Características do retardo puberal
O que é retardo puberal?
O retardo puberal, também denominado às vezes de puberdade atrasada, puberdade tardia ou puberdade retardada, refere-se a um atraso no início da puberdade (transição entre a infância e a idade adulta) e das suas manifestações características.
A idade de início da puberdade é diferente em cada pessoa, sendo mais cedo em umas e mais tarde em outras. Dessa maneira, só se deve considerar retardo puberal quando esse tempo discrepa muito do esperado, tornando-se uma situação atípica e rara, ou quando ele é acompanhado de sintomas1.
O que é puberdade normal?
A puberdade normal é um período de desenvolvimento durante o qual ocorrem mudanças significativas no corpo e na mente da pessoa, marcando a transição da infância para a idade adulta. Esse processo é desencadeado pela ativação hormonal, que leva a uma série de transformações físicas e emocionais.
As mudanças típicas da puberdade incluem o desenvolvimento dos órgãos sexuais, o crescimento de pelos pubianos e axilares, o aumento da estatura, o desenvolvimento das mamas2 nas meninas, alterações da voz nos meninos, entre outros elementos. Além das mudanças físicas, a puberdade também está associada a alterações emocionais e sociais, como o desenvolvimento da identidade, a busca por autonomia e a formação de relações interpessoais mais maduras.
Nas meninas, a puberdade começa entre 8 e 13 anos de idade e dura cerca de 4 anos. Nos meninos, a puberdade começa entre 9 e 14 anos de idade e dura cerca de 4 a 6 anos. Além da idade de início, o ritmo de progressão do surgimento dos caracteres sexuais secundários também merece atenção, sendo que um período de desenvolvimento superior a 3,5-5 anos recomenda investigação clínica.
Leia sobre "Crises da adolescência", "Ginecomastia3", "Menarca4" e "Crescimento infantil5 - Quanto cresce uma criança".
Quais são as causas do retardo puberal?
Existem várias razões para o retardo puberal, incluindo fatores genéticos, desnutrição6, distúrbios hormonais, radioterapia7 ou quimioterapia8, condições médicas crônicas, tumores, prática excessiva de exercícios e até mesmo questões emocionais e estresse. Esses fatores, em geral, atuam desfavoravelmente sobre o eixo hipófise9-hipotálamo10-gônadas11.
A presença de baixa estatura entre membros da família pode indicar um padrão hereditário de retardo puberal. Em alguns casos, o retardo puberal pode ser uma variação normal do desenvolvimento e não indicar necessariamente um problema de saúde12.
Qual é o substrato fisiopatológico do retardo puberal?
A fisiopatologia13 do retardo puberal pode ser complexa e envolver vários elementos. Em alguns casos, o atraso no desenvolvimento puberal pode ser simplesmente uma variação constitucional e não implicar uma fisiopatologia13 específica.
Em outros casos, o funcionamento do eixo hipotálamo10-hipófise9, que controla a produção de hormônios, pode estar afetado e não funcionar na sua integridade normal, levando a deficiência de gonadotrofinas (hormônios que estimulam as gônadas11), deficiência de hormônios sexuais e do crescimento, ou condições que afetam diretamente os ovários14 ou testículos15.
Ademais, o sistema endócrino16 pode ter seu funcionamento normal alterado pela exposição a substâncias tóxicas ou por fatores emocionais.
Quais são as características clínicas do retardo puberal?
Nem sempre o retardo puberal é patológico, e pode representar uma variação normal do desenvolvimento. No entanto, uma avaliação médica é crucial para determinar que não haja condições médicas sérias envolvidas. As características clínicas do retardo puberal podem variar, mas geralmente incluem:
- um atraso significativo no crescimento em relação aos pares da mesma idade;
- ausência ou desenvolvimento incompleto de características sexuais secundárias, como crescimento de pelos pubianos e axilares, desenvolvimento mamário nas meninas e aumento do tamanho dos testículos15 nos meninos;
- retardo na fusão das epífises17 ósseas;
- ausência de menstruação18 em meninas após a idade esperada;
- e, em alguns casos, testículos15 não descidos nos meninos (criptorquidia19).
Apesar do atraso no desenvolvimento sexual, os adolescentes com retardo puberal apresentam um exame físico normal, com características infantis.
Como o médico diagnostica o retardo puberal?
Uma primeira aproximação diagnóstica do retardo puberal pode ser feita pela mera observação física. Uma avaliação mais aprofundada da questão envolve uma cuidadosa história clínica, exame físico e testes laboratoriais para avaliar os níveis hormonais.
Quando ocorre a suspeita de retardo puberal, o diagnóstico20 de certeza é feito pela medição dos hormônios gonadais testosterona e/ou estradiol, hormônio21 luteinizante, hormônio21 folículo22-estimulante, além de estudos de imagens e exames genéticos.
Veja também sobre "Hiperplasia23 adrenal congênita24", "Síndrome25 de Turner" e "Ovários14 policísticos".
Como o médico trata o retardo puberal?
No caso do retardo puberal constitucional, o tratamento com medicamentos geralmente não é necessário. Quando necessário, o tratamento deve ser dirigido à patologia26 subjacente de base, se houver, e poderá incluir intervenções hormonais, mudanças na dieta, tratamento de condições médicas subjacentes ou abordagens psicossociais, conforme apropriado para cada caso.
Quais são os riscos possíveis com o retardo puberal?
O retardo puberal pode levar a distúrbios psicológicos, dificuldade de socialização, redução da densidade mineral óssea (porque a puberdade é uma fase de importante ganho de massa óssea) e limitação ou impedimento da fertilidade.
A indução da puberdade com testosterona (para os meninos) ou estradiol (para as meninas) pode resultar em alguma perda de estatura, em virtude da maturação óssea mais rápida ocasionada pelo uso dos hormônios.
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Sociedade de Pediatria de São Paulo, da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Biblioteca Virtual em Saúde.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.