Irmãos gêmeos: em quê eles se parecem e em quê eles se diferenciam?
O que são irmãos gêmeos?
Irmãos gêmeos são dois ou mais filhos nascidos de uma mesma gravidez1 e que, portanto, foram gestados juntos e têm, assim, a mesma idade. Há dois tipos de gêmeos:
(1) Os monozigóticos ou univitelinos, também chamados gêmeos idênticos, que se desenvolvem a partir de em único zigoto2, ou seja, um único óvulo fecundado3 que se divide e forma dois embriões.
(2) Os dizigóticos ou bivitelinos, ditos também não idênticos ou fraternos, em que mais de um óvulo4 é fecundado, cada um deles por um espermatozoide5 diferente. Por extensão, as crianças nascidas de partos triplos, quádruplos ou mais, são também chamadas de gêmeos.
Por que a gemelaridade ocorre?
Em muitos casos, a gemelaridade parece ser um fenômeno aleatório e ocasional. Em outros, parece obedecer a situações mais definidas. A frequência dos gêmeos dizigóticos varia de acordo com a origem étnica (sendo máxima nas populações negras, mínima nas asiáticas e intermediária nas brancas) e a idade materna (sendo máxima quando a mãe tem de 35 a 39 anos). A genética também tem sua importância, com uma maior incidência6 na linhagem genética materna que na paterna, ainda que os pais possam transmitir a predisposição à dupla ovulação7 a seus filhos.
Em geral, a proporção global é de dois terços de gêmeos dizigóticos para um de monozigóticos.
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Peculiaridade dos gêmeos monozigóticos e dizigóticos
Os gêmeos monozigóticos são sempre dois e se caracterizam principalmente pela semelhança física entre os indivíduos, possuindo o mesmo patrimônio genético (100%) e sendo considerados, portanto, idênticos. Esses gêmeos, na maioria dos casos, se desenvolvem a partir de uma única placenta e apenas 10% a 15% deles têm placentas diferentes. São sempre do mesmo sexo, diferentemente dos gêmeos dizigóticos, que podem ser de sexos diferentes. Vale destacar, no entanto, que algumas características, tais como as impressões digitais e outras características fenotípicas8, não são idênticas nos gêmeos monozigóticos, pois são obtidas a partir da interação do genótipo9 com o meio. Os gêmeos idênticos costumam ter personalidades complementares, como se dividissem e compartilhassem tudo.
Os gêmeos dizigóticos, por seu turno, por serem gerados de ovócitos e espermatozoides10 diferentes, provenientes de uma mesma cópula (regra) ou de cópulas diferentes distanciadas por, no máximo 48 horas, de um mesmo pai ou de pais diferentes, apenas apresentam semelhanças físicas e genéticas como aquelas que ocorrem entre outros irmãos, tendo um patrimônio genético apenas 50% idêntico, podendo ser diferentes em sexo, tipo sanguíneo, cor dos olhos11, cabelo12, tendência a doenças, etc. Por essa razão, são chamados de gêmeos fraternos. Os gêmeos dizigóticos representam 66% de todas as gestações gemelares. Um terço deles tem sexos diferentes, enquanto dois terços são do mesmo sexo. Os gêmeos dizigóticos têm placentas e bolsas amnióticas separadas, uma para cada um. É muito comum a ocorrência de gêmeos dizigóticos em tratamentos para infertilidade13, em razão da inserção de vários embriões no útero14 da mulher. No caso dos gêmeos fraternos, suas personalidades serão diferentes ou similares, de acordo com o quanto são semelhantes fisicamente.
O recorde de “mais crianças nascidas em um único parto” (Guinness) é de uma mulher australiana, registrado em 1971, que deu à luz nove gêmeos, mas todos faleceram em menos de seis dias. Já uma mulher norte-americana teve oito bebês15 que sobreviveram e detém o recorde de “mais crianças nascidas em um único parto a sobreviverem” (Guinness).
O que são gêmeos semi-idênticos?
Acredita-se que no caso de gêmeos semi-idênticos (ou sesquizigóticos), o óvulo4 tenha sido fecundado simultaneamente por dois espermatozoides10 antes de ser dividido. Esse tipo de gemelaridade é extremamente raro, pois essa composição em geral é incompatível com a vida, e os embriões não costumam sobreviver. Se um óvulo4 é fecundado por dois espermatozoides10, resulta em três conjuntos de cromossomos16, em vez de dois: um da mãe e dois do pai. Esses gêmeos são chamados de semi-idênticos porque ambos são idênticos por parte de mãe, mas compartilham apenas uma parte do DNA do pai, estando, assim, exatamente no meio entre gêmeos idênticos e gêmeos fraternos.
O primeiro registro de gêmeos semi-idênticos foi feito em 2007 nos EUA. Em janeiro de 2014, a Austrália registrou um segundo caso. Nasceram gêmeos que compartilhavam todos os genes da mãe, mas apenas 78% dos genes do pai.
O que são gêmeos siameses ou xipófagos?
Os gêmeos siameses, também chamados gêmeos xifópagos ou gêmeos conjugados, bastante raros, são gêmeos geneticamente idênticos, do mesmo sexo, unidos em alguma região do corpo (tórax17, pélvis, nádegas18, etc.). Formam-se através de um mesmo óvulo fertilizado19 e compartilham também a mesma placenta, podendo ainda compartilhar alguns outros órgãos.
Não há uma resposta única para a causa de todas as ocorrências de gêmeos conjugados. As teorias do desenvolvimento embrionário dos gêmeos conjugados são opostas.
- A primeira é a teoria da fissão, sugerindo que um único óvulo fertilizado19 sofre uma divisão incompleta ou parcial, resultando em embriões unidos entre si.
- A segunda é a teoria da fusão, que sugere que existem dois discos embrionários fundidos secundariamente em determinadas regiões específicas.
Além da união externa, eles podem também compartilhar um órgão interno único, como um único intestino ou partes da coluna vertebral20, por exemplo. Se a junção for apenas superficial, os gêmeos podem ser facilmente separados por cirurgia logo após o nascimento, mas se forem mais profundamente unidos, eles podem ter que passar pela vida com sua desvantagem.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da Universidade Federal de Minas Gerais e da Mayo Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.