Mioclonias - conceito, tipos, causas, diagnóstico e tratamento
O que são mioclonias?
As mioclonias são contrações musculares raras (2%), súbitas, localizadas e involuntárias que podem ocorrer em várias partes do corpo. Elas são devidas à contração rápida e breve de um músculo ou grupo de músculos1. Podem variar em intensidade e frequência e a causa subjacente pode determinar se elas são um sintoma2 benigno ou indicativas de um problema médico mais sério.
As mioclonias podem ser fisiológicas3 e ocorrer em pessoas saudáveis como um reflexo natural do corpo, mas também podem ser um sintoma2 de condições médicas subjacentes.
Tipos de mioclonias
Existem diversos tipos de mioclonias:
- As mioclonias fisiológicas3 são comuns em pessoas saudáveis e podem ocorrer como resultado de estímulos externos, como um susto, um espasmo4 ao adormecer ou durante o exercício intenso. Elas geralmente não são motivos de preocupação.
- As mioclonias essenciais são espontâneas e podem ocorrer em várias partes do corpo, como os braços, pernas ou rosto. Elas não estão associadas a uma condição médica subjacente e não causam, por si mesmas, problemas significativos.
- As mioclonias sintomáticas são causadas por uma condição médica subjacente, como epilepsia5, distúrbios metabólicos, doenças neurodegenerativas ou efeitos colaterais6 de medicamentos. Elas podem ser um sintoma2 preocupante e requerem avaliação médica.
- As mioclonias corticais se originam no córtex cerebral, a camada externa do cérebro7. Elas podem ser um sintoma2 de epilepsia5 mioclônica8, que é um tipo de epilepsia5 caracterizado por ataques de mioclonias (crises mioclônicas9).
- As mioclonias palatinas afetam os músculos1 do palato10 (céu da boca11) e podem causar movimentos involuntários da boca11 e da garganta12.
- As mioclonias propriamente ditas ocorrem como resultado de doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer13 ou a doença de Creutzfeldt-Jakob, por exemplo. Elas podem afetar todo o corpo, sendo um sintoma2 de uma condição médica grave.
Quais são as causas das mioclonias?
A maioria das mioclonias tem causas benignas, embora ainda não se saiba exatamente os mecanismos que as desenvolvem. Entretanto, podem ser sintomas14 associados a outras doenças, como insuficiência15 hepática16 ou renal17; alterações metabólicas; doença degenerativas18 do SNC19; traumatismo20 craniano; demências; alguns transtornos convulsivos e consequência do uso de doses elevadas de algumas medicações.
Há também uma efetiva participação genética, uma vez que as mioclonias têm uma evidente incidência21 familiar.
Qual é o substrato fisiopatológico das mioclonias?
A fisiopatologia22 exata das mioclonias fisiológicas3 não é compreendida, mas acredita-se que elas envolvam disfunções em circuitos cerebrais responsáveis pelo controle do movimento, sem que ocorra anormalidades estruturais evidentes no cérebro7.
As mioclonias epilépticas são devidas a descargas elétricas anormais no cérebro7 que podem levar a interrupções temporárias na comunicação entre os neurônios23 e causar os movimentos involuntários. As mioclonias metabólicas são devidas a um desequilíbrio químico que afeta o funcionamento do sistema nervoso24.
Por outro lado, traumas cerebrais, o uso de medicamentos ou substâncias tóxicas, acidentes vasculares25 cerebrais, distúrbios degenerativos26 ou outras lesões27 no cérebro7 podem danificar áreas responsáveis pelo controle do movimento, levando a mioclonias.
Leia sobre "Doenças autoimunes28" e "Doenças degenerativas18" e "Genética - conceitos básicos".
Quais são as características clínicas das mioclonias?
As mioclonias podem ser moderadas ou graves. Os espasmos29 musculares podem ser rápidos ou lentos, ritmados ou arrítmicos. Eles podem ocorrer de vez em quando, de modo esporádico, ou serem frequentes e espontâneos ou provocados por algum estímulo, como um ruído, luz ou movimento súbito.
Uma forma comum desses espasmos29 ocorre durante o sono, sendo esse fato um exemplo frequente dessa condição, principalmente em crianças. Trata-se de algo que acontece no início do sono e gera a sensação de susto ou de estar caindo e acordar logo em seguida. O fenômeno é benigno e é frequente em crianças e pessoas que estejam dormindo em uma posição desconfortável ou estão muito cansadas. Segundo a Academia Americana de Medicina do Sono, esse espasmo4 é bastante comum e ocorre em algum momento em até quase todas as pessoas.
No entanto, mioclonias também podem estar associadas com problemas neurológicos graves, como, por exemplo, a Doença de Parkinson30 e o traumatismo20 craniano, dentre outros.
Algumas mioclonias são devidas a contrações musculares e, nesse caso, são chamadas de mioclonias positivas, mas também podem ser devidas a relaxamento ou diminuição do tônus muscular31, podendo levar o paciente a quedas. Nesse caso, são chamadas de mioclonias negativas.
Como o médico diagnostica as mioclonias?
Em geral, o diagnóstico32 das mioclonias se baseia na observação direta dos sintomas14 ou no relato dos pacientes. O diagnóstico32 das suas causas, no entanto, depende de exames de laboratório ou de imagens.
Um exame de sangue33 geralmente é realizado para verificar as funções renais e hepática16 e para apurar o nível de glicose34, cálcio, magnésio ou sódio no sangue33, de modo que níveis anormais dessas substâncias podem indicar que a causa das mioclonias é uma doença metabólica. Uma ressonância magnética35 pode ajudar a detectar alguma anormalidade no cérebro7. O eletroencefalograma36 pode revelar um transtorno convulsivo numa pessoa com mioclonias.
Como o médico trata as mioclonias?
O tratamento das mioclonias deve ser dirigida à causa subjacente, se ela for conhecida e tratável. Se a causa for desconhecida ou não puder ser corrigida, certos medicamentos podem atenuar ou suprimir os sintomas14.
Saiba mais sobre "Eletromiografia37", "Nevralgia ou neuralgia38", "Doenças desmielinizantes39" e "Doença do neurônio motor".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da BVS - Biblioteca Virtual em Saúde e da Prefeitura da Cidade de Ribeirão Preto – SP.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.