Gostou do artigo? Compartilhe!

Litíase das glândulas salivares

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é litíase1 das glândulas salivares2?

A litíase1 das glândulas salivares2, também chamada cálculo3 salivar ou sialolitíase, ocorre devido ao entupimento dos ductos das glândulas salivares2, que é provocado por pedras (sialólitos) que podem se formar devido à cristalização de substâncias da saliva, como o fosfato ou carbonato de cálcio, fazendo com que a saliva fique represada nas glândulas4 e provoque dor e inchaço5.

Os cálculos salivares se formam geralmente dentro do ducto da glândula submandibular6 (ducto de Wharton), menos comumente na glândula parótida7, e raramente na glândula sublingual8 ou numa glândula9 salivar menor.

Quais são as causas da litíase1 das glândulas salivares2?

Não se sabe ao certo o que provoca a formação destas pedras, mas pensa-se que é devido a anormalidades no metabolismo10 do fosfato ou carbonato de cálcio, desidratação11, taxa de fluxo salivar reduzida, acidez alterada da saliva causada por infecções12 orofaríngeas e solubilidade alterada de cristaloides, ou mesmo por se ter uma alimentação insuficiente, o que leva a uma redução da produção de saliva. Além disso, pessoas com gota13 têm mais probabilidade de sofrer de sialolitíase, devido à formação de pedras pela cristalização do ácido úrico.

Outras fontes sugerem uma teoria retrógrada para explicar a formação dos cálculos, em que restos de comida, bactérias ou corpos estranhos da boca14 entram nos dutos de uma glândula9 salivar e são presos por anormalidades no mecanismo do esfíncter15 da abertura do ducto. Os cálculos salivares podem ainda estar associados a outras doenças salivares como, por exemplo, sialadenite (inflamação16 das glândulas salivares2), embora, ao inverso, a sialadenite obstrutiva seja frequentemente uma consequência da sialolitíase (cálculo3 das glândulas salivares2). Alguns cálculos podem ser devidos a traumatismos das glândulas4 ou dos canais de excreção delas.

Leia mais sobre "As funções da saliva", "O que é Papeira", "Síndrome17 de Sjogren" e "Caxumba18".

Qual é o substrato fisiológico19 da litíase1 das glândulas salivares2?

Por vários motivos, a formação de cálculos ocorre mais comumente na glândula submandibular6:

  1. a concentração de cálcio na saliva produzida pela glândula submandibular6 é o dobro daquela da saliva produzida pela glândula parótida7;
  2. a saliva da glândula submandibular6 também é relativamente mais alcalina e mucosa20;
  3. o ducto submandibular é longo, o que significa que as secreções de saliva devem viajar mais antes de serem vertidas na boca14;
  4. o ducto possui duas curvas, a primeira na borda posterior do músculo milo-hioideo e a segunda próxima ao orifício do ducto;
  5. o fluxo de saliva da glândula submandibular6 costuma ser contra a gravidade devido a variações na localização do orifício do ducto;
  6. o orifício de descarga da saliva é menor que o da parótida21.

Todos esses fatores promovem lentidão e estase22 de saliva no ducto submandibular, tornando mais provável a formação de uma obstrução com subsequente calcificação23.

Quais são as características clínicas da litíase1 das glândulas salivares2?

A litíase1 das glândulas salivares2 é comum, sendo responsável por cerca de 50% de todas as doenças que ocorrem nas glândulas salivares2 principais. Cerca de 80% de todos os cálculos das glândulas salivares2 se formam nas glândulas4 submandibulares, mas podem se formar em qualquer uma das demais glândulas salivares2. Pessoas entre 30 e 60 anos têm maior probabilidade de desenvolver sialolitíase, que é mais comum em homens que em mulheres.

Os sintomas24 usuais são dor e inchaço5 da glândula9 salivar afetada, os quais pioram quando o fluxo salivar é estimulado com a visão25, pensamento, cheiro ou sabor da comida, fome ou mastigação e com o ato de engolir, o que é denominado "síndrome17 da hora das refeições". Os sintomas24 podem aparecer e desaparecer ou serem persistentes.

Como o médico diagnostica a litíase1 das glândulas salivares2?

A litíase1 das glândulas salivares2 pode ser diagnosticada através de avaliação clínica, de exame físico e de exames de imagens como tomografia computadorizada26, ultrassonografia27 e sialografia (estudo radiológico das glândulas salivares2 e seus dutos de excreção por meio de contraste iodado).

Como o médico trata a litíase1 das glândulas salivares2?

Se os cálculos forem pequenos, pode ser feito um tratamento conservador, não invasivo e constante de hidratação, compressas de calor úmido, anti-inflamatórios e ingestão de alimentos ou bebidas amargas e/ou azedas pelo paciente para que seja possível aumentar a salivação e promover a expulsão espontânea da pedra em alguns casos.

Se forem maiores, os cálculos têm de ser retirados por cirurgia, por meio de várias técnicas diferentes. Raramente, a remoção da glândula9 pode ser necessária. Isso só é feito em casos de formação recorrente de cálculos ou de suspeita de lesão28 maligna da glândula9. Para prevenir a infecção29 enquanto a pedra está alojada no duto, às vezes são usados antibióticos.

Quais são as complicações possíveis com a litíase1 das glândulas salivares2?

Se o cálculo3 se mover ou crescer de forma a bloquear o ducto da glândula9, os sintomas24 podem piorar, sendo um sinal30 de que a glândula9 está infectando, uma condição chamada sialadenite.

Veja também sobre "Halitose31 ou mau hálito", "Língua32 saburrosa" e "Amígdalas33 hipertrofiadas".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Johns Hopkins Medicine e da U.S. National Library of Medicine.

ABCMED, 2021. Litíase das glândulas salivares. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1388760/litiase-das-glandulas-salivares.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Litíase: Estado caracterizado pela formação de cálculos em diferentes regiões do organismo. A composição destes cálculos e os sintomas que provocam variam de acordo com sua localização no organismo (vesícula biliar, ureter, etc.).
2 Glândulas salivares: As glândulas salivares localizam-se no interior e em torno da cavidade bucal tendo como objetivo principal a produção e a secreção da saliva. São elas: parótidas, submandibulares, sublinguais e várias glândulas salivares menores.
3 Cálculo: Formação sólida, produto da precipitação de diferentes substâncias dissolvidas nos líquidos corporais, podendo variar em sua composição segundo diferentes condições biológicas. Podem ser produzidos no sistema biliar (cálculos biliares) e nos rins (cálculos renais) e serem formados de colesterol, ácido úrico, oxalato de cálcio, pigmentos biliares, etc.
4 Glândulas: Grupo de células que secreta substâncias. As glândulas endócrinas secretam hormônios e as glândulas exócrinas secretam saliva, enzimas e água.
5 Inchaço: Inchação, edema.
6 Glândula Submandibular: Uma de duas glândulas salivares no pescoço, localizada no espaço limitado pelos dois ventres do músculo digástrico e o ângulo da mandíbula; descarrega através do ducto submandibular; as unidades secretoras são predominantemente serosas, embora ocorram alguns alvéolos mucosos, alguns com semilúnios serosos. (Stedman, 25ª ed)
7 Glândula parótida: A maior dos três pares de GLÂNDULAS SALIVARES, que ficam do lado da FACE, imediatamente abaixo e em frente à ORELHA.
8 Glândula Sublingual:
9 Glândula: Estrutura do organismo especializada na produção de substâncias que podem ser lançadas na corrente sangüínea (glândulas endócrinas) ou em uma superfície mucosa ou cutânea (glândulas exócrinas). A saliva, o suor, o muco, são exemplos de produtos de glândulas exócrinas. Os hormônios da tireóide, a insulina e os estrógenos são de secreção endócrina.
10 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
11 Desidratação: Perda de líquidos do organismo pelo aumento importante da freqüência urinária, sudorese excessiva, diarréia ou vômito.
12 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
13 Gota: 1. Distúrbio metabólico produzido pelo aumento na concentração de ácido úrico no sangue. Manifesta-se pela formação de cálculos renais, inflamação articular e depósito de cristais de ácido úrico no tecido celular subcutâneo. A inflamação articular é muito dolorosa e ataca em crises. 2. Pingo de qualquer líquido.
14 Boca: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
15 Esfíncter: Estrutura muscular que contorna um orifício ou canal natural, permitindo sua abertura ou fechamento, podendo ser constituído de fibras musculares lisas e/ou estriadas.
16 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
17 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
18 Caxumba: Também conhecida como parotidite. É uma doença infecciosa imunoprevenível de transmissão respiratória. Causada pelo vírus da caxumba, resulta em manifestações discretas ou é assintomática. Quando ocorrem, as manifestações clínicas mais comuns são febre baixa, dor no corpo, perda de apetite, fadiga e dor de cabeça. Cerca de 30 a 40% dos indivíduos infectados apresentam dor e aumento uni ou bilateral das glândulas salivares (mais comumente, das parótidas). Geralmente tem evolução benigna, é mais comum em crianças e resulta em imunidade permanente. Em alguns casos pode complicar causando meningite, encefalite, surdez, orquite, ooferite, miocardite ou pancreatite.
19 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
20 Mucosa: Tipo de membrana, umidificada por secreções glandulares, que recobre cavidades orgânicas em contato direto ou indireto com o meio exterior.
21 Parótida: A maior das três glândulas salivares pares, situada atrás do arco ascendente do maxilar inferior, sob a orelha.
22 Estase: 1. Estagnação do sangue ou da linfa. 2. Incapacidade de agir; estado de impotência.
23 Calcificação: 1. Ato, processo ou efeito de calcificar(-se). 2. Aplicação de materiais calcíferos básicos para diminuir o grau de acidez dos solos e favorecer seu aproveitamento na agricultura. 3. Depósito de cálcio nos tecidos, que pode ser normal ou patológico. 4. Acúmulo ou depósito de carbonato de cálcio ou de carbonato de magnésio em uma camada de profundidade próxima a do limite de percolação da água no solo, que resulta em certa mobilidade deste e alteração de suas propriedades químicas.
24 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
25 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
26 Tomografia computadorizada: Exame capaz de obter imagens em tons de cinza de “fatias†de partes do corpo ou de órgãos selecionados, as quais são geradas pelo processamento por um computador de uma sucessão de imagens de raios X de alta resolução em diversos segmentos sucessivos de partes do corpo ou de órgãos.
27 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
28 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
29 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
30 Sinal: 1. É uma alteração percebida ou medida por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida. 2. Som ou gesto que indica algo, indício. 3. Dinheiro que se dá para garantir um contrato.
31 Halitose: Halitose ou mau hálito é a exalação de odores desagradáveis oriundos da cavidade bucal ou estômago através da respiração, sendo que em 90% dos casos, a saburra lingual é a causa do problema.
32 Língua:
33 Amígdalas: Designação comum a vários agregados de tecido linfoide, especialmente o que se situa à entrada da garganta; tonsila.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.