Fasciíte necrosante
O que é fáscia1?
Fáscia1 é a membrana de tecido conjuntivo2 fibroso que envolve os músculos3, grupos musculares, vasos sanguíneos4 e nervos. As fáscias são estruturas passivas que transmitem as tensões mecânicas geradas pelos músculos3, cuja função é diminuir a fricção entre eles e permitir que deslizem mais facilmente uns sobre os outros. Os tendões5 que ligam os músculos3 aos ossos são, na verdade, resultantes das reuniões das diversas fáscias que envolvem os músculos3 (fáscia superficial6) e os fascículos musculares (fáscias profundas).
O que é fasciíte necrosante7?
A fasciíte necrosante7 é uma infecção8 inflamatória bacteriana grave, rapidamente progressiva, que afeta as fáscias musculares e que resulta na necrose9 secundária dos tecidos subcutâneos, possuindo alto grau de mortalidade10.
As bactérias penetram nas camadas mais profundas da pele11 e tecidos subcutâneos, espalhando-se rapidamente pelas fáscias superficiais e tecido subcutâneo12. A fasciíte necrosante7 também costuma ser conhecida como gangrena13 estreptocócica hemolítica, úlcera14 de Meleney, gangrena13 dérmica aguda, gangrena13 hospitalar, fasciíte supurativa e celulite15 necrosante7 sinergística.
Quais são as causas da fasciíte necrosante7?
A fasciíte necrosante7 é causada por muitos tipos de bactérias, geralmente Gram positivas e anaeróbicas facultativas (Streptococcus beta-hemolíticos, sobretudo, em cerca de 1/3 dos casos), as quais entram no corpo através de cortes, perfurações ou queimaduras na pele11, que não tenham sido imediatamente desinfectados. Entre 55 e 80% dos casos envolvem mais de um tipo de bactéria16: Staphylococcus aureus, Víbrio vulnificus, Clostridium perfringens, Bacteroides fragilis, Aeromonas hydrophila, etc.
Os fatores de risco incluem função imunológica deficiente, diabetes17, câncer18, obesidade19, uso de drogas intravenosas, alcoolismo e doença vascular periférica20. A fasciíte necrosante7 não passa de uma pessoa a outra.
Qual é o mecanismo fisiológico21 da fasciíte necrosante7?
A fasciíte necrosante7 é causada por "bactérias carnívoras", isto é, que desfazem o tecido22 orgânico. A patogênese23 da fasciíte necrosante7 parece ser devida à simbiose24 e à sinergia multibacteriana. O Streptococcus beta-hemolítico foi identificado como uma das principais causas, mas essa infecção8 microbiana está associada a uma outra condição subjacente, como diabetes17, doença vascular25 aterosclerótica ou insuficiência26 venosa com edema27.
Leia sobre "Bactérias Gram-positivas e Gram-negativas", "Doença arterial periférica" e "Edema27".
Quais são as principais características clínicas da fasciíte necrosante7?
A fasciíte necrosante7 afeta de 0,4 a 1,0 pessoa de ambos os sexos por 100.000 habitantes/ano. É mais comum entre pessoas mais idosas e rara em crianças. Cerca de uma hora após a infecção8, começam a aparecer dor e vermelhidão locais, sem margens claras e que inflamam e aumentam a cada hora, ficando mais vermelhas e roxas, formando bolhas amarelas e gangrenando.
Eventualmente, o centro da infecção8 para de doer, porque o tecido nervoso28 é destruído, enquanto a dor nas bordas se torna cada vez mais ampla e intensa. Algumas horas depois, a necrose9 na pele11 pode se tornar visível, mas as partes subcutâneas afetadas são muito mais amplas que as visíveis.
A fasciíte necrosante7 pode causar dor, febre29, náuseas30 e vômitos31. Músculos3 e vasos sanguíneos4 também podem ser afetados e danificados ou destruídos. O excesso de toxinas32 de Streptococcus pode causar insuficiência renal33 e síndrome34 do choque35 tóxico. As áreas mais comumente afetadas são os membros inferiores e o períneo36.
Como o médico diagnostica a fasciíte necrosante7?
O reconhecimento da fasciíte necrosante7 pode ser feito com facilidade pela observação direta das lesões37 típicas. Um diferencial deve ser feito com celulite15 infecciosa, gangrena13 gasosa, infecções38 perineais e síndrome34 de choque35 tóxico, entre outras condições.
Radiografias simples podem mostrar o gás que pode estar presente em outras condições patológicas e por isso não têm valor no diagnóstico39 preciso. A tomografia computadorizada40 pode identificar o local anatômico do envolvimento, demonstrando necrose9 com espessamento fascial assimétrico e a presença de gás nos tecidos.
Saiba mais sobre "Insuficiência renal33", "Celulite15 infecciosa", "Gangrena13 gasosa" e "Necrose9".
Como o médico trata a fasciíte necrosante7?
Deve ser feito debridamento41 cirúrgico imediato, com remoção do tecido22 necrosado e áreas infectadas, e administradas altas doses de antibióticos. Como as toxinas32 bacterianas dificultam o acesso dos antibióticos às partes afetadas, podem ser necessárias amputações de membros, em casos graves.
Como evolui a fasciíte necrosante7?
A mortalidade10 relatada em pacientes com fasciíte necrosante7 varia de 20 a 80%, em vários estudos, dependendo do elemento patógeno envolvido, das características do paciente, do local da infecção8 e da prontidão do tratamento.
Como prevenir a fasciíte necrosante7?
A fasciíte necrosante7 pode ser prevenida com a limpeza de feridas com um bactericida e bandagens limpas.
Quais são as complicações possíveis da fasciíte necrosante7?
As complicações da fasciíte necrosante7 podem incluir insuficiência renal33, choque35 séptico com colapso42 cardiovascular, cicatrizes43 com deformidade cosmética, perda de membros por amputações, sepse44 e síndrome34 do choque35 tóxico. Placas45 cutâneas46 metastáticas podem ocorrer na fasciíte necrosante7. A septicemia47 é típica e leva a toxicidade48 sistêmica grave e morte rápida, a menos que adequada e rapidamente tratada.
Veja também sobre "Septicemia47", "Choque35 séptico", "Flebite49", "Varizes50" e "Pernas inchadas".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.