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Videoendoscopia por cápsula

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O que é videoendoscopia por cápsula?

A videoendoscopia por cápsula (endoscopia1 sem fio) é um procedimento não invasivo em que uma cápsula computadorizada deve ser engolida por uma pessoa para ser utilizada na visualização do interior do intestino, desde o esôfago2 até o ânus3, com especial indicação para o intestino delgado4, região que é inacessível ou mais dificilmente acessível pela endoscopia1 alta e pela colonoscopia5.

A cápsula é pequena, do tamanho de uma cápsula usual de medicamento, contém um transmissor, uma bateria, uma câmera de vídeo colorida e uma fonte de luz de LED e pode transmitir imagens para um computador.

A principal vantagem desta técnica em relação às técnicas mais tradicionais reside no fato de não ser invasiva. Entretanto, possui grandes limitações, como a impossibilidade de realização de biópsias6 e o custo elevado, por exemplo. Nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou o procedimento em 2001.

O que é o intestino delgado4?

O intestino delgado4 é uma parte do trato gastrointestinal, anatomicamente situado entre o piloro, esfíncter7 que o separa do estômago8, e o ceco9, que o limita com o intestino grosso10. O intestino delgado4 tem três partes. A porção proximal11 denomina-se duodeno12 e as outras duas seguintes, em sequência, são o jejuno13 e íleo14. A extensão das três porções é de aproximadamente cinco a seis metros de comprimento. Nelas é onde se passa a maior parte da digestão15 e da absorção. Mesmo com essa extensão, o intestino delgado4 cabe dentro do abdômen humano, ao lado dos outros órgãos, porque ele não é linear, e sim todo enrolado e, além disso, possui dobras em seu epitélio16.

No intestino delgado4 ocorre a maior parte da digestão15 e absorção dos nutrientes. O quimo, produto resultante da digestão15 dos alimentos no estômago8, ao chegar ao duodeno12 estimula os hormônios secretina e colecistocinina que atuam na secreção do suco pancreático17 pelo pâncreas18 e da bile19 pelo fígado20, respectivamente, ajudando na continuidade da digestão15.

Leia sobre "O processo normal de digestão15", "digestão15 ou indigestão: pode ser dispepsia21" e "Flatulência ou excesso de gases".

Como se realiza o exame de videoendoscopia por cápsula?

Para se preparar para o exame, o paciente deve receber instruções dietéticas detalhadas antes do procedimento. Idealmente, a pessoa deve parar de comer ou beber durante aproximadamente 12 horas antes de realizar esse exame, para esvaziar ao máximo o intestino. É importante evitar ambientes com campos magnéticos intensos e discutir com o médico potenciais complicações.

O indivíduo deve ingerir uma cápsula alimentada por bateria, contendo uma ou duas pequenas câmeras, uma luz e um transmissor, da mesma maneira como faz com uma cápsula de medicamento. O exame não requer sedação22 nem comporta qualquer exposição à radiação. A cápsula é envolta em material resistente aos ácidos gástricos e enzimas digestivas ao passar pelo estômago8 e intestino delgado4. Ela registra duas imagens por segundo conforme se desloca por meio de contrações musculares pelo trato digestivo e pode revelar um tumor23 ou sangramento da parede intestinal, mais precisamente identificados que por meio de outros exames.

Após cerca de oito horas ela terá produzido mais de 50.000 imagens de ótima qualidade, que serão captadas por um receptor instalado na cintura ou no bolso da pessoa, ou por um colete que a pessoa veste ao tomar a pílula. Essas imagens podem ser baixadas para um computador, onde serão visualizadas e avaliadas por um médico. Normalmente, a cápsula não reutilizável será descartada pelas fezes e muitas pessoas nem se dão conta de que ela tenha sido eliminada.

As reações adversas mais comuns são simples e transitórias e podem ser representadas por dores abdominais, náuseas24vômitos25.

Quando fazer e quando não fazer o exame de videoendoscopia de cápsula?

O exame é indicado principalmente quando se suspeita de acometimento do intestino delgado4, região do trato digestivo de difícil acesso pelas técnicas endoscópicas convencionais. As situações clínicas que mais podem se beneficiar com o exame da cápsula endoscópica são o sangramento digestivo obscuro e as doenças intestinais inflamatórias.

A principal limitação do método é a impossibilidade de se coletar material para realização de estudos anatomopatológicos (biópsia26) e realizar terapia endoscópica para conter sangramento, por exemplo, o que geralmente é feito com facilidade pela endoscopia1 tradicional ou pela colonoscopia5.

A maior contraindicação para realização do exame é quando existe suspeita de obstrução ou semi-obstrução intestinal, assim como naqueles pacientes com dificuldade de deglutição27.

Quais são as complicações possíveis com videoendoscopia de cápsula?

Em casos raros, a cápsula pode ficar retida no trato digestivo e possivelmente o médico precisará realizar uma endoscopia1 ou cirurgia para removê-la. Normalmente evacua-se a cápsula após aproximadamente doze horas, algumas pessoas nem notam isso. Se a pessoa não notar que a cápsula foi expelida, é possível que o médico faça uma radiografia para ver se ela ainda se encontra no trato digestivo.

Veja também sobre "Dores abdominais", "Cólicas28 viscerais" e "Cólicas28 menstruais".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic e da American Society for Gastrointestinal Endoscopy.

ABCMED, 2021. Videoendoscopia por cápsula. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/1385530/videoendoscopia-por-capsula.htm>. Acesso em: 10 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Endoscopia: Método no qual se visualiza o interior de órgãos e cavidades corporais por meio de um instrumento óptico iluminado.
2 Esôfago: Segmento muscular membranoso (entre a FARINGE e o ESTÔMAGO), no TRATO GASTRINTESTINAL SUPERIOR.
3 Ânus: Segmento terminal do INTESTINO GROSSO, começando na ampola do RETO e terminando no ânus.
4 Intestino delgado: O intestino delgado é constituído por três partes: duodeno, jejuno e íleo. A partir do intestino delgado, o bolo alimentar é transformado em um líquido pastoso chamado quimo. Com os movimentos desta porção do intestino e com a ação dos sucos pancreático e intestinal, o quimo é transformado em quilo, que é o produto final da digestão. Depois do alimento estar transformado em quilo, os produtos úteis para o nosso organismo são absorvidos pelas vilosidades intestinais, passando para os vasos sanguíneos.
5 Colonoscopia: Estudo endoscópico do intestino grosso, no qual o colonoscópio é introduzido pelo ânus. A colonoscopia permite o estudo de todo o intestino grosso e porção distal do intestino delgado. É um exame realizado na investigação de sangramentos retais, pesquisa de diarreias, alterações do hábito intestinal, dores abdominais e na detecção e remoção de neoplasias.
6 Biópsias: 1. Retirada de material celular ou de um fragmento de tecido de um ser vivo para determinação de um diagnóstico. 2. Exame histológico e histoquímico. 3. Por metonímia, é o próprio material retirado para exame.
7 Esfíncter: Estrutura muscular que contorna um orifício ou canal natural, permitindo sua abertura ou fechamento, podendo ser constituído de fibras musculares lisas e/ou estriadas.
8 Estômago: Órgão da digestão, localizado no quadrante superior esquerdo do abdome, entre o final do ESÔFAGO e o início do DUODENO.
9 Ceco: Bolsa cega (ou área em fundo-de-saco) do INTESTINO GROSSO, localizada abaixo da entrada do INTESTINO DELGADO. Apresenta uma extensão em forma de verme, o APÊNDICE vermiforme.
10 Intestino grosso: O intestino grosso é dividido em 4 partes principais: ceco (cecum), cólon (ascendente, transverso, descendente e sigmoide), reto e ânus. Ele tem um papel importante na absorção da água (o que determina a consistência do bolo fecal), de alguns nutrientes e certas vitaminas. Mede cerca de 1,5 m de comprimento.
11 Proximal: 1. Que se localiza próximo do centro, do ponto de origem ou do ponto de união. 2. Em anatomia geral, significa o mais próximo do tronco (no caso dos membros) ou do ponto de origem (no caso de vasos e nervos). Ou também o que fica voltado para a cabeça (diz-se de qualquer formação). 3. Em botânica, o que fica próximo ao ponto de origem ou à base. 4. Em odontologia, é o mais próximo do ponto médio do arco dental.
12 Duodeno: Parte inicial do intestino delgado que se estende do piloro até o jejuno.
13 Jejuno: Porção intermediária do INTESTINO DELGADO, entre o DUODENO e o ÍLEO. Representa cerca de 2/5 da porção restante do intestino delgado após o duodeno.
14 Íleo: A porção distal and mais estreita do INTESTINO DELGADO, entre o JEJUNO e a VALVA ILEOCECAL do INTESTINO GROSSO. Sinônimos: Ileum
15 Digestão: Dá-se este nome a todo o conjunto de processos enzimáticos, motores e de transporte através dos quais os alimentos são degradados a compostos mais simples para permitir sua melhor absorção.
16 Epitélio: Uma ou mais camadas de CÉLULAS EPITELIAIS, sustentadas pela lâmina basal, que recobrem as superfícies internas e externas do corpo.
17 Suco pancreático: Secreção produzida pelo pâncreas que atua no processo digestivo e, através do ducto pancreático (ou canal de Wirsung), é lançada no duodeno.
18 Pâncreas: Órgão nodular (no ABDOME) que abriga GLÂNDULAS ENDÓCRINAS e GLÂNDULAS EXÓCRINAS. A pequena porção endócrina é composta pelas ILHOTAS DE LANGERHANS, que secretam vários hormônios na corrente sangüínea. A grande porção exócrina (PÂNCREAS EXÓCRINO) é uma glândula acinar composta, que secreta várias enzimas digestivas no sistema de ductos pancreáticos (que desemboca no DUODENO).
19 Bile: Agente emulsificador produzido no FÍGADO e secretado para dentro do DUODENO. Sua composição é formada por s ÁCIDOS E SAIS BILIARES, COLESTEROL e ELETRÓLITOS. A bile auxilia a DIGESTÃO das gorduras no duodeno.
20 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
21 Dispepsia: Dor ou mal-estar localizado no abdome superior. O mal-estar pode caracterizar-se por saciedade precoce, sensação de plenitude, distensão ou náuseas. A dispepsia pode ser intermitente ou contínua, podendo estar relacionada com os alimentos.
22 Sedação: 1. Ato ou efeito de sedar. 2. Aplicação de sedativo visando aliviar sensação física, por exemplo, de dor. 3. Diminuição de irritabilidade, de nervosismo, como efeito de sedativo. 4. Moderação de hiperatividade orgânica.
23 Tumor: Termo que literalmente significa massa ou formação de tecido. É utilizado em geral para referir-se a uma formação neoplásica.
24 Náuseas: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc .
25 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
26 Biópsia: 1. Retirada de material celular ou de um fragmento de tecido de um ser vivo para determinação de um diagnóstico. 2. Exame histológico e histoquímico. 3. Por metonímia, é o próprio material retirado para exame.
27 Deglutição: Passagem dos alimentos desde a boca até o esôfago; ação ou efeito de deglutir; engolir. É um mecanismo em parte voluntário e em parte automático (reflexo) que envolve a musculatura faríngea e o esfíncter esofágico superior.
28 Cólicas: Dor aguda, produzida pela dilatação ou contração de uma víscera oca (intestino, vesícula biliar, ureter, etc.). Pode ser de início súbito, com exacerbações e períodos de melhora parcial ou total, nos quais o paciente pode estar sentindo-se bem ou apresentar dor leve.
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