Compulsão pelo trabalho
O que é compulsão pelo trabalho?
A compulsão pelo trabalho (workaholismo) é um impulso incontrolável para trabalhar e/ou pensar em trabalho. É, pois, uma espécie de vício. O trabalhador compulsivo é uma pessoa que trabalha incessantemente e além das exigências objetivas normais das circunstâncias. O termo tanto pode implicar uma pessoa que gosta de seu trabalho quanto alguém que se sente na obrigação de fazê-lo.
As pessoas viciadas em trabalho sempre existiram, no entanto, as últimas décadas acentuaram sua existência, provavelmente pelo aumento da competitividade e das inovações tecnológicas.
O termo “workaholic” foi cunhado pelo psicólogo Wayne E. Oates, em 1968, para definir alguém com uma “incontrolável necessidade de trabalhar incessantemente” e faz uma certa analogia com o alcoolismo.
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Quais são as causas da compulsão pelo trabalho?
Como qualquer vício, o vício pelo trabalho pode resultar de necessidades psicológicas subjacentes e pode ter um impacto negativo na saúde1, nos relacionamentos da pessoa e, ironicamente, no próprio trabalho.
A compulsão por trabalho pode ter origem na baixa autoestima. Pode ser que para provar sua competência a si mesmo e aos outros, o indivíduo busca de forma constante (e inesgotável) a validação através do seu desempenho profissional. Outros motivos de natureza mais prática podem ser a competitividade, a busca de poder e status, a realização profissional, ganância, vaidade e, às vezes, a maior razão, em muitos casos: a fuga de problemas íntimos ou familiares. Da mesma forma, dramas e situações estressantes em outras esferas da vida (casamento, finanças, etc.) podem levar a pessoa ao vício pelo trabalho. Nestes casos, a compulsão por trabalhar se torna uma maneira de escapar de memórias ou realidades insatisfatórias.
Quais são as características da compulsão pelo trabalho?
A pessoa viciada em trabalho não consegue se desligar do trabalho, mesmo nos períodos de folga. O expediente termina, mas a mente não consegue se desligar das pendências profissionais. A pessoa não deixa de trabalhar ou pensar no trabalho, nem mesmo nas férias, feriados ou finais de semana, acabando por deixar de lado seu parceiro, filhos, pais e amigos. Em resumo, abandona sua vida familiar e social para ficar focada em metas a serem cumpridas, geralmente desnecessárias ou irrealistas. Os seus “melhores amigos” passam a ser aqueles que de alguma forma tem ligação com seu trabalho, com os quais a comunicação parece ser mais acessível.
Por outro lado, esse tipo de pessoa sofre por ter uma qualidade de vida muito ruim, pois as pressões do dia a dia e uma baixa autoestima fazem com que ela possa desenvolver insônia, surtos de mau humor, calvície2 e atitudes agressivas em situações de pressão ou desconformidade, chegando a levar à depressão e abrindo as portas para enfermidades como o infarto3, o AVC, o diabetes mellitus4, a fibromialgia5 e a obesidade6.
Como a dedicação ao trabalho costuma ser elogiada por chefes e colegas, as pessoas não costumam ter consciência da gravidade de seus comportamentos compulsivos.
Nem todas as pessoas que trabalham compulsivamente são iguais. Pode-se descrever tipos diferentes:
- as perfeccionistas são obcecadas pelos detalhes da tarefa, procurando torná-los perfeitos;
- as com déficit de atenção são pessoas que estão continuamente motivadas a buscar novas tarefas, sem concluir as anteriores;
- as incansáveis são as que trabalham apressadamente, como se o tempo fosse escasso para suas tarefas;
- as escapistas trabalham duro por longas horas para fugir (escapar) de situações ou emoções negativas;
- as obsessivas são pessoas que trabalham por trabalhar, menos preocupadas com os resultados do que com o “ter o que fazer”;
- e as competitivas são pessoas que competem em tudo que fazem, desejando que seus trabalhos sejam os mais apreciados.
Como o médico diagnostica a compulsão pelo trabalho?
O diagnóstico7 da compulsão pelo trabalho depende dos relatos feitos pelo próprio paciente ou por pessoas que lhe são próximas. Alguns detalhes do comportamento da pessoa compulsiva com o trabalho são típicos e ajudam a estabelecer um diagnóstico7 dessa condição. Um deles é, obviamente, a preocupação excessiva com o trabalho. O compulsivo passa muito tempo se preocupando com o próximo dia, semana ou mês de trabalho. Suas preocupações em geral são exageradas e ilógicas e, na prática, desnecessárias, uma vez que grande parte dos impactos podem ser resolvidos com facilidade nos horários e ambiente de trabalho.
Por outro lado, a pessoa compulsiva com o trabalho deixa de ter hobbies com a ideia de que eles lhe tomariam o tempo de trabalhar. Na verdade, nenhum deles desperta a sua atenção ou interesse. Essas pessoas vivem em permanente estresse, envolvendo conflitos entre colegas, desentendimentos com os clientes, imprevistos e brigas. Por mais que trabalhem, essas pessoas sentem necessidade de trabalhar ainda mais e com isso negligenciam eventuais períodos de descanso e costumam levar para as suas férias tarefas laborativas que deveriam realizar apenas nos locais e horários de trabalho.
Normalmente, são pessoas irritáveis e de pouca paciência. Suas conversas giram sempre em torno da rotina diária que os envolve, como se a pessoa só soubesse falar disso. É comum que essas pessoas recebam constantes advertências para trabalhar menos, as quais ignoram como irrelevantes.
Enfim, um compulsivo pelo trabalho exibe um comportamento típico:
- é o primeiro a chegar e o último a sair do escritório;
- trabalha mais de 12 horas por dia;
- leva constantemente trabalho para casa fora do expediente ou para as férias;
- checa insistentemente o email corporativo durante os fins de semana ou períodos de férias;
- não consegue usufruir seus momentos de folga, por um instante que seja.
Como a própria pessoa pode modificar a compulsão pelo trabalho?
Primeiramente, a pessoa tem de reconhecer e aceitar essa condição e compreender o impacto negativo que ela causa para si mesmo e para as demais pessoas. Em seguida, deve:
- estabelecer limites entre o trabalho e a vida pessoal;
- fazer pausas nos momentos de descanso ou férias;
- delegar trabalho a outros;
- não levar trabalho para casa;
- encontrar um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal;
- e procurar ajuda profissional, se necessário, geralmente com um psicólogo.
Quais são as complicações possíveis com a compulsão pelo trabalho?
A pessoa com compulsão pelo trabalho experimenta esgotamento (burnout) frequentemente. Apesar disso, estão sempre procurando meios de trabalhar ainda mais, abdicam de relacionamentos sociais, hobbies, interesses pessoais, etc., deixando de viver o lado recreativo da vida. Apresentam sintomas8 que podem estar associados, tais como dor de cabeça9, fadiga10, mudanças de humor, memória fraca, tédio e irritabilidade, dentre outros.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site da Mayo Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.