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Distrofia simpático reflexa ou síndrome dolorosa complexa regional

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O que é distrofia1 simpático2 reflexa?

A distrofia1 simpático2 reflexa (RSD, sigla em inglês) também é conhecida por vários outros nomes: atrofia3 de Sudeck, algodistrofia, causalgia, síndrome4 ombro-mão5, neuroalgodistrofia, distrofia1 simpático2 pós-traumática e síndrome4 dolorosa complexa regional. Este último nome talvez seja o mais em voga atualmente.

A RSD é um distúrbio que causa dor repentina intensa e inchaço6, geralmente em um braço ou perna, às vezes sem causa aparente, e que dura meses ou tempo maior.

Quais são as causas da distrofia1 simpático2 reflexa?

Ela ocorre devido a danos nos nervos, quando o sistema nervoso7 simpático2 e/ou o sistema imunológico8 funcionam mal. Os nervos danificados falham em seu funcionamento normal, enviando ao cérebro9 sinais10 excessivos de dor da área afetada. Em geral, aparece após uma lesão11, derrame12 ou até ataque cardíaco. Às vezes é causada por lesão11 no tecido13 sem danos diretos nos nervos.

Cerca de 90% das pessoas com RSD conseguem determinar o que causou a sua doença, como traumas, infecções14, lesões15 nos tecidos moles, entorses16, terapia de radiação, câncer17, cirurgia, paralisias, ataque cardíaco, acidente vascular cerebral18 e estresse emocional. Em alguns casos o paciente pode experimentar distrofia1 simpático2 reflexa sem nenhuma condição médica subjacente. Nesses casos, a causa permanece desconhecida.

Qual é o substrato fisiopatológico da distrofia1 simpático2 reflexa?

A fisiopatologia19 da RSD ainda não está totalmente clara, mas a sensibilização central e nociceptiva periférica e a liberação de neuropeptídeos (substâncias químicas produzidas e liberadas pelas células20 cerebrais que fazem a comunicação entre os neurônios21) ajudam a manter a dor e a inflamação22.

O sistema nervoso7 simpático2 está mais envolvido que em outras síndromes de dor neuropática23: a atividade simpático2 central está aumentada e os nociceptores periféricos (terminações nervosas responsáveis pela recepção de estímulos aversivos, inclusive a dor) estão sensibilizados para a noradrenalina24.

Essas alterações podem causar sudorese25 anormal e fluxo sanguíneo deficiente, decorrente de vasoconstrição26. Apesar de tudo, apenas alguns pacientes respondem ao bloqueio simpático2 medicamentoso central ou periférico.

Quais são as características clínicas da distrofia1 simpático2 reflexa?

A RSD ocorre nas extremidades do corpo e mais frequentemente afeta os membros superiores, mas também é possível tê-la nos membros inferiores. Os sintomas27 principais incluem rigidez, desconforto, dor ou sensação de queimação, inchaço6, sensibilidade aumentada ao calor ou ao frio, fraqueza, espasmos28 ou atrofias29 musculares, calor, vermelhidão ou um tom azulado da pele30, suor ao redor da área afetada, dor nas articulações31 e mudanças nas unhas32 e cabelos.

A maioria dos sintomas27 começa no local da doença, mas pode se espalhar à medida que a RSD progride. O paciente pode começar tendo sintomas27 de um só lado, os quais passam ao lado oposto à medida que a condição piora. Os sintomas27 podem começar levemente e depois se tornarem mais graves, interferindo na vida diária do paciente. A condição mental do paciente também pode ser afetada, com ansiedade, depressão ou transtorno de estresse pós-traumático.

Leia sobre "Estresse pós-traumático", "Distrofia1 miotônica de Steinert" e "Atrofia3 muscular."

Como o médico diagnostica a distrofia1 simpático2 reflexa?

Clinicamente, a RSD é diagnosticada quando os pacientes têm dor contínua desproporcional a qualquer lesão11 tecidual e quando a dor corresponde a certos critérios, como a existência de 2 de 4 sinais10 e de 3 a 4 sintomas27 das seguintes categorias:

  1. Categoria sensorial: hiperestesia ou alodinia33 (aumento da sensibilidade à dor causada por um estímulo que normalmente não provoca dor)
  2. Categoria vasomotora: assimetria de temperatura ou alterações assimétricas na coloração da pele30, sudorese25 assimétrica ou edema34.
  3. Categoria motora ou trófica35: alterações tróficas na pele30, cabelo36 ou unhas32, diminuição da amplitude de movimento ou disfunção motora.

Alterações ósseas como desmineralização ou absorção aumentada pela cintilografia37 também podem ser detectadas. Os exames de imagem não são específicos porque também podem conter alterações após trauma em pacientes sem RSD, tornando os achados inespecíficos.

Um teste do comprometimento simpático2 consiste em ministrar ao paciente uma infusão intravenosa de soro38 fisiológico39 (placebo40) e outra de fentolamina enquanto a classificação da dor é registrada; a diminuição da dor após a administração da fentolamina, mas não do placebo40, indica dor de origem simpática. O bloqueio químico do nervo simpático2 (gânglio41 estrelado ou lombar) tem sido usado para o diagnóstico42 e tratamento da distrofia1 simpático2 reflexa. No entanto, resultados falso-positivos e falso-negativos são comuns, pois nem toda dor da síndrome4 complexa de dor regional é de manutenção simpática e o bloqueio nervoso também pode afetar fibras não simpáticas.

Como o médico trata a distrofia1 simpático2 reflexa?

Uma variedade de tratamentos está disponível e é importante receber tratamento precoce para evitar a piora dos sintomas27. O tratamento é multimodal (fármacos, fisioterapia43, bloqueio simpático2, tratamentos psicológicos, neuromodulação e terapia de espelho) e tem como um dos seus principais objetivos aumentar a mobilidade do membro comprometido.

O tratamento da RSD é complexo e em geral insatisfatório. Muitos fármacos como antidepressivos tricíclicos, anticonvulsivantes e corticoides podem ser tentados, mas nenhum dá resultados notoriamente melhor que os demais. O tratamento a longo prazo com analgésicos44 opioides pode ser útil para determinados pacientes. Em alguns pacientes com RSD, o bloqueio simpático2 medicamentoso regional alivia a dor, de modo a tornar possível a fisioterapia43

Para neuromodulação estão sendo cada vez mais usados estimuladores implantados na coluna vertebral45. Outros métodos de neuromodulação são a rápida fricção da parte afetada e a acupuntura. Sabe-se que nenhuma forma de neuromodulação é mais eficaz que outra e que uma resposta insuficiente a uma forma não significa resposta insuficiente a outra.

A fisioterapia43 é essencial. Os objetivos incluem mobilização, fortalecimento, aumento da amplitude de movimento e reabilitação profissional.

Como evolui em geral a distrofia1 simpático2 reflexa?

É difícil de prever a evolução da RSD porque ela varia bastante. Pode haver remissão em pouco tempo ou ela pode permanecer estável durante anos. Em alguns casos, ela progride e se dissemina para outras áreas do corpo.

Leia sobre "Tumor46 de Pancoast", "Fisioterapia43" e "Acupuntura".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites do New York Healthcare e da Mayo Clinic.

ABCMED, 2020. Distrofia simpático reflexa ou síndrome dolorosa complexa regional. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1367258/distrofia-simpatico-reflexa-ou-sindrome-dolorosa-complexa-regional.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Distrofia: 1. Acúmulo de grande quantidade de matéria orgânica, mas poucos nutrientes, em corpos de água, como brejos e pântanos. 2. Na medicina, é qualquer problema de nutrição e o estado de saúde daí decorrente.
2 Simpático: 1. Relativo à simpatia. 2. Que agrada aos sentidos; aprazível, atraente. 3. Em fisiologia, diz-se da parte do sistema nervoso vegetativo que põe o corpo em estado de alerta e o prepara para a ação.
3 Atrofia: 1. Em biologia, é a falta de desenvolvimento de corpo, órgão, tecido ou membro. 2. Em patologia, é a diminuição de peso e volume de órgão, tecido ou membro por nutrição insuficiente das células ou imobilização. 3. No sentido figurado, é uma debilitação ou perda de alguma faculdade mental ou de um dos sentidos, por exemplo, da memória em idosos.
4 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
5 Mão: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
6 Inchaço: Inchação, edema.
7 Sistema nervoso: O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal e a porção periférica está constituída pelos nervos cranianos e espinhais, pelos gânglios e pelas terminações nervosas.
8 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
9 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
10 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
11 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
12 Derrame: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
13 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
14 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
15 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
16 Entorses: É a torção de uma articulação, com lesão dos ligamentos (estrutura que sustenta as articulações).
17 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
18 Acidente vascular cerebral: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
19 Fisiopatologia: Estudo do conjunto de alterações fisiológicas que acontecem no organismo e estão associadas a uma doença.
20 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
21 Neurônios: Unidades celulares básicas do tecido nervoso. Cada neurônio é formado por corpo, axônio e dendritos. Sua função é receber, conduzir e transmitir impulsos no SISTEMA NERVOSO. Sinônimos: Células Nervosas
22 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
23 Neuropática: Referente à neuropatia, que é doença do sistema nervoso.
24 Noradrenalina: Mediador químico do grupo das catecolaminas, liberado pelas fibras nervosas simpáticas, precursor da adrenalina na parte interna das cápsulas das glândulas suprarrenais.
25 Sudorese: Suor excessivo
26 Vasoconstrição: Diminuição do diâmetro dos vasos sanguíneos.
27 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
28 Espasmos: 1. Contrações involuntárias, não ritmadas, de um ou vários músculos, podendo ocorrer isolada ou continuamente, sendo dolorosas ou não. 2. Qualquer contração muscular anormal. 3. Sentido figurado: arrebatamento, exaltação, espanto.
29 Atrofias: 1. Em biologia, é a falta de desenvolvimento de corpo, órgão, tecido ou membro. 2. Em patologia, é a diminuição de peso e volume de órgão, tecido ou membro por nutrição insuficiente das células ou imobilização. 3. No sentido figurado, é uma debilitação ou perda de alguma faculdade mental ou de um dos sentidos, por exemplo, da memória em idosos.
30 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
31 Articulações:
32 Unhas: São anexos cutâneos formados por células corneificadas (queratina) que formam lâminas de consistência endurecida. Esta consistência dura, confere proteção à extremidade dos dedos das mãos e dos pés. As unhas têm também função estética. Apresentam crescimento contínuo e recebem estímulos hormonais e nutricionais diversos.
33 Alodinia: A alodinia caracteriza-se por uma dor causada por um estímulo que normalmente não provoca dor. Diferente da hiperalgesia, que se caracteriza pelo aumento da sensibilidade à dor causada por um estímulo que normalmente provoca dor.
34 Edema: 1. Inchaço causado pelo excesso de fluidos no organismo. 2. Acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo, especialmente no tecido conjuntivo.
35 Trófica: Relativo à nutrição. Em biologia, é relativo a ou próprio de alimento ou do processo de alimentação.
36 Cabelo: Estrutura filamentosa formada por uma haste que se projeta para a superfície da PELE a partir de uma raiz (mais macia que a haste) e se aloja na cavidade de um FOLÍCULO PILOSO. É encontrado em muitas áreas do corpo.
37 Cintilografia: Procedimento que permite assinalar num tecido ou órgão interno a presença de um radiofármaco e acompanhar seu percurso graças à emissão de radiações gama que fazem aparecer na tela uma série de pontos brilhantes (cintilação); também chamada de cintigrafia ou gamagrafia.
38 Soro: Chama-se assim qualquer líquido de características cristalinas e incolor.
39 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
40 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
41 Gânglio: 1. Na anatomia geral, é um corpo arredondado de tamanho e estrutura variável; nodo, nódulo. 2. Em patologia, é um pequeno tumor cístico localizado em uma bainha tendinosa ou em uma cápsula articular, especialmente nas mãos, punhos e pés.
42 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
43 Fisioterapia: Especialidade paramédica que emprega agentes físicos (água doce ou salgada, sol, calor, eletricidade, etc.), massagens e exercícios no tratamento de doenças.
44 Analgésicos: Grupo de medicamentos usados para aliviar a dor. As drogas analgésicas incluem os antiinflamatórios não-esteróides (AINE), tais como os salicilatos, drogas narcóticas como a morfina e drogas sintéticas com propriedades narcóticas, como o tramadol.
45 Coluna vertebral:
46 Tumor: Termo que literalmente significa massa ou formação de tecido. É utilizado em geral para referir-se a uma formação neoplásica.
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