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Ilusões - O que são? Quais as causas? E as características clínicas?

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O que são ilusões?

Ilusão é uma percepção que ocorre quando um estímulo sensorial está presente, mas é incorretamente percebido e mal interpretado, como, por exemplo, confundir o barulho do vento com alguém que chora ou o interruptor de um abajur com uma barata.

Há vários modos de se criar uma ilusão. As ilusões de ótica são percepções distorcidas por um arranjo específico dos estímulos, criados de modo espontâneo ou montado deliberadamente. Um tipo especial de ilusão de óptica são as miragens, distorções ópticas causadas pela atmosfera e que podem ser fotografadas. Por exemplo, a presença de água no asfalto ou no deserto, à distância. O cinema cria a percepção de movimento onde existe a projeção de imagens fixas em rápida sucessão. A ilusão de movimento, como acontece no cinema, baseia-se na velocidade de processamento do estímulo visual. Na música, a sucessão de dois sons (notas musicais) leva à percepção de um terceiro, etc. Grande parte dos números de mágica baseiam-se na exploração das ilusões visuais. O ilusionismo é a arte de produzir deliberadamente percepções distorcidas nas pessoas, isto é, ilusões.

No entanto, as ilusões também ocorrem patologicamente em doentes com transtornos cerebrais, neurológicos ou mentais, deformando as percepções normais, mesmo quando os estímulos são “normais”.

Quais são as causas de ilusões?

As ilusões podem ser causadas por razões naturais ou artificiais e, além de ocorrerem nas pessoas sadias, são extraordinariamente comuns em pessoas que sofrem de distúrbios psíquicos ou de doenças mentais como a esquizofrenia1.

Dentre as causas não psiquiátricas das ilusões, temos: (1) eventos psicológicos não psiquiátricos; (2) uso de certos medicamentos; (3) distúrbios neurológicos e do sono; (4) condições médico-cirúrgicas e (5) causas ambientais e industriais.

Veja também sobre "Ciclos do sono", "Insônia", "Distúrbios do sono" e "Distúrbios do sono em idosos".

Qual é o substrato fisiológico2 de ilusões?

As falsas impressões das ilusões podem surgir de fatores de várias naturezas, que podem ocorrer a todas as pessoas:

  1. De fatores além do controle de um indivíduo, como o comportamento característico das ondas de luz que fazem um lápis em um copo d'água parecer torto.
  2. De informações sensoriais inadequadas, como condições de iluminação insuficiente.
  3. De características funcionais e estruturais do aparelho sensorial como, por exemplo, distorções na forma da lente no olho3.
  4. De interpretações erradas que as pessoas fazem de impressões sensoriais corretas. Em tais ilusões, as impressões sensoriais parecem contradizer os “fatos da realidade” ou deixar de relatar seu “verdadeiro” caráter. Nesses casos, o observador parece estar cometendo um erro ao processar a informação sensorial. O erro parece surgir no sistema nervoso central4; isso pode resultar de informações sensoriais concorrentes, influências de distorção psicologicamente significativas (estados emocionais especiais ou doença mental) ou expectativas anteriores. Os motoristas que veem seus próprios faróis refletidos na vitrine de uma loja, por exemplo, podem ter a ilusão de que outro veículo está vindo em sua direção, embora saibam que não há estrada ali.

Quais são as características clínicas de ilusões?

Todos os sentidos podem ser confundidos por ilusões, mas as ilusões visuais são mais conhecidas e frequentes. Assim:

(1) No campo visual5, a imagem percebida não condiz com a realidade. Por exemplo, um lápis imerso num copo com água.

(2) No campo auditivo, o paciente ouve sons que não estão presentes no estímulo original. É frequente que uma pessoa tenha a impressão de que seu nome foi chamado, a partir de algum outro estímulo, sem que isso de fato tenha acontecido.

(3) As ilusões táteis correspondem a sensações corporais como, por exemplo, confundir o toque da própria roupa com insetos se movendo sobre a pele6.

(4) Há também as ilusões gustativas, embora sejam menos comuns, em que o sabor ou a crocância dos alimentos são alteradas patologicamente.

(5) E há ilusões olfativas, em que cheiros são percebidos e/ou interpretados erroneamente, geralmente dentro de contextos delirantes.

Ilusões patológicas

Algumas ilusões ocorrem em estados mentais particulares e anormais e são, pois, diferentes daquelas ilusões comuns às pessoas sadias. São as alucinações7 que ocorrem em determinadas doenças mentais, em estados de rebaixamento da consciência, estados maníacos, alcoolismo, demência8 senil ou em intoxicações por medicamentos ou drogas psicoativas.

Em geral, essas ilusões não guardam nenhuma relação explicável entre os estímulos sensoriais e o que é “percebido”. O conteúdo delas são bizarrices vinculadas a temas delirantes, estados afetivos particulares ou déficits perceptivos. Elas se diferenciam das alucinações7 porque naquelas é alegada uma percepção na ausência de qualquer objeto, enquanto nas ilusões ou objetos existem, mas são percebidos de maneira deformada.

Por exemplo, uma paciente intoxicada “via” num conhecido seu o Tarzan em trajes típicos da floresta; um paciente com rebaixamento da consciência “via” rostos numa parede manchada; um esquizofrênico confundia um espelho num apartamento em frente ao seu com uma câmera que o estava vigiando.

Leia sobre "Alucinações7", "Alucinações7 na infância", "Pavor noturno", "Megalomania" e "Personalidade narcisista".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do NIH – National Institutes of Health e da Encyclopedia Britannica.

ABCMED, 2020. Ilusões - O que são? Quais as causas? E as características clínicas?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1382433/ilusoes-o-que-sao-quais-as-causas-e-as-caracteristicas-clinicas.htm>. Acesso em: 12 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Esquizofrenia: Doença mental do grupo das Psicoses, caracterizada por alterações emocionais, de conduta e intelectuais, caracterizadas por uma relação pobre com o meio social, desorganização do pensamento, alucinações auditivas, etc.
2 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
3 Olho: s. m. (fr. oeil; ing. eye). Órgão da visão, constituído pelo globo ocular (V. este termo) e pelos diversos meios que este encerra. Está situado na órbita e ligado ao cérebro pelo nervo óptico. V. ocular, oftalm-. Sinônimos: Olhos
4 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
5 Campo visual: É toda a área que é visível com os olhos fixados em determinado ponto.
6 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
7 Alucinações: Perturbações mentais que se caracterizam pelo aparecimento de sensações (visuais, auditivas, etc.) atribuídas a causas objetivas que, na realidade, inexistem; sensações sem objeto. Impressões ou noções falsas, sem fundamento na realidade; devaneios, delírios, enganos, ilusões.
8 Demência: Deterioração irreversível e crônica das funções intelectuais de uma pessoa.
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