Diferenças entre neuroses e psicoses
O que são neuroses e psicoses?
De uma maneira muito amplificada, o termo “neurose1” se refere a doença dos nervos. Historicamente, ele foi utilizado na psicologia para descrever uma categoria ampla de transtornos mentais caracterizados por sintomas2 emocionais e comportamentais, sem uma perda significativa do contato com a realidade. No entanto, o termo perdeu popularidade e precisão diagnóstica ao longo do tempo e chegou mesmo a assumir características depreciativas.
Atualmente, a Classificação Internacional de Doenças da ONU e o Manual Diagnóstico3 e Estatístico de Transtornos Mentais da APA (Associação Psiquiátrica Americana) não usam mais o termo "neurose1". Em vez disso, classificam os transtornos mentais em várias categorias, como transtornos de ansiedade, transtornos depressivos, transtornos obsessivo-compulsivos, entre outros, e com isso buscam cobrir o mesmo espectro antes atribuído às neuroses. Contudo, o termo "neurose1" não desapareceu totalmente. Ainda que não seja mais usado de maneira específica nos diagnósticos atuais, muitos leigos e mesmo profissionais de saúde4 continuam a usá-lo.
Já quando falamos das psicoses, nos referimos a um grupo de transtornos mentais graves que afetam significativamente a maneira como uma pessoa pensa, sente e percebe a realidade. Indivíduos que sofrem de psicose5 podem perder o contato com a realidade, o que significa que suas experiências podem ser distorcidas ou desconectadas do que é verdadeiro.
As psicoses podem se manifestar de diversas formas e são caracterizadas por:
- sintomas2 perceptivos, como ilusões e alucinações6;
- distúrbios do pensamento, com pensamento desorganizado e delírios;
- e dificuldades significativas na função social e ocupacional.
Assim, a psicose5 é um transtorno psicológico que altera mais profundamente o estado mental e a vida da pessoa, fazendo com que existam dois ‘mundos’ simultâneos, um real e outro imaginário, os quais, na maioria das vezes, acabam se fundindo na mente do portador. As psicoses correspondem mais exatamente àquilo que o leigo costuma chamar de loucura.
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Quais são as diferenças entre neuroses e psicoses?
Neurose1 e psicose5 são termos utilizados na psicologia e psiquiatria para descrever diferentes tipos de transtornos mentais. Tanto a neurose1 quanto a psicose5 envolvem disfunções psicológicas, mas têm características distintas. As diferenças entre elas podem ser abordadas desde diversos pontos de vista.
- Quanto à natureza geral do transtorno, a neurose1 refere-se a distúrbios psicológicos menos graves que envolvem sintomas2 ansiosos, obsessivos, fóbicos ou depressivos. As pessoas com neuroses estão em contato com a realidade e mantêm a capacidade de funcionar na vida cotidiana, ainda que com dificuldades. As psicoses representam transtornos mais graves, nos quais há uma ruptura significativa com a realidade. Indivíduos com psicose5 podem experimentar alucinações6, delírios e perda da capacidade de distinguir entre o real e o imaginário.
- Quanto ao contato com a realidade, na neurose1 a pessoa mantém um contato relativamente intacto com a realidade, embora possa ter distorções perceptivas ou interpretativas. Na psicose5 esse contato está severamente comprometido. A pessoa pode ter alucinações6 (percepções sem objeto) e delírios (crenças falsas e irracionais).
- Quanto ao funcionamento social, nas neuroses as pessoas conseguem manter um funcionamento social e ocupacional adequado, embora possam enfrentar desafios emocionais. Nas psicoses, o funcionamento social é muito prejudicado. Indivíduos com psicose5 podem ter dificuldades significativas em realizar tarefas cotidianas e manter relacionamentos interpessoais.
- Quanto a terem consciência do transtorno, as pessoas com neuroses são conscientes de seus problemas e podem buscar ativamente ajuda profissional. Na psicose5, na maioria dos casos (quase todos!), os indivíduos não são conscientes de sua anormalidade nos períodos agudos da doença, e por isso deixam de buscar e ainda dificultam a busca por tratamento.
- Quanto à intervenção terapêutica8, o tratamento para neuroses muitas vezes envolve necessariamente a psicoterapia, podendo, em alguns casos, serem usados medicamentos ansiolíticos ou antidepressivos. O tratamento da psicose5 geralmente requer intervenções mais intensivas, como medicação antipsicótica e, muitas vezes, internação hospitalar.
Qual é o substrato fisiopatológico das neuroses e das psicoses?
A fisiopatologia9 das neuroses envolve uma interação entre fatores genéticos, neuroquímicos, psicológicos e ambientais. Existe uma predisposição genética para o desenvolvimento das neuroses, embora ela não tenha sido ainda definida. Pensa-se que alterações nos neurotransmissores, substâncias químicas que transmitem sinais10 no cérebro11, podem desempenhar um papel nas neuroses. Por exemplo, desequilíbrios nos níveis de serotonina, norepinefrina e dopamina12 foram associados a transtornos de ansiedade e depressão.
Algumas pessoas herdam uma vulnerabilidade para certos padrões de resposta ao estresse ou a predisposição para desenvolver ansiedade e depressão. Ademais, fatores ambientais disfuncionais13, problemas sociais e fatores psicológicos desfavoráveis, como traumas, eventos estressantes e experiências adversas durante a infância, podem desempenhar um papel nas neuroses.
A fisiopatologia9 das psicoses ainda não é compreendida, embora seja um campo em constante evolução. Há uma forte influência genética em muitos transtornos psicóticos em geral, principalmente para o distúrbio bipolar. Disfunções nos neurotransmissores também estão envolvidas na fisiopatologia9 das psicoses. O desequilíbrio nos neurotransmissores, como dopamina12, glutamato e serotonina, é frequentemente observado em pessoas com psicoses.
Estudos de neuroimagem revelam algumas anormalidades estruturais e funcionais no cérebro11 de indivíduos com psicoses. Fatores ambientais, tais como eventos traumáticos na infância, estresse crônico14, abuso de substâncias e outros eventos adversos, podem desempenhar um papel importante no desencadeamento e desenvolvimento das psicoses. Esses fatores, interagindo com predisposições genéticas, podem aumentar o risco das psicoses.
Pesquisas recentes sugerem que distúrbios autoimunes15, infecções16 e ativação anormal do sistema imunológico17 podem contribuir para alterações no cérebro11 e desencadear sintomas2 psicóticos. Por fim, o período de desenvolvimento cerebral, especialmente durante a adolescência, pode predispor a pessoa a desenvolver sintomas2 psicóticos.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site da UniSantaCruz – Curitiba.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.