Ferimento por arma branca
O que é arma branca?
Por “arma branca” é designado um objeto que possa ser utilizado agressivamente, para atacar ou se defender de alguém ou de alguma coisa, mas que a princípio não tem esta finalidade e sim, geralmente, a de trabalho. Uma outra definição alega ser arma branca todo o objeto construído com o objetivo de atacar algo ou alguém de maneira manual.
Em inglês, a expressão “arma branca” é traduzida para “cold weapon” (arma fria). De um modo geral, o contraste é feito com arma de fogo e explosivos. Elas não requerem pólvora ou materiais explosivos e por isso são chamadas armas frias.
As armas brancas são punhais, facas, facões, canivetes, estiletes, espadas, machados e outros objetos que possuam lâminas e, em geral, são empunhadas pela pessoa que faz uso delas.
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O que é ferimento por arma branca?
O ferimento por arma branca é um trauma físico que pode ser causado por meio de violência, seja ela de terceiros ou autoinfligida, e pode ser de sete tipos diferentes conforme sua aparência e natureza clínica. Os ferimentos podem ser:
- Ferimentos perfurantes, quando o ferimento é feito com um instrumento que perfure o tecido1 com uma ponta aguda que pode ter diversos formatos. O risco relacionado a este tipo de ferimento é a perfuração de órgãos internos, assim gerando uma hemorragia2 externa ou interna (para dentro de órgãos ou cavidades do corpo). Os objetos mais comuns utilizados nesse tipo de ferimento são chave de fenda, agulha, florete, punhal, faca, canivete, etc.
- Os ferimentos cortantes são feitos com instrumentos que possuam lâminas. Normalmente, os ferimentos cortantes geram graves hemorragias3 externas quando atingem veias4 e/ou artérias5. Em geral, esses ferimentos são infligidos por lâminas, giletes, navalhas, etc.
- Os ferimentos contundentes ocorrem quando o ferimento é feito através da pressão do objeto contra o corpo, sem a necessidade de perfuração do tecido1 exterior da vítima, porém gerando danos interiores. O risco relacionado a este tipo de ferimento é a laceração de tecidos internos. Os objetos que mais comumente causam esse tipo de ferimento são martelo6, pedaço de pau, soco inglês, etc.
- Os ferimentos perfurocortantes são ferimentos que, além de cortar, geram danos pela perfuração, assim perfurando o tecido1 interior e exterior. Os riscos relacionados a este tipo de ferimento são a perfuração de tecidos internos, hemorragia2 externa e sangramentos internos. Na maioria das vezes, são devidos a facas, garrafas, vidros quebrados, etc.
- Os ferimentos cortocontundentes são ferimentos que, além de cortar, geram danos pela contusão7 ou impacto. Assim, os riscos relacionados a este tipo de ferimento são a perfuração de órgãos, amputações e ferimentos relacionados. São o tipo de ferimento ocasionado por machado, guilhotina, foice, etc.
- Os ferimentos perfurocontundentes são ferimentos causados por objetos que perfuram e geram contusão7 com o impacto de forma simultânea. Os riscos relacionados a este tipo de ferimento são a perfuração de órgãos internos e hemorragias3. Os objetos que mais comumente causam esse tipo de ferimento são picareta, lança, arpão, etc.
- Os ferimentos perfurocortocontundentes são considerados a categoria de ferimentos mais complexos de se tratar, pois eles causam os três tipos de danos possíveis através de armas brancas, eles perfuram, cortam e fraturam o seu alvo. Os riscos envolvem todos os riscos atribuídos aos ferimentos perfurantes, cortantes e contundentes. Os instrumentos mais comumente usados são o facão e katana (um tipo de espada ornamental).
A gravidade do ferimento depende do grau de violência com que o golpe tenha sido desferido, do instrumento usado e das estruturas anatômicas que ele atingiu, e pode variar desde danos ligeiros e superficiais até lesões8 mortais de imediato ou após um certo tempo.
Aspectos clínicos e primeiros socorros em casos de ferimento por arma branca
Do ponto de vista da aparência clínica, os ferimentos podem ser classificados (1) naqueles em que não há rompimento da pele9 (hematoma10 e equimose11) e (2) naqueles em que esse rompimento ocorre. Os ferimentos podem variar também conforme a profundidade (superficial ou profundo), complexidade (simples ou complicado), contaminação (limpo ou contaminado) e natureza do agente agressor (físicos ou químicos).
Cada um desses tipos implica manifestações clínicas diferentes e providências terapêuticas específicas. Nas feridas perfurantes, o orifício de entrada deve ser protegido. Se a arma branca permanece no corpo, não deve ser removida e sim fixada para que permaneça imobilizada durante o transporte, pois a retirada pode agravar o sangramento.
Os ferimentos superficiais envolvem pele9, tecido subcutâneo12 e músculos13; os profundos são aqueles que atingem estruturas profundas ou nobres, como nervos, tendões14, vasos calibrosos, ossos e vísceras.
Os ferimentos simples são aqueles em que não há perda tecidual nem contaminação ou corpo estranho inserido no organismo. Nos ferimentos complicados há perda tecidual, como ocorre nos esmagamentos, queimaduras, avulsão, deslocamento de tecidos ou implantação de corpo estranho.
Nos ferimentos limpos não há a presença de resíduos ou sujeira e nos contaminados, além da presença de sujeira, pode haver também corpo estranho ou microrganismo patogênico15.
Os agentes físicos podem ser mecânicos, elétricos, irradiantes ou térmicos e os químicos são representados por cáusticos, álcalis e térmicos que, em geral, causam queimaduras.
Os primeiros cuidados com os ferimentos por armas brancas, ainda no atendimento pré-hospitalar dos ferimentos, visam a três objetivos principais: (1) proteger a ferida contra o trauma secundário; (2) conter sangramentos e (3) proteger contra infecção16. No entanto, não se deve evitar perder tempo em cuidados com ferimentos que não sangram ativamente e não atingem os planos profundos porque eles retardam o transporte ao hospital, o que pode agravar o estado geral dos pacientes com lesões8 internas associadas.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da PUCSP – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e da Universidade de Campinas.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.