Câncer das vias biliares
O que são as vias biliares1?
Os ductos biliares2 são uma série de tubos finos que vão do fígado3 ao intestino delgado4. Seu trabalho principal é escoar do fígado3 e da vesícula biliar5 para o intestino delgado4 um fluido chamado bile6, que ajuda a digerir as gorduras dos alimentos. As partes do sistema de ductos biliares2 têm nomes diferentes. No interior do fígado3, começam ductos minúsculos, que coletam a bile6 nas células7 do fígado3. Eles se juntam para formar tubos chamados pequenos ductos biliares2, os quais se fundem em ductos maiores e, depois, nos chamados ductos hepáticos esquerdo e direito. Todos esses ductos no interior do fígado3 são chamados de ductos biliares intra-hepáticos8.
Os ductos hepáticos esquerdo e direito deixam o fígado3 e se juntam para formar o ducto hepático comum9 em uma área chamada hilo10. Um pouco mais abaixo, a vesícula biliar5 (um pequeno órgão justaposto à base do fígado3, que armazena a bile6) une-se ao ducto hepático comum9 por um pequeno ducto chamado ducto cístico. O ducto daí resultante, chamado de ducto biliar comum (ou colédoco), atravessa parte do pâncreas11 antes de se unir ao ducto pancreático12 e se esvaziar no duodeno13, através da ampola de Vater14.
O que é o câncer15 das vias biliares1?
O câncer15 em geral se inicia quando as células7 do corpo começam a crescer fora de controle. Células7 em quase qualquer parte do corpo podem sofrer esse processo e podem se espalhar para outras áreas do organismo. O câncer15 das vias biliares1 começa em um dos ductos biliares2. Dependendo de onde se localiza, pode ser agrupado em três tipos:
- Cânceres dos canais biliares intra-hepáticos16.
- Cânceres dos ductos biliares2 hilares.
- Cânceres do ducto biliar distal17.
Quais são as causas do câncer15 das vias biliares1?
Ainda não se sabe a causa exata da maioria dos cânceres de ducto biliar, mas os pesquisadores descobriram alguns fatores de risco que tornam uma pessoa mais propensa a desenvolver este tipo de tumor18 maligno. Parece haver um elo entre esse câncer15 e coisas que irritam e inflamam os ductos biliares2, sejam pedras do ducto biliar, infestação19 por parasita20 ou qualquer outra causa. Algumas das alterações genéticas que levam ao câncer15 do ducto biliar podem ser causadas pela inflamação21 desses canais. Mutações genéticas relacionadas ao câncer15 do ducto biliar são geralmente adquiridas durante a vida, não são herdadas, sendo apenas eventos aleatórios.
As pessoas que têm inflamação21 crônica dos ductos biliares2 ou outras doenças raras do fígado3 têm um risco aumentado de desenvolver câncer15 dos ductos biliares2. Pessoas com doença inflamatória intestinal também têm risco aumentado de câncer15 de ducto biliar. As pessoas mais velhas são mais propensas do que as mais jovens a ter esse tipo de câncer15. A maioria das pessoas diagnosticadas com câncer15 do ducto biliar está em seus 60 ou 70 anos de idade. A obesidade22 aumenta o risco de cálculos biliares, bem como o risco de doença hepática23 gordurosa não alcoólica, assim como a alteração de certos hormônios também colabora. Uma história de câncer15 de ducto biliar na família parece aumentar ligeiramente as chances de uma pessoa desenvolver esse tipo de tumor18. O diabetes24 tipo 1 ou tipo 2 implica em um risco maior de câncer15 de ducto biliar. As pessoas que tomam regularmente bebidas alcoólicas têm maior probabilidade de contrair câncer15 intra-hepático.
Leia também "Colestase25", "Diabetes mellitus26" e "Esteatose hepática27".
Quais são as principais manifestações clínicas do câncer15 das vias biliares1?
O câncer15 do ducto biliar pode evoluir muito tempo sem causar sinais28 ou sintomas29, mas às vezes os sintomas29 podem aparecer muito cedo, o que é favorável, já que o câncer15 diagnosticado em estágio inicial apresenta resultados melhores no tratamento. O câncer15 do ducto biliar causa sintomas29 chamativos quando obstrui um ducto biliar, tais como a icterícia30 (coloração amarelada da pele31, mucosa32 e conjuntiva33), causada pela retenção de bilirrubina34. O excesso de bilirrubina34 na pele31 também causa coceira e a retenção dela faz com que as fezes fiquem gordurosas, de cor mais clara e faz com que elas flutuem no vaso sanitário. Em contrário, quando os níveis de bilirrubina34 no sangue35 aumentam e ela passa a ser eliminada em grandes quantidades pela urina36, esta se torna mais escura, às vezes “da cor de coca-cola”. Além disso, tumores dos ductos biliares2 que obstruam o escoamento da bile6, podem causar dor abaixo das costelas37 do lado direito. Outros sintomas29 frequentes são perda de apetite e de peso, febre38, náuseas39 e vômitos40. Esses sintomas29 são os mesmos que os causados, por exemplo, pela colangite, por cálculos biliares ou por uma hepatite41.
Veja mais sobre "Colangite", "Hepatites42" e "Cálculos biliares".
Como o médico diagnostica o câncer15 das vias biliares1?
Além dos sintomas29 que possam sugerir esse diagnóstico43, alguns exames confirmatórios podem ser realizados: exames de sangue35 em que podem ser dosados certos marcadores tumorais e as bilirrubinas44, ultrassonografia45, tomografia computadorizada46, radiografia do fígado3 e dos ductos biliares2 e ressonância magnética47. Uma colangiopancreatografia retrógrada endoscópica ou uma colangiografia48 trans-hepática23 percutânea também podem ser usadas para obter uma imagem detalhada dos ductos biliares2.
Como o médico trata o câncer15 das vias biliares1?
Três tipos de tratamento padrão são usados, embora existam outros: (1) cirurgia, (2) terapia de radiação e (3) quimioterapia49. Em alguns casos é necessário um transplante de fígado3.
A cirurgia pode consistir na remoção do ducto biliar ou numa hepatectomia parcial. Também podem ser realizadas cirurgias apenas paliativas para aliviar os sintomas29 e melhorar a qualidade de vida do paciente. Se o câncer15 está bloqueando um ducto biliar, um bypass (um contorno) biliar pode ser feito ou ser colocado um stent (um tubo fino) para drenar a bile6. A radioterapia50 externa usa uma máquina fora do corpo para enviar radiação contra o câncer15 e a radioterapia50 interna usa uma substância radioativa, “sementes”, fios ou cateteres que são colocados diretamente no câncer15 ou perto dele. A terapia de hipertermia consiste em expor o tumor18 a altas temperaturas para tornar as células7 cancerosas mais sensíveis aos efeitos da radioterapia50 e de medicamentos antineoplásicos. A quimioterapia49 é um tratamento que visa impedir o crescimento de células7 cancerígenas ou a morte delas. No câncer15 não ressecável dos ductos biliares2 pode ser feita a embolização51 intra-arterial, na qual o suprimento de sangue35 para o tumor18 é bloqueado e ele é significativamente diminuído de tamanho. O transplante de fígado3 é o tratamento mais radical, mas se não puder ser feito em tempo hábil, outro tratamento deve ser feito, quando necessário.
Como evolui o câncer15 das vias biliares1?
O prognóstico52 é pior se o tumor18 já tiver invadido os tecidos adjacentes ou se há envolvimento de linfonodos53 ou metástases54, no momento do diagnóstico43. Se não tratado, a sobrevida55 do câncer15 do ducto biliar é de 50% em um ano, 20% em dois anos e 10% em três anos, praticamente nenhuma em cinco anos.
Outros assuntos relacionados "Provas de função hepática23", "Transplante de fígado3" e "Prevenção do câncer15".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.