 ao lado de áreas líticas também são sugestivas de transformação secundária de um tumor1 primário para condrossarcoma.

A cintilografia21 do esqueleto22 é de valia porque pode evidenciar as áreas com aumento de concentração e maior atividade óssea. O diagnóstico23 de certeza, no entanto, é dado pela biópsia24, mas o papel da biópsia24 em lesões8 de baixo grau de malignização é bastante controverso, ocorrendo frequentes erros de amostragem.

Veja os artigos: "Cintilografia21 óssea", "Ressonância magnética25" e "Biópsia24".

Como o médico trata o condrossarcoma?

O tratamento dos condrossarcomas é cirúrgico, com ressecção do segmento acometido. As margens da excisão devem sempre ser amplas porque não há resposta à radioterapia26 ou à quimioterapia27. As chances de recorrência28 são grandes e as reoperações têm menores chances de erradicação total do tumor1. A área removida pode ser reconstruída por meio de uma endoprótese não convencional ou osso homólogo de banco. A amputação29 das extremidades está indicada especialmente se o envolvimento de partes moles for extenso.

Como evolui o condrossarcoma?

Em geral, o prognóstico30 para o condrossarcoma depende do grau do tumor1, da excisão realizada e de outras condições do paciente, como diabetes31, lúpus32 e problemas de coagulação33, por exemplo. O risco de implantação das células11 cartilaginosas em outros órgãos do corpo é grande, porque o condrossarcoma não responde nem à radioterapia26 nem à quimioterapia27.

No entanto, a ressecção do condrossarcoma de baixo grau pode virtualmente ser bem sucedida em todos os pacientes e, nestes casos, o prognóstico30 ser excelente após a excisão adequada. A maioria dos pacientes com condrossarcoma pouco agressivos e de baixo grau podem ser tratados com segurança com uma intervenção cirúrgica limitada.

Quais são as complicações possíveis do condrossarcoma?

Em alguns casos podem ocorrer fraturas ósseas ou a amputação29 de membros ser necessária para evitar a propagação da doença.

Leia também os artigos sobre "Osteossarcoma" e "Fraturas ósseas".

 

ABCMED, 2016. Condrossarcoma - como ele é?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/ortopedia-e-saude/1273033/condrossarcoma-como-ele-e.htm>. Acesso em: 9 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Tumor: Termo que literalmente significa massa ou formação de tecido. É utilizado em geral para referir-se a uma formação neoplásica.
2 Cartilagens: Tecido resistente e flexível, de cor branca ou cinzenta, formado de grandes células inclusas em substância que apresenta tendência à calcificação e à ossificação.
3 Mesenquimal: Relativo ao mesênquima; mesenquimático, mesenquimatoso. Mesênquima, na embriologia, é o tecido mesodérmico embrionário dos vertebrados, pouco diferenciado, que origina os tecidos conjuntivos no adulto. Na anatomia geral, no adulto, é o tecido conjuntivo comum e indiferenciado.
4 Pelve: 1. Cavidade no extremo inferior do tronco, formada pelos dois ossos do quadril (ossos ilíacos), sacro e cóccix; bacia. 2. Qualquer cavidade em forma de bacia ou taça (por exemplo, a pelve renal).
5 Ossos longos: Exemplo: Fêmur
6 Fêmur: O mais longo e o maior osso do esqueleto; está situado entre o quadril e o joelho. Sinônimos: Trocanter
7 Úmero:
8 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
9 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
10 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
11 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
12 Cartilagem: Tecido resistente e flexível, de cor branca ou cinzenta, formado de grandes células inclusas em substância que apresenta tendência à calcificação e à ossificação.
13 Condrócitos: Células polimórficas que formam a cartilagem.
14 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
15 Nódulo: Lesão de consistência sólida, maior do que 0,5cm de diâmetro, saliente na hipoderme. Em geral não produz alteração na epiderme que a recobre.
16 Pulmões: Órgãos do sistema respiratório situados na cavidade torácica e responsáveis pelas trocas gasosas entre o ambiente e o sangue. São em número de dois, possuem forma piramidal, têm consistência esponjosa e medem cerca de 25 cm de comprimento. Os pulmões humanos são divididos em segmentos denominados lobos. O pulmão esquerdo possui dois lobos e o direito possui três. Os pulmões são compostos de brônquios que se dividem em bronquíolos e alvéolos pulmonares. Nos alvéolos se dão as trocas gasosas ou hematose pulmonar entre o meio ambiente e o corpo, com a entrada de oxigênio na hemoglobina do sangue (formando a oxiemoglobina) e saída do gás carbônico ou dióxido de carbono (que vem da célula como carboemoglobina) dos capilares para o alvéolo.
17 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
18 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
19 Endotélio: Camada de células que reveste interiormente os vasos sanguíneos e os vasos linfáticos.
20 Calcificação: 1. Ato, processo ou efeito de calcificar(-se). 2. Aplicação de materiais calcíferos básicos para diminuir o grau de acidez dos solos e favorecer seu aproveitamento na agricultura. 3. Depósito de cálcio nos tecidos, que pode ser normal ou patológico. 4. Acúmulo ou depósito de carbonato de cálcio ou de carbonato de magnésio em uma camada de profundidade próxima a do limite de percolação da água no solo, que resulta em certa mobilidade deste e alteração de suas propriedades químicas.
21 Cintilografia: Procedimento que permite assinalar num tecido ou órgão interno a presença de um radiofármaco e acompanhar seu percurso graças à emissão de radiações gama que fazem aparecer na tela uma série de pontos brilhantes (cintilação); também chamada de cintigrafia ou gamagrafia.
22 Esqueleto:
23 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
24 Biópsia: 1. Retirada de material celular ou de um fragmento de tecido de um ser vivo para determinação de um diagnóstico. 2. Exame histológico e histoquímico. 3. Por metonímia, é o próprio material retirado para exame.
25 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
26 Radioterapia: Método que utiliza diversos tipos de radiação ionizante para tratamento de doenças oncológicas.
27 Quimioterapia: Método que utiliza compostos químicos, chamados quimioterápicos, no tratamento de doenças causadas por agentes biológicos. Quando aplicada ao câncer, a quimioterapia é chamada de quimioterapia antineoplásica ou quimioterapia antiblástica.
28 Recorrência: 1. Retorno, repetição. 2. Em medicina, é o reaparecimento dos sintomas característicos de uma doença, após a sua completa remissão. 3. Em informática, é a repetição continuada da mesma operação ou grupo de operações. 4. Em psicologia, é a volta à memória.
29 Amputação: 1. Em cirurgia, é a remoção cirúrgica de um membro ou segmento de membro, de parte saliente (por exemplo, da mama) ou do reto e/ou ânus. 2. Em odontologia, é a remoção cirúrgica da raiz de um dente ou da polpa. 3. No sentido figurado, significa diminuição, restrição, corte.
30 Prognóstico: 1. Juízo médico, baseado no diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas, em relação à duração, à evolução e ao termo de uma doença. Em medicina, predição do curso ou do resultado provável de uma doença; prognose. 2. Predição, presságio, profecia relativos a qualquer assunto. 3. Relativo a prognose. 4. Que traça o provável desenvolvimento futuro ou o resultado de um processo. 5. Que pode indicar acontecimentos futuros (diz-se de sinal, sintoma, indício, etc.). 6. No uso pejorativo, pernóstico, doutoral, professoral; prognóstico.
31 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
32 Lúpus: 1. É uma inflamação crônica da pele, caracterizada por ulcerações ou manchas, conforme o tipo específico. 2. Doença autoimune rara, mais frequente nas mulheres, provocada por um desequilíbrio do sistema imunológico. Nesta patologia, a defesa imunológica do indivíduo se vira contra os tecidos do próprio organismo como pele, articulações, fígado, coração, pulmão, rins e cérebro. Essas múltiplas formas de manifestação clínica, às vezes, podem confundir e retardar o diagnóstico. Lúpus exige tratamento cuidadoso por médicos especializados no assunto.
33 Coagulação: Ato ou efeito de coagular(-se), passando do estado líquido ao sólido.
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