Hepatectomia - como é o procedimento e o pós-operatório
O que é hepatectomia?
Hepatectomia (do grego: hepar = fígado1 + ektomē = remoção) é a remoção cirúrgica de parte ou de todo o fígado1. Em um transplante de fígado1, tanto a remoção do fígado1 do doador, como a remoção do fígado1 do receptor são hepatectomias. Se apenas um lóbulo do fígado1 é removido, pode ser chamada de lobectomia hepática2. E, se apenas um segmento é removido, pode ser chamada de segmentectomia.
Por que fazer uma hepatectomia?
A maioria das hepatectomias é realizada para o tratamento de neoplasias3 hepáticas4, tanto benignas quanto malignas. Neoplasias3 benignas incluem adenoma5 hepatocelular, hemangioma hepático e hiperplasia6 nodular focal.
As neoplasias3 malignas mais comuns do fígado1 são metástases7; as que surgem do câncer8 colorretal estão entre as mais comuns e mais suscetíveis à ressecção cirúrgica. O tumor9 maligno primário mais comum do fígado1 é o carcinoma10 hepatocelular, que afeta as células11 do fígado1 chamadas hepatócitos.
A hepatectomia também pode ser o procedimento de escolha para tratar cálculos biliares intra-hepáticos ou cistos parasitários do fígado1. Hepatectomias parciais também são realizadas para remover uma porção de fígado1 de um doador vivo para transplante.
Saiba mais sobre "Transplante de fígado1", "Hemangioma", "Câncer8 de fígado1" e "Cálculos biliares".
Em que consiste a hepatectomia?
A extensão de uma hepatectomia depende do tamanho, número e localização do câncer8 e do quanto a função hepática2 ainda está ou não normal. O cirurgião pode remover uma parte do fígado1 que contém o tumor9, um lobo inteiro ou uma porção ainda maior do fígado1. Em uma hepatectomia parcial, o cirurgião deve deixar uma margem de tecido12 hepático saudável para manter as funções do fígado1. Em qualquer caso, a hepatectomia é sempre considerada uma cirurgia de grande porte.
Nos casos de transplante de fígado1, o cirurgião realizará uma hepatectomia total, o que significa que todo o fígado1 do paciente é removido e substituído por um fígado1 saudável de um doador. Um transplante de fígado1 é uma opção somente se o câncer8 não se espalhar para fora do fígado1 e somente se for encontrado um fígado1 de doador compatível com o paciente.
O procedimento cirúrgico é bastante demorado, exigindo de três a quatro horas de intervenção. O paciente anestesiado é posicionado com a face13 voltada para cima e ambos os braços são afastados do corpo. Para remover uma parte do fígado1, o cirurgião entra no abdome14 do paciente através de uma incisão15 feita na parede abdominal16 e libera a parte afetada do fígado1 dos tecidos de conexão. A artéria17 do fígado1 e o ducto hepático são desconectados do órgão. A parte doente do fígado1 é seccionada e uma ferramenta de cauterização18 é usada para fazer parar o sangramento à medida que o cirurgião avança.
Para remover as partes do fígado1 (uma cirurgia demorada), uma almofada de aquecimento deve ser colocada envolvendo os braços e pernas do paciente para reduzir as perdas de temperatura corporal. O abdômen do paciente é aberto por uma incisão15 na parte superior e outra incisão15 na linha média até o processo xifoide19 (cartilagem20 localizada no meio da parte inferior da caixa torácica). Os passos principais de uma hepatectomia parcial então prosseguem. A primeira tarefa do cirurgião é liberar o fígado1 cortando as fibras longas que o envolvem. Uma vez que o cirurgião liberou o fígado1, a remoção dos segmentos pode começar.
Riscos da hepatectomia
Há sempre riscos em qualquer cirurgia, mas uma hepatectomia que remove 25 a 60% do fígado1 acarreta risco maior que a média. Os riscos potenciais são dor, sangramento, infecção21 e/ou lesões22 em outras áreas do abdome14, bem como a morte. Outros riscos incluem febre23 pós-operatória, pneumonia24 e infecção21 do trato urinário25.
Pacientes submetidos a qualquer tipo de cirurgia abdominal também correm o risco de formar coágulos sanguíneos nas pernas. Esses coágulos sanguíneos podem se soltar e se mover através do coração26 para os pulmões27, causando embolia28 pulmonar, uma condição geralmente grave, podendo causar a morte. Existem dispositivos especiais usados para manter o sangue29 fluindo através das pernas durante a cirurgia para tentar evitar a formação de coágulos.
A remoção de uma parte do fígado1 pode causar um mal funcionamento do órgão por um curto período de tempo. A parte restante do fígado1 começará a crescer novamente dentro de algumas semanas e o quadro vai se estabilizando. No entanto, um paciente pode desenvolver insuficiência hepática30. Pacientes com hepatite31 crônica e cirrose32 apresentam alto risco quando se realiza uma hepatectomia.
Leia sobre "Provas de função hepática2", "Insuficiência hepática30", "Cirrose32 hepática2" e "Hepatites33".
E após a hepatectomia?
Após uma hepatectomia, a quantidade de tempo necessária para a recuperação varia de paciente para paciente34, mas o processo de cura leva tempo. O médico deverá discutir com o paciente o manejo da dor. Os pacientes muitas vezes sentem-se desconfortáveis nos primeiros dias após a cirurgia, necessitam de medicamentos para aliviar a dor, o cansaço e a fraqueza durante um tempo. Além disso, podem ter diarreia35 e sensação de plenitude gástrica. A equipe de saúde36 deve monitorar de perto o paciente quanto a sangramento, infecção21, insuficiência hepática30 ou outros problemas que requerem atenção médica imediata.
Após uma hepatectomia total, seguida de um transplante de fígado1, o paciente receptor permanece no hospital por algumas semanas. Durante esse tempo, a equipe de saúde36 monitora constantemente o quanto ele está aceitando o fígado1 doado. O paciente recebe medicamentos prescritos para evitar que o corpo rejeite o transplante, o que pode causar inchaço37 no rosto, pressão alta ou aumento de pelos no corpo.
O sangramento é a complicação mais temida e pode ser motivo para uma reoperação urgente. A criação de uma fístula38 biliar também é uma possível complicação, embora mais passível de tratamento não cirúrgico. Complicações pulmonares, como atelectasias39 e derrame40 pleural, são comuns e perigosas em pacientes com doença pulmonar subjacente.
A infecção21 é relativamente rara. A insuficiência hepática30 representa um risco significativo para pacientes41 com doença hepática2 subjacente. Este é um impedimento importante na ressecção cirúrgica do carcinoma10 hepatocelular em pacientes com cirrose32. A taxa de mortalidade42 é de 2,5% e a taxa de complicações no pós-operatório é de 19,6%.
Veja também sobre "Esteatose hepática43", "Hepatomegalia44", "Doação de órgãos" e "Vivendo sem alguns órgãos".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.