Doença de Pompe
O que é doença de Pompe?
A doença de Pompe é uma doença muscular rara, ocorrendo devido à acumulação progressiva e muitas vezes fatal de glicogênio1 nos lisossomas das células2. Ela pode se manifestar nos primeiros 12 meses de vida ou mais tardiamente, durante a infância ou na adolescência. Os dados de incidência3 são limitados, com relatos variando de 1 em 14.000 a 1 em 300.000, dependendo da etnia ou da área geográfica estudada. Foi originalmente descrita por PJ Pompe, um patologista4 holandês, em 1932.
Quais são as causas da doença de Pompe?
A doença de Pompe é um distúrbio autossômico5 recessivo causado por um gene defeituoso que leva à deficiência de uma enzima6 chamada alfa-glicosidase ácida (GAA).
Qual é o mecanismo fisiológico7 da doença de Pompe?
A doença de Pompe é causada por um gene defeituoso que leva a uma deficiência enzimática. A ausência dessa enzima6 resulta no acúmulo excessivo de glicogênio1, que é armazenado em um compartimento especializado de células musculares8 em todo o corpo. Para que os músculos9 possam funcionar normalmente, estas células2 precisam da energia que é obtida através do glicogênio1, uma espécie de “açúcar” advindo de um processo metabólico por meio da alimentação.
Este glicogênio1 é armazenado nas células2 em uma estrutura especial chamada lisossomo. Para que as células2 do tecido10 muscular possam utilizar esta substância, ela precisa estar disponível através da ação de uma enzima6 chamada alfa-glicosidase ácida. É exatamente esta enzima6 que está reduzida ou mesmo em falta nos pacientes com a doença de Pompe. Assim, o glicogênio1 em vez de ser utilizado como fonte de energia, passa a se acumular nos lisossomos, levando à destruição das células2 do tecido10 muscular.
Quais são as principais características clínicas da doença de Pompe?
A doença de Pompe se manifesta sob diversos aspectos clínicos que variam com relação à idade de início, taxa de progressão e extensão do envolvimento de órgãos. O curso geral da doença é o mesmo em todos os pacientes com doença de Pompe, ou seja, o acúmulo de glicogênio1 nos tecidos-alvo levando à debilitação progressiva, falência de órgãos e/ou morte.
A gravidade da doença varia de acordo com a idade de início, quais órgãos estão envolvidos, grau do comprometimento muscular (esquelético, respiratório, cardíaco) e taxa de progressão da doença. Essa variabilidade permitiu a criação de dois tipos da doença.
- A forma de início infantil, que inclui pacientes que exibem a doença rapidamente progressiva, caracterizada por cardiomegalia11 (aumento do tamanho do coração12), hepatomegalia13 (aumento do tamanho do fígado14), fraqueza, hipotonia15 e morte por insuficiência16 cardiorrespiratória no primeiro ano de vida. Pacientes com a doença de Pompe infantil menos grave têm progressão mais lenta e cardiomiopatia menos grave. A doença de início depois da primeira infância normalmente não inclui cardiomiopatia grave.
- A forma de início na idade adulta, que é caracterizada por uma miopatia17 lentamente progressiva que pode se apresentar da segunda à sexta décadas de vida, envolvendo sobretudo a musculatura esquelética.
Como o médico diagnostica a doença de Pompe?
O diagnóstico18 frequentemente torna-se um difícil dilema, devido à raridade da condição e à natureza relativamente inespecífica das suas características fenotípicas19 o que, muitas vezes, apenas leva à suspeita da doença. De um modo geral, os pacientes com doença de Pompe devem ser acompanhados a cada seis meses.
O diagnóstico18 etiológico20 definitivo é realizado através do ensaio da atividade enzimática da alfa-glicosidase ácida e da genotipagem pelas técnicas de biologia molecular. A cromatografia de oligossacarídeos ou o achado de glicogênio1 na urina21 pode também auxiliar o diagnóstico18.
Como o médico trata a doença de Pompe?
A doença de Pompe não tem cura, mas existem tratamentos que podem controlá-la. Até recentemente, não havia nenhum desses tratamentos para a patologia22, além dos cuidados de suporte.
A introdução da Terapia de Reposição Enzimática, em 2006, alterou o prognóstico23 da doença, mostrando-se capaz de estabilizar ou até mesmo reverter as lesões24 causadas pelo acúmulo intracelular de glicogênio1. Esta nova perspectiva de tratamento aumentou a necessidade do diagnóstico18 precoce, para prevenir o aparecimento de lesões24 irreversíveis e proporcionar aos pacientes uma maior sobrevida25 e melhor qualidade de vida.
Além disso, o tratamento fisioterapêutico é um importante aliado no tratamento da doença de Pompe, principalmente em sua forma tardia. Juntamente com ele, o paciente deve trabalhar o fortalecimento muscular, com exercícios para ganhar tônus muscular26 e exercícios aeróbicos, junto com uma nutrição27 balanceada.
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As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.