Índice HOMA: o que é isso?
O que é índice HOMA?
Desde a década de 1980, a resistência à insulina1 tem sido associada ao risco de doenças cardiovasculares2 e diabetes mellitus3 tipo 2. Um dos métodos empregados para sua estimativa é o índice HOMA que, embora bem estabelecido para estudos epidemiológicos, ainda carece de credibilidade consensual para aplicação generalizada na prática clínica.
O índice HOMA (sigla em inglês de Homeostatic Model Assessment) é uma ferramenta utilizada no exame de sangue4 para avaliar a resistência à insulina1 (HOMA-IR5) e a função das células beta pancreáticas6 (HOMA-beta) no corpo humano7 e, assim, auxiliar no diagnóstico8 do diabetes9. Ele é calculado matematicamente a partir dos níveis de glicose10 e insulina11 no sangue4 em jejum e é usado como uma medida indireta da sensibilidade à insulina11.
O modelo homeostático foi descrito pela primeira vez sob o nome HOMA por Matthews et al. em 1985.
Como se chegou à ideia do índice HOMA?
Chegou-se à ideia do índice HOMA a partir da observação de que as concentrações sanguíneas de glicose10 e insulina11 no estado estacionário de repouso são determinadas por sua interação em um ciclo de retroalimentação, em que uma influencia a outra.
Um modelo computacional foi desenvolvido de modo a prever e detectar os vários graus de deficiência das células beta pancreáticas6, fabricantes da insulina11, e a resistência oferecida pelas células12 corporais à penetração da insulina11 nelas.
Cálculos numéricos obtidos a partir dos valores da glicemia13 e da insulinemia no exame de sangue4 de jejum de um determinado paciente permitem uma estimativa da resistência à insulina1 e da função deficiente das células12 beta do pâncreas14 (modelo HOMA).
Como calcular o índice HOMA?
Com o índice HOMA estima-se a sensibilidade e a resistência das células12 de uma pessoa à insulina11. A pontuação HOMA é a expressão numérica do resultado de uma fórmula matemática obtida por meio dos valores da glicemia de jejum15 e da insulinemia de jejum.
A fórmula para avaliar a resistência à insulina1 (Homa-IR5) consiste em tomar valor da glicemia de jejum15 em milimoles (mmol), multiplicar pelo valor da insulinemia de jejum medida em unidades internacionais por mililitro (ui/ml) e dividir o resultado por 22,5 quando o nível de insulina11 em jejum e o nível de glicemia de jejum15 são expressos em unidades do Sistema Internacional de Unidades. Caso contrário, deve-se utilizar 405, em lugar de 22,5. O resultado numérico é a pontuação HOMA.
Veja sobre "Intolerância à glicose10", "Como medir a glicose10 no sangue4" e "Hemoglobina glicosilada16".
O que indica o índice HOMA?
Os valores normais do índice HOMA para adultos dependem do laboratório que realiza o teste e da população de referência utilizada para estabelecer os valores de referência. Podem variar também no caso de crianças e adolescentes com índice de massa corporal17 (IMC18) muito elevado.
De forma geral, os valores de referência são: HOMA-IR5 inferior a 3,4 e HOMA-beta entre 167 e 175. Como os valores apurados do HOMA-beta não mereceram a confiança unânime dos pesquisadores, hoje em dia praticamente não se leva mais em conta esse índice.
Resultados mais altos que os valores de referência do HOMA-IR5 querem dizer que existe uma resistência à insulina1 ou um mal funcionamento das células12 beta do pâncreas14, levando a uma produção insuficiente de insulina11 e uma chance de desenvolver várias doenças.
O que é resistência à insulina1?
Para que faça o efeito de gerar energia, a glicose sanguínea19, obtida através da alimentação, precisa penetrar nas células12. A resistência à insulina1 é uma condição em que as células12 do corpo têm dificuldade em responder adequadamente à insulina11, um hormônio20 produzido pelo pâncreas14 que ajuda a glicose10 a penetrar nas células12 e, assim, controlar os níveis de açúcar21 no sangue4.
Quando as células12 se tornam resistentes à insulina11, o pâncreas14 precisa produzir quantidades maiores desse hormônio20 para manter os níveis de açúcar21 no sangue4 dentro da faixa normal. Com o tempo, esse aumento na produção de insulina11 pode levar à diminuição da sensibilidade das células12 pancreáticas responsáveis pela produção de insulina11.
Assim, a resistência à insulina1 é um estado que antecede grande parte dos casos de diabetes9 e, eventualmente, pode resultar em diabetes tipo 222.
Do ponto de vista quantitativo, a resistência à insulina1 pode ser definida como a necessidade de 200 ou mais unidades de insulina11 ao dia para ter-se o controle glicêmico e para evitar a cetose, ou seja, o uso de gorduras e proteínas23 para a obtenção de energia quando a glicose10 não está disponível.
As causas da resistência à insulina1 resultam de características herdadas e/ou adquiridas. As características herdadas são devidas a defeitos genéticos, anticorpos24 contra insulina11 e anormalidades deste hormônio20. Entre as adquiridas, a obesidade25 é a causa mais comum. Há, ainda, alguns agentes que podem causar resistência à insulina1, como idade avançada, certas medicações, ingestão excessiva de sódio, terapia antirretroviral prolongada (como a usada para HIV26), uso incorreto de insulina11 exógena e síndrome27 dos ovários28 policísticos.
Quase nunca a resistência à insulina1 apresenta sintomas29, mas se não for tratada pode aumentar o risco para vários problemas de saúde30. É importante notar que essa condição pode ser prevenida ou gerenciada simplesmente com mudanças no estilo de vida, como uma dieta saudável e a prática regular de atividade física, por exemplo. Em alguns casos, os medicamentos também podem ser prescritos para ajudar a controlar os níveis de açúcar21 no sangue4 e melhorar a sensibilidade à insulina11.
Alimentos de alto índice glicêmico, como pães de farinhas brancas, batata-inglesa e açúcar21 refinado devem ser trocados por opções integrais e por legumes de baixo índice glicêmico, como cenoura e brócolis, por exemplo. O uso de álcool e tabaco também deve ser evitado.
A resistência à insulina1 pode levar a uma série de complicações de saúde30, algumas das quais são:
- Diabetes tipo 222
- Síndrome metabólica31
- Doenças cardiovasculares2, como doença cardíaca e acidente vascular cerebral32
- Esteatose hepática33 (gordura34 no fígado35)
- Síndrome27 do ovário36 policístico
- Apneia37 do sono
Leia também sobre "O papel da insulina11 no corpo" e "Prevenção do diabetes9 e suas complicações".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Rede D’or São Luiz de Hospitais e do Science Direct.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.