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O que é gangrena gasosa ou mionecrose?

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O que é gangrena1 gasosa?

A gangrena1 gasosa (mionecrose2 ou edema3 maligno) é uma forma grave de gangrena1, com necrose4 do músculo, e constitui sempre uma emergência5 médica. É uma infecção6 que progride rapidamente, destruindo os músculos7 em razão de sua toxicidade8, e pode causar a morte.

Quais são as causas da gangrena1 gasosa?

A gangrena1 gasosa é uma infecção6 causada por bactérias do gênero Clostridium, especialmente o Clostridium perfringens e o Clostridium novyi, que produzem exotoxinas9 e gases. Pessoas com diabetes10, aterosclerose11 ou câncer12 do cólon13, por exemplo, são mais vulneráveis a desenvolver essa infecção6. Geralmente ocorre após algum ferimento na pele14 ou nas membranas mucosas15, cirurgias, punções venosas, deficiência dos vasos ou infecção6 decorrente de outros microrganismos.

Qual é a fisiopatologia16 da gangrena1 gasosa?

As bactérias do gênero Clostridium, causadoras da gangrena1 gasosa, contam com cerca de 150 espécies. Essas bactérias vivem normalmente no corpo humano17, alojadas no intestino, e podem tornar-se patogênicas em certas ocasiões. Em 80% dos casos, a doença é causada pelo Clostridium perfringens. Essa bactéria18, em condições anaeróbicas (sem oxigênio), produzem toxinas19 que causam necrose4 e os sintomas20 associados. Ela faz parte da flora normal do intestino, só causando problema quando infecta outras regiões.

As espécies de Clostridium produzem diversos tipos de toxinas19, que causam necrose4 tecidual, destruição dos glóbulos vermelhos do sangue21, diminuição da circulação22 local devido à vasoconstrição23 e aumento da permeabilidade24 vascular25. A gangrena1 gasosa ocorre em locais traumatizados ou em feridas cirúrgicas recentes. As toxinas19 produzidas pelas bactérias são responsáveis tanto pela destruição dos tecidos locais, como pelos sintomas20 gerais. Quatro delas são, inclusive, fatais.

Quais são os principais sinais26 e sintomas20 da gangrena1 gasosa?

A gangrena1 gasosa se inicia repentinamente, evolui de forma rápida e tem caráter grave. Começa apresentando um inchaço27 tecidual no local da infecção6, extremamente doloroso e crepitante28, o que revela a presença de gás no tecido29. A área infectada expande-se em poucos minutos e as alterações se fazem visíveis.

Os sintomas20 sistêmicos30 que se manifestam desde o início consistem em sudorese31, febre32, ansiedade, dificuldade para respirar, perda de peso, palidez, enfraquecimento e coloração amarelada na pele14. O tecido29 afetado fica completamente destruído.

Se o quadro evolui sem tratamento, manifestam-se choque33, queda da pressão arterial34, insuficiência renal35, coma36 e morte.

Há também mau cheiro, em virtude do gás acumulado e da putrefação da matéria orgânica. As toxinas19 produzidas por algumas espécies de Clostridium levam o paciente à confusão mental, perturbação respiratória, emagrecimento rápido, palidez, pulso intermitente37 e coloração amarelada.

Como o médico diagnostica a gangrena1 gasosa?

O diagnóstico38 da gangrena1 gasosa pode ser feito pela visualização direta do edema3, pelo relato dos sintomas20, pela captação de sinais26 como descoloração do tecido29, vesículas39 hemorrágicas40, evidência de gás no tecido29 ou por meio de verificação das bactérias ao microscópio, com a retirada de substância do processo inflamatório. Exames de sangue21 podem ajudar no diagnóstico38.

Como o médico trata a gangrena1 gasosa?

A gangrena1 gasosa deve ser tratada através de debridamento41 cirúrgico, em que se retira todo tecido29 necrosado o que, por vezes, pode envolver necessidade de amputações. Ao mesmo tempo, devem ser administradas altas doses venosas de potentes antibióticos e serem dadas doses de fortes analgésicos42. O tratamento pode ser complementado com oxigenioterapia hiperbárica43 (inalação de oxigênio a uma pressão maior que a pressão ambiente), para inibir o crescimento das bactérias anaeróbicas.

Como evitar a gangrena1 gasosa?

As feridas, principalmente nas mãos44 e pés, devem ser tratadas para evitar a maior penetração das bactérias causadoras da gangrena1 gasosa. Além de tratar esses ferimentos com medicamentos, é importante higienizar e limpar sempre os ferimentos. Pacientes com sistema imunológico45 debilitado ou com diabetes10, por exemplo, estão mais sujeitos a contrair a bactéria18 causadora da gangrena1 gasosa, portanto, é preciso um cuidado especial nesses casos. Em algumas ocasiões o uso de antibióticos pode ajudar na prevenção da infecção6.

ABCMED, 2015. O que é gangrena gasosa ou mionecrose?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/813514/o-que-e-gangrena-gasosa-ou-mionecrose.htm>. Acesso em: 24 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Gangrena: Morte de um tecido do organismo. Na maioria dos casos é causada por ausência de fluxo sangüíneo ou infecção. Pode levar à amputação do local acometido.
2 Mionecrose: Necrose muscular
3 Edema: 1. Inchaço causado pelo excesso de fluidos no organismo. 2. Acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo, especialmente no tecido conjuntivo.
4 Necrose: Conjunto de processos irreversíveis através dos quais se produz a degeneração celular seguida de morte da célula.
5 Emergência: 1. Ato ou efeito de emergir. 2. Situação grave, perigosa, momento crítico ou fortuito. 3. Setor de uma instituição hospitalar onde são atendidos pacientes que requerem tratamento imediato; pronto-socorro. 4. Eclosão. 5. Qualquer excrescência especializada ou parcial em um ramo ou outro órgão, formada por tecido epidérmico (ou da camada cortical) e um ou mais estratos de tecido subepidérmico, e que pode originar nectários, acúleos, etc. ou não se desenvolver em um órgão definido.
6 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
7 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
8 Toxicidade: Capacidade de uma substância produzir efeitos prejudiciais ao organismo vivo.
9 Exotoxinas: Toxinas segregadas por uma bactéria que atuam à distância e independente dela.
10 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
11 Aterosclerose: Tipo de arteriosclerose caracterizado pela formação de placas de ateroma sobre a parede das artérias.
12 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
13 Cólon:
14 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
15 Mucosas: Tipo de membranas, umidificadas por secreções glandulares, que recobrem cavidades orgânicas em contato direto ou indireto com o meio exterior.
16 Fisiopatologia: Estudo do conjunto de alterações fisiológicas que acontecem no organismo e estão associadas a uma doença.
17 Corpo humano: O corpo humano é a substância física ou estrutura total e material de cada homem. Ele divide-se em cabeça, pescoço, tronco e membros. A anatomia humana estuda as grandes estruturas e sistemas do corpo humano.
18 Bactéria: Organismo unicelular, capaz de auto-reproduzir-se. Existem diferentes tipos de bactérias, classificadas segundo suas características de crescimento (aeróbicas ou anaeróbicas, etc.), sua capacidade de absorver corantes especiais (Gram positivas, Gram negativas), segundo sua forma (bacilos, cocos, espiroquetas, etc.). Algumas produzem infecções no ser humano, que podem ser bastante graves.
19 Toxinas: Substâncias tóxicas, especialmente uma proteína, produzidas durante o metabolismo e o crescimento de certos microrganismos, animais e plantas, capazes de provocar a formação de anticorpos ou antitoxinas.
20 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
21 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
22 Circulação: 1. Ato ou efeito de circular. 2. Facilidade de se mover usando as vias de comunicação; giro, curso, trânsito. 3. Movimento do sangue, fluxo de sangue através dos vasos sanguíneos do corpo e do coração.
23 Vasoconstrição: Diminuição do diâmetro dos vasos sanguíneos.
24 Permeabilidade: Qualidade dos corpos que deixam passar através de seus poros outros corpos (fluidos, líquidos, gases, etc.).
25 Vascular: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
26 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
27 Inchaço: Inchação, edema.
28 Crepitante: Que crepita, que estala, que produz estalos ou estalidos por ação do fogo ou da brasa.
29 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
30 Sistêmicos: 1. Relativo a sistema ou a sistemática. 2. Relativo à visão conspectiva, estrutural de um sistema; que se refere ou segue um sistema em seu conjunto. 3. Disposto de modo ordenado, metódico, coerente. 4. Em medicina, é o que envolve o organismo como um todo ou em grande parte.
31 Sudorese: Suor excessivo
32 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
33 Choque: 1. Estado de insuficiência circulatória a nível celular, produzido por hemorragias graves, sepse, reações alérgicas graves, etc. Pode ocasionar lesão celular irreversível se a hipóxia persistir por tempo suficiente. 2. Encontro violento, com impacto ou abalo brusco, entre dois corpos. Colisão ou concussão. 3. Perturbação brusca no equilíbrio mental ou emocional. Abalo psíquico devido a uma causa externa.
34 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
35 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
36 Coma: 1. Alteração do estado normal de consciência caracterizado pela falta de abertura ocular e diminuição ou ausência de resposta a estímulos externos. Pode ser reversível ou evoluir para a morte. 2. Presente do subjuntivo ou imperativo do verbo “comer.“
37 Intermitente: Nos quais ou em que ocorrem interrupções; que cessa e recomeça por intervalos; intervalado, descontínuo. Em medicina, diz-se de episódios de febre alta que se alternam com intervalos de temperatura normal ou cujas pulsações têm intervalos desiguais entre si.
38 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
39 Vesículas: Lesões papulares preenchidas com líquido claro.
40 Hemorrágicas: Relativo à hemorragia, ou seja, ao escoamento de sangue para fora dos vasos sanguíneos.
41 Debridamento: 1. Debridamento ou desbridamento é o ato ou efeito de soltar(-se) da brida ou bridão (o animal). 2. Em medicina, é a retirada de tecido desvitalizado ou de corpo estranho de uma ferida.
42 Analgésicos: Grupo de medicamentos usados para aliviar a dor. As drogas analgésicas incluem os antiinflamatórios não-esteróides (AINE), tais como os salicilatos, drogas narcóticas como a morfina e drogas sintéticas com propriedades narcóticas, como o tramadol.
43 Hiperbárica: 1. Superior à pressão atmosférica. Que utiliza um ou mais gases, geralmente entre eles está o oxigênio, sob uma pressão superior à normal. 2. Em medicina, significa de peso específico maior que o do líquido cerebrospinal (diz-se de solução anestésica ou de qualquer outro produto aplicado à medula espinhal).
44 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
45 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
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