Estudo eletrofisiológico do coração
Antes de passar ao estudo eletrofisiológico do coração1, é preciso saber que esse órgão funciona à base de impulsos elétricos. Ele é uma bomba muscular eletromecânica, localizada centralmente no interior do tórax2, entre os dois pulmões3, em um espaço chamado mediastino4. Tem um tamanho mais ou menos equivalente a uma mão5 fechada, pesando entre 250 e 350 gramas.
O coração1 é um órgão contrátil, capaz de relaxar e contrair alternadamente de maneira espontânea, realizando respectivamente, a cada batimento, a admissão e expulsão de sangue6. Em um adulto normal, o coração1 é capaz de bombear até 5 litros de sangue6 por minuto.
Toda essa estrutura funciona às custas de impulsos elétricos que são gerados e coordenados pelo próprio coração1, através de um sistema elétrico natural conhecido como sistema de condução cardíaca. Esses impulsos partem do nó sinoatrial7, conhecido como o marcapasso8 natural do coração1, pois é responsável por gerar o impulso elétrico inicial que faz o coração1 bater.
Num coração1 normal, o nó sinoatrial7 emite de 60 a 80 pulsos por minuto. Esses impulsos se espalham rapidamente pelas demais estruturas do coração1, causando sua contração, e são os responsáveis por fazer a coordenação entre a contração dos átrios e dos ventrículos do coração9 e a regularidade dos seus movimentos.
O que é o estudo eletrofisiológico do coração1?
O estudo eletrofisiológico do coração1 é um exame invasivo, que deve ser realizado em um laboratório de eletrofisiologia cardíaca. Trata-se de um procedimento que permite ao médico estudar o funcionamento do sistema de condução elétrica cardíaca.
Ele é frequentemente realizado em pacientes que sofrem de arritmias10 cardíacas e pode ajudar a determinar a origem delas e fornecer informações importantes para o planejamento do tratamento.
Em alguns casos, os médicos também podem, durante o estudo, realizar um procedimento chamado de ablação11 por cateter para destruir as áreas do coração1 que causam a arritmia12. A ablação11 é a destruição, por radiofrequência ou por aplicação de frio intenso, dos tecidos anômalos implicados na condução cardíaca.
Veja também sobre "Taquicardia13", "Taquicardia13 ventricular" e "Fibrilação ventricular".
Como é feito o estudo eletrofisiológico do coração1?
Antes do procedimento, o paciente deve observar um jejum de pelo menos 6 horas e informar ao médico se sofre de alergias, bem como a respeito dos medicamentos que esteja tomando. O exame é realizado numa unidade cardiológica e feito sob sedação14 profunda e anestesia15 local.
Durante o procedimento, as funções cardiopulmonares do paciente devem ser continuamente monitoradas. Então, o médico faz um pequeno corte na pele16 sobre uma veia da virilha ou do pescoço17 do paciente e por ela insere cateteres finos e flexíveis, os guiando até o coração1 por meio de imagens de raios X. Esses cateteres contêm, em suas extremidades, eletrodos que registram a atividade elétrica do coração1, a qual é gravada em equipamentos computadorizados (polígrafos).
Uma vez que os eletrodos são colocados na posição correta, o médico pode estimular o coração1 eletricamente para simular arritmias10 ou outros problemas de ritmo cardíaco, com a finalidade de melhor estudá-los. Ao mesmo tempo, pode registrar a atividade elétrica espontânea do coração1 e usar essa informação para determinar a causa do problema que um paciente apresenta e desenvolver um plano de tratamento.
Trata-se de um exame simples com duração média de uma hora. O procedimento deve sempre ser realizado em um ambiente controlado e por pessoal especializado.
Por que fazer um estudo eletrofisiológico do coração1?
O estudo eletrofisiológico do coração1 está indicado quando os métodos não invasivos não foram capazes de esclarecer o diagnóstico18 em pacientes com suspeita de arritmias10. Mesmo em pacientes com arritmias10 diagnosticadas pelo eletrocardiograma19, o estudo fisiológico20 do coração1 pode permitir a ablação11, naqueles casos em que a terapêutica21 medicamentosa não surtiu o efeito desejado.
Além disso, o estudo eletrofisiológico do coração1 tem como objetivo verificar a função de cada parte do sistema de condução dos impulsos elétricos do coração1, identificar suas alterações e a localização delas e determinar o melhor tratamento, que pode incluir remédios ou ablação11, por exemplo.
O exame também é frequentemente usado para avaliar pacientes que sofrem de taquicardia13 (batimentos cardíacos mais rápidos que o normal), fibrilação atrial (uma forma de arritmia12 cardíaca) ou outras condições que afetam o ritmo cardíaco. Ele ainda é utilizado para estudar as causas de síncopes22 ou palpitações23 e pode ser solicitado para avaliar o tratamento com remédios antiarrítmicos ou o funcionamento do desfibrilador implantável, por exemplo.
O procedimento não deve ser feito em caso confirmado ou suspeito de gravidez24 ou se houver infecção25 na corrente sanguínea ou sepse26, ou trombose27 no local do vaso sanguíneo em que será feita a inserção do cateter. As contraindicações relativas são: distúrbio de coagulação28 sanguínea, peso abaixo de 25 kg, infecção25 em atividade e impossibilidade de acesso vascular29 ao coração1. Estas contraindicações devem ser julgadas ante o risco da arritmia12 e o benefício do procedimento. Esse exame também não é recomendado caso haja problemas de coagulação28 sanguínea.
Quais são os riscos e complicações possíveis com o estudo eletrofisiológico do coração1?
De um modo geral, o estudo eletrofisiológico do coração1 é considerado um exame seguro. No entanto, como todo procedimento médico, eventualmente podem ocorrer algumas complicações: podem surgir hematomas30 no local onde foram feitas as punções, tromboses31 na veia ou artéria32 onde foram feitas as punções e infecção25 (rara) no local das punções.
Apesar de se utilizar uma quantidade reduzida de raios X, não se recomenda a realização desse exame durante a gravidez24. Muito raramente, podem ocorrer: danos ao tecido33 de condução cardíaca normal, com bloqueios aurículo-ventriculares; derrame34 pericárdico; acidentes vasculares35 cerebrais; e morte.
Leia sobre "Eletrocardiograma19", "Holter36", "Ecocardiograma37", "Parada cardiorrespiratória" e "Desfibrilador".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic e da Cleveland Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.