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Usos e abusos dos descongestionantes nasais

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O que são descongestionantes nasais?

Descongestionantes nasais são medicamentos utilizados para desobstruir as vias respiratórias superiores, o popular “nariz entupido”. Os descongestionantes medicamentosos são liberados em líquidos, gotas nasais, comprimidos, cápsulas, pós (para serem dissolvidos em água quente) e sprays nasais, cada um dos quais usados segundo suas características físicas.

A maioria dos descongestionantes nasais está disponível sem receita médica, o que permite às pessoas um certo uso abusivo deles. Algumas fórmulas farmacêuticas podem conter apenas medicações descongestionantes, enquanto outras são associações que contêm, além deles, analgésicos1 e anti-histamínicos.

Como atuam fisiologicamente os descongestionantes nasais?

Os cornetos nasais são uma região do nariz2 recoberta por mucosas3 e intensamente vascularizada. As gripes, os resfriados e as alergias fazem com que esses vasos se dilatem, além de produzirem um inchaço4 da mucosa5, obstruindo a passagem do ar. Os descongestionantes promovem uma vasoconstrição6 e reduzem a inchação que os acompanha. Isso alivia o “entupimento”, mas não evita os espirros ou a coceira que geralmente estão associados.

No entanto, alguns descongestionantes sob a forma de spray têm um efeito de duração muito fugaz e os vasos contraídos voltam a se dilatar (e o fazem ainda mais), gerando um “entupimento” nasal ainda maior. A isso denomina-se “efeito rebote”.

Leia sobre "Coriza7", "Espirros", "Sinusites" e "Pólipos8 nasais".

Quando usar e quando não usar descongestionantes nasais?

Os descongestionantes nasais são muito utilizados por pessoas de todas as idades, muitas vezes sem nenhuma orientação médica. Eles devem ser usados quando as vias respiratórias iniciais (nariz2) estão obstruídas por muco devido a gripes ou resfriados, mas apenas com indicação de um médico.

Quando o nariz2 fica entupido nas alergias, um anti-histamínico geralmente não ajuda imediatamente, mas um descongestionante pode fazê-lo. Contudo, os sprays descongestionantes não devem ser usados em crianças de menos de 6 anos de idade e os comprimidos ou cápsulas de ação prolongada não são recomendados para uso em crianças com menos de 12 anos.

Os sprays nasais descongestionantes não devem também ser usados continuadamente por mais de três dias. Usá-los por mais tempo pode fazer o nariz2 ficar ainda mais entupido, graças ao efeito rebote, além de que o uso continuado pode provocar dependência psicológica e mesmo química. Não se trata de uma dependência química no sentido clássico, mas de uma forte necessidade de aliviar o incômodo da dificuldade de respirar que o uso continuado deles acaba por suscitar. Também não devem ser usados em casos de glaucoma9, pressão alta, problemas de coração10 ou da tireoide11, aumento da próstata12 e diabetes13.

Devido aos efeitos colaterais14 raros que podem causar e que eventualmente podem ser graves, eles somente devem ser usados sob supervisão médica.

O médico também deve ser consultado em caso de uso de descongestionantes concomitante ao uso de outros remédios.

Os sprays, a forma mais utilizada de descongestionantes nasais, podem conter:

(1) substâncias que têm efeito constritor sobre os vasos sanguíneos15
(2) substâncias anti-histamínicas, que além de aliviar a congestão aliviam também a coceira no nariz2, a coriza7 e os espirros
(3) substâncias esteroides, que reduzem o congestionamento, os espirros, os olhos16 lacrimejantes, a coceira e ajudam a impedir que o nariz2 goteje
(4) cromoglicato de sódio (Cromolyn sodium), que evita que o corpo libere histaminas, substâncias químicas que causam sintomas17 de alergia18, como coriza7 e espirros

Quais os efeitos colaterais14 do uso dos descongestionantes nasais?

De um modo geral, os descongestionantes nasais são medicações seguras e inofensivas e não costumam dar efeitos colaterais14 algum ou, quando presentes, eles não são importantes, pois costumam ser leves e passageiros. Entre eles pode-se apresentar sonolência, irritação do revestimento do nariz2, dores de cabeça19, boca20 seca, sentir-se inquieto ou agitado e erupção21 na pele22. Estes efeitos colaterais14 desaparecem tão logo a pessoa pare de usar o medicamento. Os descongestionantes podem, ainda, deixar algumas pessoas com problemas para dormir.

Dentre os descongestionantes, os sprays nasais são os que têm menos probabilidade de causar esses problemas e podem ser uma solução de curto prazo. Muito raramente, podem ocorrer efeitos colaterais14 mais graves, como alucinações23 e reações alérgicas graves (anafilaxia24).

Mesmo os descongestionantes tópicos, à base de efedrina e fenilefrina, usados como spray, são absorvidos pela mucosa5 do nariz2 e produzem efeitos sistêmicos25 que podem levar a um aumento da pressão arterial26. Por isso, esses medicamentos devem ser usados com cautela em hipertensos e naqueles que estejam recebendo inibidores da monoamina oxidase (IMAO27), pois, nesses casos, podem causar crise hipertensiva.

Veja também sobre "Obstrução das trompas de Eustáquio", "Anosmia ou perda do olfato" e "Nariz2 entupido - o que fazer".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do  NHS – National Health System – UK e da Harvard Health Publishing.

ABCMED, 2021. Usos e abusos dos descongestionantes nasais. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/vida-saudavel/1387345/usos-e-abusos-dos-descongestionantes-nasais.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Analgésicos: Grupo de medicamentos usados para aliviar a dor. As drogas analgésicas incluem os antiinflamatórios não-esteróides (AINE), tais como os salicilatos, drogas narcóticas como a morfina e drogas sintéticas com propriedades narcóticas, como o tramadol.
2 Nariz: Estrutura especializada que funciona como um órgão do sentido do olfato e que também pertence ao sistema respiratório; o termo inclui tanto o nariz externo como a cavidade nasal.
3 Mucosas: Tipo de membranas, umidificadas por secreções glandulares, que recobrem cavidades orgânicas em contato direto ou indireto com o meio exterior.
4 Inchaço: Inchação, edema.
5 Mucosa: Tipo de membrana, umidificada por secreções glandulares, que recobre cavidades orgânicas em contato direto ou indireto com o meio exterior.
6 Vasoconstrição: Diminuição do diâmetro dos vasos sanguíneos.
7 Coriza: Inflamação da mucosa das fossas nasais; rinite, defluxo.
8 Pólipos: 1. Em patologia, é o crescimento de tecido pediculado que se desenvolve em uma membrana mucosa (por exemplo, no nariz, bexiga, reto, etc.) em resultado da hipertrofia desta membrana ou como um tumor verdadeiro. 2. Em celenterologia, forma individual, séssil, típica dos cnidários, que se caracteriza pelo corpo formado por um tubo ou cilindro, cuja extremidade oral, dotada de boca e tentáculos, é dirigida para cima, e a extremidade oposta, ou aboral, é fixa.
9 Glaucoma: É quando há aumento da pressão intra-ocular e danos ao nervo óptico decorrentes desse aumento de pressão. Esses danos se expressam no exame de fundo de olho e por alterações no campo de visão.
10 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
11 Tireoide: Glândula endócrina altamente vascularizada, constituída por dois lobos (um em cada lado da TRAQUÉIA) unidos por um feixe de tecido delgado. Secreta os HORMÔNIOS TIREOIDIANOS (produzidos pelas células foliculares) e CALCITONINA (produzida pelas células para-foliculares), que regulam o metabolismo e o nível de CÁLCIO no sangue, respectivamente.
12 Próstata: Glândula que (nos machos) circunda o colo da BEXIGA e da URETRA. Secreta uma substância que liquefaz o sêmem coagulado. Está situada na cavidade pélvica (atrás da parte inferior da SÍNFISE PÚBICA, acima da camada profunda do ligamento triangular) e está assentada sobre o RETO.
13 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
14 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
15 Vasos Sanguíneos: Qualquer vaso tubular que transporta o sangue (artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias).
16 Olhos:
17 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
18 Alergia: Reação inflamatória anormal, perante substâncias (alérgenos) que habitualmente não deveriam produzi-la. Entre estas substâncias encontram-se poeiras ambientais, medicamentos, alimentos etc.
19 Cabeça:
20 Boca: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
21 Erupção: 1. Ato, processo ou efeito de irromper. 2. Aumento rápido do brilho de uma estrela ou de pequena região da atmosfera solar. 3. Aparecimento de lesões de natureza inflamatória ou infecciosa, geralmente múltiplas, na pele e mucosas, provocadas por vírus, bactérias, intoxicações, etc. 4. Emissão de materiais magmáticos por um vulcão (lava, cinzas etc.).
22 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
23 Alucinações: Perturbações mentais que se caracterizam pelo aparecimento de sensações (visuais, auditivas, etc.) atribuídas a causas objetivas que, na realidade, inexistem; sensações sem objeto. Impressões ou noções falsas, sem fundamento na realidade; devaneios, delírios, enganos, ilusões.
24 Anafilaxia: É um tipo de reação alérgica sistêmica aguda. Esta reação ocorre quando a pessoa foi sensibilizada (ou seja, quando o sistema imune foi condicionado a reconhecer uma substância como uma ameaça ao organismo). Na segunda exposição ou nas exposições subseqüentes, ocorre uma reação alérgica. Essa reação é repentina, grave e abrange o corpo todo. O sistema imune libera anticorpos. Os tecidos liberam histamina e outras substâncias. Esse mecanismo causa contrações musculares, constrição das vias respiratórias, dificuldade respiratória, dor abdominal, cãimbras, vômitos e diarréia. A histamina leva à dilatação dos vasos sangüíneos (que abaixa a pressão sangüínea) e o vazamento de líquidos da corrente sangüínea para os tecidos (que reduzem o volume de sangue) o que provoca o choque. Ocorrem com freqüência a urticária e o angioedema - este angioedema pode resultar na obstrução das vias respiratórias. Uma anafilaxia prolongada pode causar arritmia cardíaca.
25 Sistêmicos: 1. Relativo a sistema ou a sistemática. 2. Relativo à visão conspectiva, estrutural de um sistema; que se refere ou segue um sistema em seu conjunto. 3. Disposto de modo ordenado, metódico, coerente. 4. Em medicina, é o que envolve o organismo como um todo ou em grande parte.
26 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
27 IMAO: Tipo de antidepressivo que inibe a enzima monoaminoxidase (ou MAO), hoje usado geralmente como droga de terceira linha para a depressão devido às restrições dietéticas e ao uso de certos medicamentos que seu uso impõe. Deve ser considerada droga de primeira escolha no tratamento da depressão atípica (com sensibilidade à rejeição) ou agente útil no distúrbio do pânico e na depressão refratária. Pode causar hipotensão ortostática e efeitos simpaticomiméticos tais como taquicardia, suores e tremores. Náusea, insônia (associada à intensa sonolência à tarde) e disfunção sexual são comuns. Os efeitos sobre o sistema nervoso central incluem agitação e psicoses tóxicas. O término da terapia com inibidores da MAO pode estar associado à ansiedade, agitação, desaceleração cognitiva e dor de cabeça, por isso sua retirada deve ser muito gradual e orientada por um médico psiquiatra.
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