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Diarreia aguda do lactente

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O que é diarreia1 aguda do lactente2?

A diarreia1 aguda do lactente2 é uma condição comum em bebês3 e crianças pequenas, caracterizada pela eliminação de fezes líquidas ou muito amolecidas, com frequência aumentada, por até 14 dias.

No Brasil, a diarreia1 foi a segunda maior causa de mortalidade infantil4 em 1980, representando 24,3% dos óbitos. Em 2005, caiu para a quarta posição, sendo responsável por 4,1% dos óbitos, e esses índices continuaram caindo desde então. Essa redução deve-se à disseminação de princípios fundamentais para a prevenção e o tratamento da diarreia1 aguda e desidratação5, como medidas de higiene adequada, cuidados alimentares e a terapia de reidratação oral.

Quais são as causas da diarreia1 aguda do lactente2?

A diarreia1 aguda do lactente2 pode ser causada por infecções6 (virais, bacterianas, fúngicas7 ou parasitárias), intolerância alimentar, ou pelo uso de antibióticos. A maioria dos casos é de origem viral, como rotavírus, coronavírus, adenovírus, calicivírus e astrovírus. Bactérias (especialmente E. coli), parasitas (como Entamoeba histolytica, Giardia lamblia e Cryptosporidium) e fungos (como Candida albicans) também podem ser responsáveis. Em pacientes com imunossupressão8 ou em antibioticoterapia prolongada, outros agentes, como Klebsiella, Pseudomonas, C. difficile e HIV9, podem estar envolvidos.

Outras causas incluem alergia10 ao leite de vaca, deficiência de lactase, apendicite11 aguda, uso de laxantes12 e intoxicação por metais pesados. A invaginação intestinal deve ser considerada no diagnóstico13 diferencial da disenteria aguda.

Leia sobre "Diarreia1 aguda", "Desidratação5", "Soro14 caseiro" e "Distúrbios hidroeletrolíticos".

Qual é o substrato fisiopatológico da diarreia1 aguda do lactente2?

A diarreia1 aguda no lactente2 resulta de um desequilíbrio entre a absorção e a secreção de água e eletrólitos15 no intestino. Vírus16 podem danificar as células17 da mucosa intestinal18, levando à destruição das vilosidades e à diminuição da absorção de água e nutrientes. As bactérias podem liberar toxinas19 que aumentam a secreção de água e eletrólitos15 ou causar danos diretos à mucosa20. Parasitas como Giardia lamblia interferem na absorção de nutrientes.

Além disso, o sistema imunológico21 imaturo do lactente2 aumenta sua suscetibilidade a infecções6 intestinais, e a motilidade intestinal acelerada pode reduzir o tempo de absorção de água e nutrientes. A introdução precoce de alimentos sólidos ou a substituição inadequada do leite materno também podem causar desequilíbrios que resultam em diarreia1.

Quais são as características clínicas da diarreia1 aguda do lactente2?

Os sinais22 clínicos incluem fezes líquidas ou semilíquidas, aumento da frequência das evacuações e risco significativo de desidratação5, evidenciado por boca23 seca, choro sem lágrimas, diminuição da diurese24, irritabilidade ou letargia25 e fontanela26 deprimida. Vômitos27, febre28 e desconforto abdominal, como cólicas29, são comuns.

Em infecções6 bacterianas ou condições mais graves pode haver muco ou sangue30 nas fezes. O lactente2 pode apresentar recusa alimentar devido ao desconforto abdominal ou mal-estar.

Como o médico diagnostica a diarreia1 aguda do lactente2?

O diagnóstico13 de diarreia1 aguda em lactentes31, em muitos casos, é feito com base na história clínica e exame físico. O médico avalia o tempo de duração da diarreia1, a frequência e a consistência das fezes, presença de muco ou sangue30, odor, sinais22 de desidratação5, febre28, vômitos27, perda de apetite e desconforto abdominal.

Exames de fezes para identificar patógenos (bactérias, vírus16 ou parasitas) são solicitados conforme necessário. Em casos mais graves ou suspeita de desidratação5 significativa, exames de sangue30 podem ser indicados.

Como tratar a diarreia1 aguda do lactente2?

O tratamento envolve manter a alimentação habitual para crianças não desidratadas e continuar o aleitamento materno32. Em casos de desidratação5, a reposição de fluidos com soluções de reidratação oral é essencial. Após a reidratação, retoma-se a dieta normal.

A maioria das crianças tolera bem produtos lácteos, salvo em casos de alergia10 ao leite de vaca e intolerância à lactose33. Alimentos ricos em carboidratos complexos, carnes magras, iogurtes, frutas e vegetais são recomendados, enquanto alimentos gordurosos devem ser evitados. Bebidas esportivas e sucos de fruta concentrados devem ser evitados devido ao alto teor de açúcar34 e desequilíbrio de eletrólitos15.

A reidratação oral é preferida para casos leves a moderados; para desidratação5 severa, avaliação médica é fundamental, podendo ser necessária a administração intravenosa de fluidos.

Veja também sobre "Exame parasitológico de fezes", "Amebíase" e "Ascaridíase".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Sociedade Brasileira de Pediatria - SBP, do National Institutes of Health - NIH e da Johns Hopkins Medicine.

ABCMED, 2024. Diarreia aguda do lactente. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-da-crianca/1476885/diarreia-aguda-do-lactente.htm>. Acesso em: 6 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Diarréia: Aumento do volume, freqüência ou quantidade de líquido nas evacuações.Deve ser a manifestação mais freqüente de alteração da absorção ou transporte intestinal de substâncias, alterações estas que em geral são devidas a uma infecção bacteriana ou viral, a toxinas alimentares, etc.
2 Lactente: Que ou aquele que mama, bebê. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
3 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
4 Mortalidade Infantil: A taxa de mortalidade infantil é o quociente entre os óbitos de menores de um ano ocorridos em uma determinada unidade geográfica e período de tempo, e os nascidos vivos da mesma unidade nesse período, segundo a fórmula: Taxa de Mortalidade Infantil = (Óbitos de Menores de 1 ano / Nascidos Vivos) x 1.000
5 Desidratação: Perda de líquidos do organismo pelo aumento importante da freqüência urinária, sudorese excessiva, diarréia ou vômito.
6 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
7 Fúngicas: Relativas à ou produzidas por fungo.
8 Imunossupressão: Supressão das reações imunitárias do organismo, induzida por medicamentos (corticosteroides, ciclosporina A, etc.) ou agentes imunoterápicos (anticorpos monoclonais, por exemplo); que é utilizada em alergias, doenças autoimunes, etc. A imunossupressão é impropriamente tomada por alguns como sinônimo de imunodepressão.
9 HIV: Abreviatura em inglês do vírus da imunodeficiência humana. É o agente causador da AIDS.
10 Alergia: Reação inflamatória anormal, perante substâncias (alérgenos) que habitualmente não deveriam produzi-la. Entre estas substâncias encontram-se poeiras ambientais, medicamentos, alimentos etc.
11 Apendicite: Inflamação do apêndice cecal. Manifesta-se por abdome agudo, e requer tratamento cirúrgico. Sua complicação mais freqüente é a peritonite aguda.
12 Laxantes: Medicamentos que tratam da constipação intestinal; purgantes, purgativos, solutivos.
13 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
14 Soro: Chama-se assim qualquer líquido de características cristalinas e incolor.
15 Eletrólitos: Em eletricidade, é um condutor elétrico de natureza líquida ou sólida, no qual cargas são transportadas por meio de íons. Em química, é uma substância que dissolvida em água se torna condutora de corrente elétrica.
16 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
17 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
18 Mucosa Intestinal: Revestimento dos INTESTINOS, consistindo em um EPITÉLIO interior, uma LÂMINA PRÓPRIA média, e uma MUSCULARIS MUCOSAE exterior. No INTESTINO DELGADO, a mucosa é caracterizada por várias dobras e muitas células absortivas (ENTERÓCITOS) com MICROVILOSIDADES.
19 Toxinas: Substâncias tóxicas, especialmente uma proteína, produzidas durante o metabolismo e o crescimento de certos microrganismos, animais e plantas, capazes de provocar a formação de anticorpos ou antitoxinas.
20 Mucosa: Tipo de membrana, umidificada por secreções glandulares, que recobre cavidades orgânicas em contato direto ou indireto com o meio exterior.
21 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
22 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
23 Boca: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
24 Diurese: Diurese é excreção de urina, fenômeno que se dá nos rins. É impróprio usar esse termo na acepção de urina, micção, freqüência miccional ou volume urinário. Um paciente com retenção urinária aguda pode, inicialmente, ter diurese normal.
25 Letargia: Em psicopatologia, é o estado de profunda e prolongada inconsciência, semelhante ao sono profundo, do qual a pessoa pode ser despertada, mas ao qual retorna logo a seguir. Por extensão de sentido, é a incapacidade de reagir e de expressar emoções; apatia, inércia e/ou desinteresse.
26 Fontanela: Na anatomia geral, é um espaço membranoso entre os ossos do crânio que ainda não se encontra ossificado quando do nascimento do bebê; fontículo ou moleira. Na anatomia zoológica, é uma depressão rasa e pálida da cabeça de certos cupins; fenestra.
27 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
28 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
29 Cólicas: Dor aguda, produzida pela dilatação ou contração de uma víscera oca (intestino, vesícula biliar, ureter, etc.). Pode ser de início súbito, com exacerbações e períodos de melhora parcial ou total, nos quais o paciente pode estar sentindo-se bem ou apresentar dor leve.
30 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
31 Lactentes: Que ou aqueles que mamam, bebês. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
32 Aleitamento Materno: Compreende todas as formas do lactente receber leite humano ou materno e o movimento social para a promoção, proteção e apoio à esta cultura. Toda mulher após o parto tem produção de leite - lactação; mas, infelizmente nem todas amamentam.
33 Lactose: Tipo de glicídio que possui ligação glicosídica. É o açúcar encontrado no leite e seus derivados. A lactose é formada por dois carboidratos menores, chamados monossacarídeos, a glicose e a galactose, sendo, portanto, um dissacarídeo.
34 Açúcar: 1. Classe de carboidratos com sabor adocicado, incluindo glicose, frutose e sacarose. 2. Termo usado para se referir à glicemia sangüínea.
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