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Rubor facial espontâneo

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O que é o rubor facial espontâneo?

O rubor facial espontâneo é uma reação fisiológica1 natural e cotidiana que qualquer pessoa pode experimentar em alguma situação de sua vida. Torna-se um problema apenas quando essa reação é excessiva em intensidade ou frequência, ou ocorre sem que nenhum estímulo externo a cause, constituindo-se então num problema grave que pode levar a pessoa afetada a uma clara limitação em sua vida social ou profissional, com o consequente desconforto psicológico que isso acarreta.

O fato de que o rubor não possa ser controlado voluntariamente e possa ocorrer nos momentos mais indesejados muitas vezes faz com que a pessoa desenvolva um medo ou fobia2 de exibir esse rubor (vermelhidão), o que é chamado de eritrofobia.

Quais são as causas do rubor facial espontâneo?

A vermelhidão no rosto é desencadeada por situações que ativam o sistema de alerta ou é produzida por estímulos físicos ou psicológicos. Ela é uma resposta física comum a sentimentos intensos como estresse, raiva3, constrangimento ou outro estado emocional extremo, que podem fazer com que os vasos sanguíneos4 do rosto se dilatem.

Esta é uma reação normal do sistema nervoso5, mas pode ser agravada se a pessoa tiver uma ansiedade excessiva. Em muitos casos, ao ruborizar-se, a pessoa sente vergonha e, consequentemente, a ansiedade aumenta, gerando mais rubor facial e formando assim um círculo vicioso.

Leia sobre "Rosácea", "Dermatite6 atópica", "Acne7" e "Isotretinoína: prós e contras".

Qual é o substrato fisiopatológico do rubor facial espontâneo?

O rubor na pele8 da face9 ocorre como resultado do aumento do fluxo sanguíneo para a região, em virtude do aumento do diâmetro dos capilares10 da pele8. O diâmetro dos vasos sanguíneos4 das bochechas é mais largo do que em qualquer outro lugar, os vasos estão mais próximos da superfície e há menos espessura do tecido11 que os obscurece. Isso pode explicar por que o rubor ocorre preferentemente nessa área.

Sempre que mais sangue12 flui para uma área da pele8, como as bochechas, por exemplo, dá à pele8 o aspecto “corado”. O sistema nervoso autônomo13 é o promotor dessa dilatação dos vasos sanguíneos4 que deixa a face9 vermelha e quente.

Nas áreas em que ocorre o rubor espontâneo, o controle neurológico do tônus ​vascular é exercido predominantemente por fibras nervosas vasodilatadoras autonômicas. Essas fibras são encontradas nos nervos somáticos que suprem a pele8 afetada, incluindo o nervo trigêmeo14, e como essas fibras nervosas também suprem as glândulas sudoríparas15, o rubor está frequentemente associado à sudorese16.

Quais são as características clínicas do rubor facial espontâneo?

O rubor facial espontâneo é mais uma preocupação social do que um assunto médico. No entanto, outras formas de rubor facial podem resultar também de um problema médico subjacente, como síndrome de Cushing17 ou overdose de niacina, por exemplo, entre muitas outras causas.

Devido ao aumento do fluxo sanguíneo, a pessoa pode sentir calor ao redor do pescoço18, na parte superior do tórax19 ou no rosto. Em tons de pele8 mais claros, esse rubor pode resultar em manchas de vermelhidão mais ostensivas e facilmente visíveis. Em tons de pele8 mais escuros, o rubor pode não resultar em vermelhidão da pele8, mas pode causar descoloração ou escurecimento da área afetada.

Os sintomas20 do rubor espontâneo da face9 são temporários e gerenciáveis ​​pela própria pessoa. Em geral, são de início rápido, com coloração da pele8 no rosto, pescoço18, peito21 ou tronco superior e sensações de calor ou sudorese16 nas áreas afetadas.

O medo dessas situações acontecerem em momentos e locais inconvenientes dá origem a uma acentuada resposta de ansiedade. Dessa forma, os sintomas20 podem ser altamente desagradáveis e embora o rubor facial espontâneo possa parecer um distúrbio psicopatológico menor, ele pode limitar significativamente a vida de algumas pessoas.

A vermelhidão espontânea e incontrolável do rosto geralmente ocorre quando a pessoa experimenta alguma emoção relacionada à vergonha ou ao medo. O fato de corar é imediatamente associado pelas pessoas a sentimentos de vergonha.

Como o médico diagnostica o rubor facial espontâneo?

Não existe um exame específico para identificar o rubor facial espontâneo, mas ele aparece em situações que envolvem fatores emocionais significativos. Isso é reconhecido e relatado pela própria pessoa, que também sente calor na face9. A acentuação avermelhada da face9 pode ser facilmente visível para as outras pessoas.

Como o médico trata o rubor facial espontâneo?

Com o tempo, o rubor facial espontâneo costuma desaparecer sozinho. No entanto, para tratá-lo, o médico pode sugerir uma psicoterapia cognitivo22-comportamental, se o rubor for causado principalmente por fatores emocionais, e medicamentos para ajudar a reduzir a ansiedade ou para tratar uma condição subjacente, se houver.

Do ponto de vista psicológico, o profissional trabalha sobre os pensamentos e as atribuições ou interpretações que o paciente faz de seus sintomas20 para refutar suas crenças errôneas, pois tais crenças repercutem na intensidade dos sintomas20 que apresenta. Ademais, técnicas para o manejo e controle da ansiedade são ensinadas ao paciente e é realizado um programa de exposição gradual às situações temidas.

Veja também sobre "O que são fobias23", "Tipos comuns de fobias23", "Neurose24" e "Paranoia".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Cleveland Clinic e da Mayo Clinic.

ABCMED, 2022. Rubor facial espontâneo. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1419520/rubor-facial-espontaneo.htm>. Acesso em: 13 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Fisiológica: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
2 Fobia: Medo exagerado, falta de tolerância, aversão.
3 Raiva: 1. Doença infecciosa freqüentemente mortal, transmitida ao homem através da mordida de animais domésticos e selvagens infectados e que produz uma paralisia progressiva juntamente com um aumento de sensibilidade perante estímulos visuais ou sonoros mínimos. 2. Fúria, ódio.
4 Vasos Sanguíneos: Qualquer vaso tubular que transporta o sangue (artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias).
5 Sistema nervoso: O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal e a porção periférica está constituída pelos nervos cranianos e espinhais, pelos gânglios e pelas terminações nervosas.
6 Dermatite: Inflamação das camadas superficiais da pele, que pode apresentar-se de formas variadas (dermatite seborreica, dermatite de contato...) e é produzida pela agressão direta de microorganismos, substância tóxica ou por uma resposta imunológica inadequada (alergias, doenças auto-imunes).
7 Acne: Doença de predisposição genética cujas manifestações dependem da presença dos hormônios sexuais. As lesões começam a surgir na puberdade, atingindo a maioria dos jovens de ambos os sexos. Os cravos e espinhas ocorrem devido ao aumento da secreção sebácea associada ao estreitamento e obstrução da abertura do folículo pilosebáceo, dando origem aos comedões abertos (cravos pretos) e fechados (cravos brancos). Estas condições favorecem a proliferação de microorganismos que provocam a inflamação característica das espinhas, sendo o Propionibacterium acnes o agente infeccioso mais comumente envolvido.
8 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
9 Face: Parte anterior da cabeça que inclui a pele, os músculos e as estruturas da fronte, olhos, nariz, boca, bochechas e mandíbula.
10 Capilares: Minúsculos vasos que conectam as arteríolas e vênulas.
11 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
12 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
13 Sistema nervoso autônomo: Parte do sistema nervoso que controla funções como respiração, circulação do sangue, controle de temperatura e da digestão.
14 Nervo Trigêmeo: O quinto e maior nervo craniano. O nervo trigêmeo é um nervo misto, composto de uma parte motora e sensitiva. A parte sensitiva, maior, forma os nervos oftálmico, mandibular e maxilar que transportam fibras aferentes sensitivas de estímulos internos e externos provenientes da pele, músculos e junturas da face e boca, e dentes. A maioria destas fibras se originam de células do gânglio trigeminal e projetam para o núcleo do trigêmeo no tronco encefálico. A parte motora, menor, nasce do núcleo motor do trigêmeo no tronco encefálico e inerva os músculos da mastigação. Sinônimos: V Nervo Craniano; V Par Craniano; Nervo Craniano V; Quinto Nervo Craniano
15 Glândulas sudoríparas: As glândulas sudoríparas são glândulas responsáveis pela produção e transporte do suor, atuando como regulador térmico. São constituídas por um fino e longo tubo que no início se enovela, chamado corpo da glândula. O suor é composto de água, sais minerais e um pouco de ureia e é drenado pelo ducto das glândulas sudoríparas.
16 Sudorese: Suor excessivo
17 Síndrome de Cushing: A síndrome de Cushing, hipercortisolismo ou hiperadrenocortisolismo, é um conjunto de sinais e sintomas que indicam excesso de cortisona (hormônio) no sangue. Esse hormônio é liberado pela glândula adrenal (também conhecida como suprarrenal) em resposta à liberação de ACTH pela hipófise no cérebro. Níveis elevados de cortisol (ou cortisona) também podem ocorrer devido à administração de certos medicamentos, como hormônios glicocorticoides. A síndrome de Cushing e a doença de Cushing são muito parecidas, já que o que a causa de ambas é o elevado nível de cortisol no sangue. O que difere é a origem dessa elevação. A doença de Cushing diz respeito, exclusivamente, a um tumor na hipófise que passa a secretar grande quantidade de ACTH e, consequentemente, há um aumento na liberação de cortisol pelas adrenais. Já a síndrome de Cushing pode ocorrer, por exemplo, devido a um tumor presente nas glândulas suprarrenais ou pela administração excessiva de corticoides.
18 Pescoço:
19 Tórax: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original Sinônimos: Peito; Caixa Torácica
20 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
21 Peito: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original
22 Cognitivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
23 Fobias: Medo exagerado, falta de tolerância, aversão.
24 Neurose: Doença psiquiátrica na qual existe consciência da doença. Caracteriza-se por ansiedade, angústia e transtornos na relação interpessoal. Apresenta diversas variantes segundo o tipo de neurose. Os tipos mais freqüentes são a neurose obsessiva, depressiva, maníaca, etc., podendo apresentar-se em combinação.
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