Como é a Doença de Vaquez?
O que é a doença de Vaquez?
A doença de Vaquez, ou policitemia1 primária, é caracterizada por um excesso de glóbulos vermelhos no sangue2, causada pela superprodução pela medula óssea3. A doença pertence a um grupo denominado síndromes mieloproliferativas e foi primeiramente descrita pelo médico francês Louis Henri Vaquez, em 1892.
Quais são as causas da doença de Vaquez?
A policitemia1 da doença de Vaquez é devida a uma superprodução de células sanguíneas4 pela medula óssea3. Essa superprodução de células5 se deve à presença de uma proteína mutada, a proteína JA2.
Leia sobre "Policitemia vera6", "Anemias" e "Síndromes mielodisplásicas".
Qual é o substrato fisiológico7 da doença de Vaquez?
A doença de Vaquez se origina na medula óssea3, o tecido8 no interior dos ossos onde todas as células sanguíneas4 são produzidas. A produção normal de corpúsculos vermelhos do sangue2 é amplamente controlada por uma substância chamada eritropoietina9 (Epo), um fator de crescimento hormonal que a incentiva.
No caso da policitemia1 primária, a superprodução espontânea de corpúsculos vermelhos ocorre sem um aumento de Epo no sangue2, em oposição à policitemia1 secundária, onde o aumento na produção de corpúsculos vermelhos está associado a um aumento de Epo.
Quais são as principais características clínicas da doença de Vaquez?
A doença de Vaquez é uma doença bastante rara (10 a 15/1.000.000), que afeta igualmente homens e mulheres, principalmente por volta dos 60 anos. A doença não é congênita10, nem hereditária e nem contagiosa11.
A excessiva proliferação de eritrócitos12 é uma condição que evolui progressivamente com poucos sintomas13 específicos. Causa espessamento do sangue2, podendo resultar em manchas vermelhas nas mãos14, dedos dos pés ou face15 e membranas mucosas16 (eritosis), sensação de alta temperatura na cabeça17, acidente isquêmico18 transitório, eventos vasculares19 importantes, como trombose20 de veias21 portais, e dores de cabeça17, que são frequentemente relatadas.
Os pacientes podem ainda se queixar de vertigem22, moscas volantes nos olhos23, zumbido nos ouvidos e “alfinetadas” nas pontas dos dedos. A eritromelalgia aguda (períodos de dor nas extremidades das mãos14 ou pés, acompanhados de sensações de vermelhidão e queimação), talvez um dos sintomas13 mais típicos da doença, nem sempre está presente. Um sinal24 muito típico é quando o contato com água quente desencadeia uma forte coceira (prurido25).
Como o médico diagnostica a doença de Vaquez?
A doença de Vaquez frequentemente é descoberta por acaso através de um hemograma feito por outra razão, que revele um acentuado aumento no nível de hematócrito26 e/ou hemoglobina27. O diagnóstico28 da doença de Vaquez é confirmado quando seu nível do hematócrito26 é superior a 60% nos homens e 56% nas mulheres. Um aumento na taxa de granulócitos29 neutrófilos30 durante um período de transição também pode ser observado em algumas ocasiões.
Quando se tem um caso de policitemia1, é necessário determinar se está diante de um caso de doença de Vasquez. Diz-se que a policitemia1 primária é diagnosticada quando a possibilidade de outras doenças foi descartada. O aumento de volume do baço31 pode ser investigado através de palpação32 e por ultrassonografia33 abdominal. Paralelamente, também deve ser analisado se o hemograma mostra outras anormalidades no sangue2, particularmente um aumento no número de glóbulos brancos e plaquetas34.
Para confirmar a presença da doença de Vaquez, pode ser feito um exame de sangue2 que permite identificar a mutação35 do gene JAK2. Essa mutação35, que ocorre durante o curso da vida da pessoa (e, portanto, não é hereditária), está presente em 95% dos casos. Nos 5% dos casos em que essa mutação genética36 não está presente, outros testes adicionais podem ser necessários: cultura das células da medula óssea37 no núcleo dos glóbulos vermelhos e análise cromossômica, em particular.
Como o médico trata a doença de Vaquez?
Quando a policitemia1 é significativa, o primeiro tratamento consiste em realizar a extração de 300 a 450 ml sangue2. Essa liberação de sangue2 permite reduzir o nível de hematócrito26 e, com isso, o risco de complicações. O tratamento de longo curso da doença de Vaquez baseia-se em um tratamento oral destinado a reduzir a produção de glóbulos vermelhos pela medula óssea3. Em geral, esse tratamento deve continuar por toda a vida.
Não havendo contraindicação, a aspirina pode ser prescrita em pequenas doses para limitar os riscos de trombose20. Deve ser feito um monitoramento contínuo da doença, a intervalos mensais.
Como evolui em geral a doença de Vaquez?
Na grande maioria dos casos, o paciente é capaz de levar uma vida normal, sem qualquer restrição, seja no âmbito profissional ou no das atividades de lazer.
Após vários anos, a doença de Vaquez pode evoluir para leucemia38 aguda, embora esse evento leve muito tempo e seja muito raro.
Não existe cura para a doença de Vaquez, mas se for identificada cedo e tratada corretamente, seu desenvolvimento será mantido sob controle e o risco de complicações vasculares19 é bastante reduzido.
Quais são as complicações possíveis da doença de Vaquez?
Se a policitemia1 não for tratada, podem surgir obstruções de vasos sanguíneos39 (trombose20), que podem levar a flebites e a complicações como embolia40 pulmonar, acidente vascular cerebral41, etc. Esses problemas tornam-se ainda mais temidos quando associados a outros fatores de risco, como tabaco, diabetes42, pressão alta, obesidade43, excesso de colesterol44, etc.
A longo prazo, a medula óssea3 pode desenvolver uma fibrose45, que pode levar à anemia46 e ao aumento do baço31.
Certos tratamentos da doença de Vaquez podem levar à esterilidade47, principalmente nos homens. O controle do esperma48 deve ser feito com regularidade após o diagnóstico28 dessa patologia49.
Veja também sobre "Trombose venosa profunda50", "Hemograma", "Embolia40 pulmonar", "Acidente vascular cerebral41" e "Zumbido no ouvido51 ou tinnitus52".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da Reseau d’Mematologie de Limousin, da Association ALT-SMP - France e do International Journal of Cardiovascular Sciences.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.