Tônus muscular - o que precisamos saber sobre ele?
O que é tônus muscular1?
O tônus muscular é o estado de tensão permanente do músculo estriado2 em repouso (contração ligeira), a qual pode ser clinicamente verificada pela resistência que o músculo oferece ao movimento passivo. O tônus muscular1 é determinado por estímulos nervosos, sendo um processo totalmente inconsciente, mas mantém os músculos3 em alerta para entrar em ação.
Qual é o substrato fisiológico4 do tônus muscular1?
Normalmente, os músculos3 mantêm-se em um estado de contração parcial, mesmo quando em repouso. Esse estado, chamado de tônus muscular1, depende de estimulação nervosa inconsciente, não intencional, que mantém os músculos3 preparados para funcionar. Nesse estado, ele inicia a contração mais rapidamente após receber os impulsos dos centros nervosos. Num estado de relaxamento completo (sem tônus ou com tônus muito baixo), o músculo levaria mais tempo a iniciar a contração ou ela nem mesmo seria possível.
Quando o nervo que estimula um músculo é seccionado, o músculo perde de todo seu tônus, se torna flácido e sem capacidade de contração. Ao contrário, estados de tensão emocional podem aumentar o tônus muscular1, causando a sensação física de tensão muscular aumentada. As pessoas em que isso acontece são comumente chamadas de “tensas”. Nesta condição, elas gastam mais energia que o normal e a causa disso é um aumento da fadiga5.
O tônus muscular1 tem dois componentes: (1) o componente contrátil, criado pela ativação de baixa frequência de um pequeno número de unidades motoras e (2) o componente viscoelástico, que é independente da atividade neural e reflete as propriedades físicas passivas da tensão elástica da fibra muscular elementar e da pressão osmótica6 das células7.
Leia também sobre "Hipertonia8 em bebês9", "Paralisia10 cerebral infantil" e "Teste de Apgar".
Variações do tônus muscular1?
O tônus muscular1 pode ser normal, alto ou baixo.
- Tônus normal significa que existe a quantidade “certa” de tensão dentro do músculo em repouso e que ele é capaz de contrair ou relaxar sob comando. A pessoa pode “dizer” a seu músculo para fazer o que ela quiser, quando quiser e com a quantidade de força apropriada. Esta quantidade de tensão muscular é necessária e suficiente para fazer face11 às forças gravitacionais naturais e manter a pessoa ereta, mas também relaxada o suficiente para permitir um movimento fácil em todos os planos.
- Tônus alto significa que o músculo está contraído e tenso, mesmo em repouso, e tanto os movimentos passivos como os ativos ficam mais difíceis, sendo necessária uma maior força para movimentar o corpo. Em casos severos ou patológicos, sobretudo em crianças, os braços e as pernas podem ficar fortemente contorcidos.
- Tônus baixo significa que não há tensão suficiente no músculo quando ele está em repouso. O músculo pode dar uma sensação de ligeiramente pastoso ou mole e quando ele está sendo usado há uma falta total de controle. Quando o tônus geral de um músculo diminui, pouca ou nenhuma resistência ao movimento passivo é sentida e ele ocorre com muito mais facilidade.
O tônus muscular1 pode estar alterado de maneira geral ou localizada. Clinicamente, isso pode ser avaliado pela palpação12 dos músculos3 e pela resistência dos músculos3 à movimentação passiva. Quando ele estiver aumentado, denomina-se a condição de hipertonia8 e quando apresentar-se diminuído, de hipotonia13. Afora as patologias que alteram ostensivamente o tônus muscular1, as hipertonias generalizadas ou localizadas podem se dever a questões psicológicas e podem ser diminuídas por técnicas de relaxamento e massagens.
A hipertonia8 patológica é uma condição em que o músculo perde a capacidade de estiramento, podendo resultar em aumento da rigidez devido à sinalização constante de contração muscular. Ela ocorre quando a comunicação entre o cérebro14 e a medula espinhal15 é afetada por lesões16 ou doenças. As pessoas com hipertonia8 apresentam dificuldade para se movimentar, mas além disso pode haver também dor muscular, diminuição dos reflexos, falta de agilidade, cansaço excessivo, falta de coordenação e espasmos17 musculares. Nas crianças, a hipertonia8 pode acontecer devido a danos durante a vida intrauterina, no entanto, a causa maior está relacionada com a paralisia10 cerebral.
Pode-se distinguir dois tipos diferentes de hipertonia8:
(1) Hipertonia8 elástica ou espasticidade18, comum em pacientes com acidente vascular19 encefálico, ocorre quando ao final da mobilização do membro comprometido há um retorno imediato e de uma só vez à posição inicial, é como se estivesse manipulando um elástico (cede mas volta à posição de origem).
(2) Hipertonia8 plástica, caracterizada por aumento na resistência passiva ao alongamento por limitar a amplitude dos movimentos do músculo agonista20 (trava e cede), há uma rigidez, comum em pacientes com Parkinson.
A hipotonia13 é a diminuição do tônus e da força muscular, causando um estado de maior moleza ou flacidez geral da musculatura. Fisiologicamente, pode se dar de forma leve, por inatividade muscular, mas também pode atingir graus extremos de gravidade, em algumas patologias. Mais comumente está relacionada à paralisia10 infantil ou outras desordens neuromusculares como, por exemplo, danos cerebrais, normalmente devidos à falta de oxigenação deste órgão no nascimento, síndrome de Down21 e doença de Tay-Sachs.
Além da diminuição do tônus e da força muscular, caracteriza-se por uma hiperflexibilidade, reflexos pobres, dificuldades de fala, diminuição da resistência às atividades e postura debilitada. Nas crianças, pode ocasionar falta de controle parcial ou total da cabeça22 e atraso no desenvolvimento motor.
Tanto a hipertonia8 quanto a hipotonia13 patológica quase sempre estão associadas à paralisia10, chamadas respectivamente de paralisia10 espástica e paralisia10 flácida.
Leia sobre "Distonias23", "Espasticidade18 muscular", "Reeducação postural global (RPG)" e "Reabilitação funcional".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Science Direct e da Encyclopedia Britannica.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.