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Musicoterapia

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O que é musicoterapia?

Musicoterapia é o uso da música para melhorar a saúde1 ou os desempenhos funcionais de uma pessoa. O musicoterapeuta é um profissional especializado que usa todas as facetas da música (física, emocional, mental, social, estética e espiritual) para ajudar os clientes a melhorar seu funcionamento cognitivo2, habilidades motoras, desenvolvimento emocional, comunicação, habilidades sensoriais, sociais e qualidade de vida.

A "musicoterapia neurológica", um modelo de terapia baseado na neurociência, usa um modelo neurocientífico de percepção e produção musical, e a influência da música nas mudanças em funções não-musicais do cérebro3 e do comportamento.

Existem dois tipos gerais de musicoterapia:

  1. Musicoterapia receptiva, que orienta pacientes ou clientes a ouvir música ao vivo ou gravada, selecionada por um musicoterapeuta.
  2. Musicoterapia ativa, às vezes chamada de musicoterapia expressiva, que envolve clientes ou pacientes no ato de produzir música vocal ou instrumental.

Para que serve a musicoterapia?

Alguns empregos comuns da musicoterapia incluem o desenvolvimento da comunicação e habilidades motoras, composição e compreensão auditiva com idosos e relaxamento rítmico para reabilitação física em vítimas de acidente vascular cerebral4. A musicoterapia também é usada em alguns hospitais, centros de câncer5, programas de recuperação de álcool e drogas, hospitais psiquiátricos, estabelecimentos prisionais e escolas.

Além disso, a musicoterapia é benéfica para qualquer indivíduo, tanto física como mentalmente, através da melhoria da frequência cardíaca, redução da ansiedade, estimulação do cérebro3 e melhoria da aprendizagem. Também pode ser útil para ajudar os pacientes em muitas áreas, que vão desde o alívio do estresse até neuropatias como a doença de Alzheimer6.

Estudos mostram também efeitos benéficos com diferentes transtornos mentais, como ansiedade, depressão e esquizofrenia7. A musicoterapia pode ser uma coadjuvante8 da terapia comportamental, terapia cognitivo2-comportamental e terapia psicodinâmica. Ela pode melhorar o humor, diminuir o estresse, a dor, o nível de ansiedade e aumentar o relaxamento. Embora não afete a doença ela pode, por exemplo, ajudar nas habilidades de enfrentamento da doença com mais conforto.

Saiba mais sobre "Acidente vascular cerebral4", "Ansiedade", "Esquizofrenia7" e "Estresse".

A musicoterapia nas diversas etapas da vida

Recém-nascidos:

Bebês9 prematuros estão sujeitos a inúmeros riscos para a saúde1, como padrões respiratórios anormais, diminuição da gordura10 corporal e do tecido11 muscular, bem como problemas de alimentação. A coordenação para sucção e respiração ainda não está totalmente desenvolvida, tornando a alimentação um desafio.

Em geral, os recém-nascidos respondem muito bem à musicoterapia aplicada adequadamente em uma Unidade de Terapia Intensiva12 Neonatal, ajudando na recuperação e desenvolvimento dos bebês9, porém é necessário empenho e colaboração de uma equipe multiprofissional para o sucesso da terapia musical.

Ela pode ser conduzida por um musicoterapeuta e obedece a alguns critérios principais, tais como:

  1. Música ao vivo ou gravada, eficaz em promover a regularidade respiratória, em melhorar os níveis de saturação de oxigênio e diminuir os sinais13 de desconforto neonatal.
  2. Canções de ninar promovem uma melhoria do reflexo de sucção e ajudam a reduzir a percepção da dor pelo bebê.
  3. Com uma combinação de canções de ninar e estimulação multimodal, os prematuros recebem alta da unidade de terapia intensiva12 neonatal mais cedo do que os bebês9 que não recebem este tipo de terapia.
  4. A baixa estimulação sensorial da unidade de terapia intensiva12 neonatal pode ser compensada pela estimulação musical.
  5. O canto dos pais direcionado ao bebê pode promover maior vinculação entre pais e filhos, promover um maior relaxamento do bebê e diminuir a frequência cardíaca de prematuros.
Leia o artigo "Entendendo a prematuridade".

Crianças:

Em crianças, a musicoterapia traz múltiplos benefícios para a manutenção da saúde1 e do impulso para a reabilitação em crianças lesionadas. A musicoterapia, juntamente com outros métodos de reabilitação, aumentou a taxa de sucesso da reabilitação sensitivo-motora, cognitiva14 e comunicativa. A reabilitação física depende da motivação e sentimentos existentes da criança em relação à música. A música tem, além disso, propriedades calmantes. Por exemplo, um paciente com dor crônica pode desviar a atenção da dor, concentrando-se na música.

A musicoterapia tem também ação benéfica sobre o desenvolvimento senso-motor, o equilíbrio, a locomoção, agilidade, mobilidade, amplitude de movimento, força, lateralidade e direcionalidade. Estímulos rítmicos ajudam o equilíbrio e os treinamentos para aqueles com lesão15 cerebral.

Cantar ajuda na reabilitação de deficiências neurológicas como apraxia, disartria16, distúrbios de controle muscular, afasia17 e compreensão da linguagem. O canto melhora o pulmão18, a clareza da fala e a coordenação dos músculos19 da fala, acelerando, assim, a reabilitação de deficiências neurológicas. Acredita-se que a musicoterapia seja também útil em crianças incluídas no espectro do autismo, fornecendo estímulos repetitivos que visam "ensinar" ao cérebro3 outras maneiras possíveis de reagir.

Veja mais sobre "Autismo".

Adolescente:

A musicoterapia pode ser usada em distúrbios diagnosticados na adolescência, como transtornos de humor, ansiedade, transtornos alimentares ou comportamentos inadequados, incluindo tentativas de suicídio, afastamento da família, isolamento social de colegas, agressão, fuga e abuso de substâncias. As metas no tratamento de adolescentes com musicoterapia, especialmente para aqueles de alto risco, incluem: maior reconhecimento e conscientização de emoções e humores, melhores habilidades de tomada de decisão, oportunidades de auto-expressão criativa, diminuição da ansiedade, aumento da autoconfiança, melhora da autoestima e aprimoramento das habilidades de escuta.

Dois métodos principais de musicoterapia nessa faixa etária são as reuniões de grupo e as sessões individuais. Ambos os métodos podem incluir ouvir música, discutir sobre as emoções na música, analisar os significados de músicas específicas, compor música, executar música e improvisação musical.

As sessões particulares individuais podem fornecer atenção pessoal e são mais eficazes quando a música usada é a preferida pelo paciente. Usar música com a qual um adolescente pode se relacionar ou se conectar pode ajudar pacientes adolescentes a ver o terapeuta como um adulto seguro e digno de confiança e a se engajar no processo terapêutico com menos resistência.

A musicoterapia conduzida em grupos oferece oportunidades para que um adolescente tenha o sentimento de pertencimento para expressar suas opiniões, aprender a socializar e verbalizar apropriadamente com os colegas, melhorar habilidades comprometedoras e desenvolver tolerância e empatia. As sessões de grupo enfatizam a cooperação e a coesão e podem ser bastante eficazes no trabalho com adolescentes.

Leia sobre "Transtorno bipolar", "Anorexia nervosa20", "Suicídio", "Isolamento social" e "Dependência às drogas".

Adultos e idosos:

Em adultos e idosos, a musicoterapia pode melhorar a frequência cardíaca, a frequência respiratória, a pressão arterial21 em pessoas com doença coronariana e a recuperação de habilidades motoras nos casos de acidente vascular22 encefálico.

A doença de Alzheimer6 e outros tipos de demência23 estão entre os distúrbios mais comumente tratados com musicoterapia, levando a melhorias da interação social, da conversação e de outras habilidades. Ameniza o comportamento agitado, a perambulação e a inquietação e traz benefícios em relação às alterações cognitivas e do reconhecimento de pessoas. A eficácia do tratamento parece ser dependente do paciente, da qualidade e da duração do tratamento. Em pacientes com doença de Alzheimer6, a música tem ainda um efeito calmante e protege o paciente de ruídos avassaladores ou estranhos em seu ambiente.

Na afasia17, a música é usada para ajudar nos danos aos hemisférios cerebrais que levam aos defeitos de linguagem. Embora os resultados da musicoterapia na afasia17 sejam um tanto contraditórios, estudos encontraram, de fato, aumento da ativação do hemisfério direito em pacientes afásicos.

Veja também sobre "Doença de Alzheimer6", "Doença arterial coronariana" e "Afasia17".

 

ABCMED, 2019. Musicoterapia. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/vida-saudavel/1333688/musicoterapia.htm>. Acesso em: 19 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
2 Cognitivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
3 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
4 Acidente vascular cerebral: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
5 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
6 Doença de Alzheimer: É uma doença progressiva, de causa e tratamentos ainda desconhecidos que acomete preferencialmente as pessoas idosas. É uma forma de demência. No início há pequenos esquecimentos, vistos pelos familiares como parte do processo normal de envelhecimento, que se vão agravando gradualmente. Os pacientes tornam-se confusos e por vezes agressivos, passando a apresentar alterações da personalidade, com distúrbios de conduta e acabam por não reconhecer os próprios familiares e até a si mesmos quando colocados frente a um espelho. Tornam-se cada vez mais dependentes de terceiros, iniciam-se as dificuldades de locomoção, a comunicação inviabiliza-se e passam a necessitar de cuidados e supervisão integral, até mesmo para as atividades elementares como alimentação, higiene, vestuário, etc..
7 Esquizofrenia: Doença mental do grupo das Psicoses, caracterizada por alterações emocionais, de conduta e intelectuais, caracterizadas por uma relação pobre com o meio social, desorganização do pensamento, alucinações auditivas, etc.
8 Coadjuvante: Que ou o que coadjuva, auxilia ou concorre para um objetivo comum.
9 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
10 Gordura: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Os alimentos que fornecem gordura são: manteiga, margarina, óleos, nozes, carnes vermelhas, peixes, frango e alguns derivados do leite. O excesso de calorias é estocado no organismo na forma de gordura, fornecendo uma reserva de energia ao organismo.
11 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
12 Terapia intensiva: Tratamento para diabetes no qual os níveis de glicose são mantidos o mais próximo do normal possível através de injeções freqüentes ou uso de bomba de insulina, planejamento das refeições, ajuste em medicamentos hipoglicemiantes e exercícios baseados nos resultados de testes de glicose além de contatos freqüentes entre o diabético e o profissional de saúde.
13 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
14 Cognitiva: 1. Relativa ao conhecimento, à cognição. 2. Relativa ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
15 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
16 Disartria: Distúrbio neurológico caracterizado pela incapacidade de articular as palavras de maneira correta (dificuldade na produção de fonemas). Entre as suas principais causas estão as lesões nos nervos centrais e as doenças neuromusculares.
17 Afasia: Sintoma neurológico caracterizado pela incapacidade de expressar-se ou interpretar a linguagem falada ou escrita. Pode ser produzida quando certas áreas do córtex cerebral sofrem uma lesão (tumores, hemorragias, infecções, etc.). Pode ser classificada em afasia de expressão ou afasia de compreensão.
18 Pulmão: Cada um dos órgãos pareados que ocupam a cavidade torácica que tem como função a oxigenação do sangue.
19 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
20 Anorexia nervosa: Distúrbio alimentar caracterizado por uma alteração da imagem corporal associado à anorexia.
21 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
22 Vascular: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
23 Demência: Deterioração irreversível e crônica das funções intelectuais de uma pessoa.
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