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Pré-diabetes: saiba como ele é e o que fazer para evitá-lo

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O que é pré-diabetes1?

O pré-diabetes1 é uma condição de saúde2 em que os níveis de açúcar3 no sangue4 são mais elevados do que o normal, mas não o suficiente para ser diagnosticado como diabetes5 tipo 2. Apesar de que ainda não seja uma doença, o pré-diabetes1 é uma condição de saúde2 séria que aumenta o risco de desenvolver diabetes tipo 26, doenças cardíacas e derrame7, e que merece atenção e manejo adequados.

Quais são as causas do pré-diabetes1?

A causa exata do pré-diabetes1 é desconhecida, mas a história familiar e a genética parecem desempenhar um papel importante. A falta de atividade física regular e o excesso de peso, com excesso de gordura8 ao redor do abdômen, também parecem ser contribuintes importantes. Os principais fatores de risco são: estar acima do peso, não praticar nenhuma atividade física, ter mais de 45 anos, possuir histórico familiar de diabetes tipo 26, ter desenvolvido diabetes gestacional9 ou ter síndrome10 do ovário11 policístico.

Leia sobre "O que afeta o comportamento da glicemia12", "Atitudes saudáveis para evitar o diabetes tipo 26" e "Prevenção do diabetes5 e suas complicações".

Qual é o substrato fisiológico13 do pré-diabetes1?

A maior parte da glicose14 no corpo dos indivíduos sadios vem dos alimentos por eles ingeridos. Quando o alimento é digerido, o açúcar3 é absorvido e entra na corrente sanguínea. Daí ele deve ser transferido para o interior das células15, onde produzirá energia. Essa transferência requer um hormônio16 chamado insulina17, sintetizado pelo pâncreas18, que o envia para o sangue4 quando a pessoa come, e isso permite que o açúcar3 entre nas células15, diminuindo a quantidade dele na circulação19. Quando o nível de açúcar3 no sangue4 começa a cair, o pâncreas18 desacelera a produção da insulina17 lançada no sangue4.

Pessoas com pré-diabetes1 não metabolizam mais a glicose14 adequadamente e da mesma forma como faziam antes. Disso resulta que o açúcar3 se acumula no sangue4 em vez de penetrar nas células15 para executar sua função normal. Quando a pessoa tem pré-diabetes1, as células15 se tornam resistentes à glicose14, não permitindo a entrada do açúcar3 como antes. Como consequência, o açúcar3 se acumula na corrente sanguínea, elevando a glicemia12. A diferença disso com o diabetes tipo 120 é que, neste caso, o pâncreas18 deixa de produzir a quantidade necessária de insulina17.

Em síntese, no diabetes5 a taxa de glicose14 no sangue4 sobe porque não há insulina17 suficiente para metabolizá-la; no pré-diabetes1 as células15 resistem à penetração do açúcar3 em seu interior, apesar dos níveis normais de insulina17.

Quais são as características clínicas do pré-diabetes1?

O pré-diabetes1 em geral não manifesta sintomas21. Mais de 84% das pessoas com pré-diabetes1 sequer sabem que são portadoras dessa condição. Quando surgem sintomas21, como aumento da sede, micção22 frequente, fadiga23 e visão24 embaçada, é porque a pessoa já migrou ou está muito perto de migrar para o diabetes tipo 26. Quando essa migração se dá, o indivíduo passa a ser dito diabético (alta taxa de glicose14 no sangue4). No entanto, esse diabetes5 difere do diabetes tipo 120 quanto a suas causas, mecanismos, características clínicas e tratamentos.

Como o médico diagnostica o pré-diabetes1?

Como o pré-diabetes1 não apresenta sintomas21, o decisivo para estabelecer o diagnóstico25 é a mensuração da taxa de glicose14 no sangue4, que às vezes é feita aleatoriamente ou em função de outras doenças. É importante ficar atento aos fatores de risco e medir a glicemia12 quando eles estiverem presentes.

Considera-se que a glicemia de jejum26 normal deve situar-se entre 70 mg/dl27 e 99 mg/dl27. Se a glicemia12 apurada estiver entre 100 e 125 mg/dl27, a pessoa se encontra em pré-diabetes1. Outros exames que também servem para o diagnóstico25 são a curva glicêmica28 e o teste da hemoglobina glicada29, cujos valores entre 5,7% e 6,4% são indicativos de pré-diabetes1.

Como “tratar” o pré-diabetes1?

Para controlar o pré-diabetes1, a pessoa deve manter o seu peso dentro do ideal. Perder cerca de 5 a 10% do peso em excesso pode ajudar a prevenir, ou pelo menos retardar, o desenvolvimento do diabetes tipo 26. Além disso, deve manter uma alimentação mais saudável, evitando as gorduras e comendo mais frutas, vegetais e fibras. Os alimentos que podem ser ingeridos com tranquilidade são carnes brancas, de preferência; verduras e legumes em geral; frutas, de preferência com casca e bagaço; leguminosas, como feijão, soja, grão-de-bico, ervilha, fava, lentilha; e grãos integrais, como arroz, macarrão, farinha integral, aveia.

Por outro lado, devem ser evitados alimentos ricos em farinha branca, como pães brancos, bolos, biscoitos e salgados; alimentos ricos em açúcar3, como chocolates, doces, geleias de fruta; sorvetes; bebidas, como refrigerantes, sucos industrializados, energéticos, café ou chá com açúcar3; alimentos ricos em gordura8, como embutidos, molhos, queijos amarelos, leite integral e derivados, fritura; e comidas congeladas como pizzas e lasanhas.

Podem ser consumidos oleaginosas, como castanhas, amendoins, nozes, amêndoas e pistache; produtos lácteos e seus derivados desnatados; gorduras boas, como azeite, óleo de coco, manteiga e outros.

Outras coisas que ajudam a baixar a taxa de glicose sanguínea30 são: praticar exercícios físicos regulamente, parar de fumar e reduzir o consumo de álcool. Muitas vezes só com essas medidas, sem medicação, é possível reverter o estado de pré-diabetes1.

Como evolui o pré-diabetes1?

Normalmente, o paciente entra no chamado pré-diabetes1 antes de desenvolver o diabetes tipo 26. No entanto, ser diagnosticado com pré-diabetes1 não é sentença inexorável de que desenvolverá diabetes5. Com a manutenção dos cuidados indicados, o nível de glicose14 pode baixar e a sombra do diabetes tipo 26 desaparecer, de uma vez por todas.

Quais são as complicações possíveis com o pré-diabetes1?

A complicação mais séria do pré-diabetes1 é a progressão para diabetes tipo 26, com suas consequências.

Veja também sobre "Intolerância à glicose14", "Como medir a glicose14 no sangue4", "Sinais31 de doenças cardíacas em mulheres" e "Hemoglobina glicosilada32".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic e da Cleveland Clinic.

ABCMED, 2020. Pré-diabetes: saiba como ele é e o que fazer para evitá-lo. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/diabetes-mellitus/1383203/pre-diabetes-saiba-como-ele-e-e-o-que-fazer-para-evita-lo.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Pré-diabetes: Condição em que um teste de glicose, feito após 8 a 12 horas de jejum, mostra um nível de glicose mais alto que o normal mas não tão alto para um diagnóstico de diabetes. A medida está entre 100 mg/dL e 125 mg/dL. A maioria das pessoas com pré-diabetes têm um risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 2.
2 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
3 Açúcar: 1. Classe de carboidratos com sabor adocicado, incluindo glicose, frutose e sacarose. 2. Termo usado para se referir à glicemia sangüínea.
4 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
5 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
6 Diabetes tipo 2: Condição caracterizada por altos níveis de glicose causada tanto por graus variáveis de resistência à insulina quanto por deficiência relativa na secreção de insulina. O tipo 2 se desenvolve predominantemente em pessoas na fase adulta, mas pode aparecer em jovens.
7 Derrame: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
8 Gordura: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Os alimentos que fornecem gordura são: manteiga, margarina, óleos, nozes, carnes vermelhas, peixes, frango e alguns derivados do leite. O excesso de calorias é estocado no organismo na forma de gordura, fornecendo uma reserva de energia ao organismo.
9 Diabetes gestacional: Tipo de diabetes melito que se desenvolve durante a gravidez e habitualmente desaparece após o parto, mas aumenta o risco da mãe desenvolver diabetes no futuro. O diabetes gestacional é controlado com planejamento das refeições, atividade física e, em alguns casos, com o uso de insulina.
10 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
11 Ovário: Órgão reprodutor (GÔNADAS) feminino. Nos vertebrados, o ovário contém duas partes funcionais Sinônimos: Ovários
12 Glicemia: Valor de concentração da glicose do sangue. Seus valores normais oscilam entre 70 e 110 miligramas por decilitro de sangue (mg/dl).
13 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
14 Glicose: Uma das formas mais simples de açúcar.
15 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
16 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
17 Insulina: Hormônio que ajuda o organismo a usar glicose como energia. As células-beta do pâncreas produzem insulina. Quando o organismo não pode produzir insulna em quantidade suficiente, ela é usada por injeções ou bomba de insulina.
18 Pâncreas: Órgão nodular (no ABDOME) que abriga GLÂNDULAS ENDÓCRINAS e GLÂNDULAS EXÓCRINAS. A pequena porção endócrina é composta pelas ILHOTAS DE LANGERHANS, que secretam vários hormônios na corrente sangüínea. A grande porção exócrina (PÂNCREAS EXÓCRINO) é uma glândula acinar composta, que secreta várias enzimas digestivas no sistema de ductos pancreáticos (que desemboca no DUODENO).
19 Circulação: 1. Ato ou efeito de circular. 2. Facilidade de se mover usando as vias de comunicação; giro, curso, trânsito. 3. Movimento do sangue, fluxo de sangue através dos vasos sanguíneos do corpo e do coração.
20 Diabetes tipo 1: Condição caracterizada por altos níveis de glicose causada por deficiência na produção de insulina. Ocorre quando o próprio sistema imune do organismo produz anticorpos contra as células-beta produtoras de insulina, destruindo-as. O diabetes tipo 1 se desenvolve principalmente em crianças e jovens, mas pode ocorrer em adultos. Há tendência em apresentar cetoacidose diabética.
21 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
22 Micção: Emissão natural de urina por esvaziamento da bexiga.
23 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
24 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
25 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
26 Glicemia de jejum: Teste que checa os níveis de glicose após um período de jejum de 8 a 12 horas (frequentemente dura uma noite). Este teste é usado para diagnosticar o pré-diabetes e o diabetes. Também pode ser usado para monitorar pessoas com diabetes.
27 Mg/dL: Miligramas por decilitro, unidade de medida que mostra a concentração de uma substância em uma quantidade específica de fluido.
28 Curva Glicêmica: Ou TOTG. Segundo a NDDG (National Diabetes Data Group) o teste é feito após jejum de 12 a 16 horas, 3 dias de dieta prévia contendo no mínimo 150 gramas de carboidrato/dia. Durante o teste: não pode fumar ou comer e deve permanecer em repouso total, pode ingerir apenas água. Coleta-se uma amostra de glicemia de jejum. Administra-se ao paciente sobrecarga de glicose: No adulto: 75g Na gestante: até 100g a critério médico Em crianças: 1,75 g/ kg de peso. A concentração da solução não deve ultrapassar 25 g/dl, e o tempo de ingestão deve ser inferior a 5 minutos. Coleta-se amostras de sangue a cada 30 minutos, até 120 minutos de teste - 5 amostras. Na interpretação do teste: Normal: Glicemia de jejum inferior a 110 mg/dl Glicemia após 120 minutos inferior a 140 mg/dl Nenhum valor durante o teste superior a 200 mg/dl Tolerância Diminuída à Glicose: Glicemia de jejum inferior a 140 mg/dl Glicemia após 120 minutos entre 140 e 200 mg/dl No máximo um valor durante o teste superior a 200 mg/dl Diabetes Melito: Glicemia de jejum superior a 140 mg/dl Todos os outros resultados da curva superiores a 200 mg/dl Diabetes Gestacional: pelo menos 2 resultados como se segue: Glicemia de jejum superior a 105,0 mg/dl Glicemia de 1 hora superior a 190,0 mg/dl Glicemia de 2 horas superior a 165,0 mg/dl Glicemia de 3 horas superior a 145,0 mg/dl.
29 Hemoglobina glicada: Hemoglobina glicada, hemoglobina glicosilada, glico-hemoglobina ou HbA1C e, mais recentemente, apenas como A1C é uma ferramenta de diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos. Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada um dos principais objetivos do controle glicêmico de pacientes diabéticos. Algumas sociedades médicas adotam metas terapêuticas mais rígidas de 6,5% para os valores de A1C.
30 Glicose sanguínea: Também chamada de açúcar no sangue, é o principal açúcar encontrado no sangue e a principal fonte de energia para o organismo.
31 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
32 Hemoglobina glicosilada: Hemoglobina glicada, hemoglobina glicosilada, glico-hemoglobina ou HbA1C e, mais recentemente, apenas como A1C é uma ferramenta de diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos. Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada um dos principais objetivos do controle glicêmico de pacientes diabéticos. Algumas sociedades médicas adotam metas terapêuticas mais rígidas de 6,5% para os valores de A1C.
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