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Agitação psicomotora

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O que é agitação psicomotora1?

A agitação psicomotora1 é uma alteração explosiva do comportamento caracterizada por um misto de nervosismo com excitação, levando a uma atividade excessiva, desordenada e sem propósito, tornando a pessoa inquieta e com picos de tensão e irritabilidade. Internamente é uma sensação de tensão e inquietação, que leva o paciente a uma necessidade de se movimentar, embora ele faça isso de modo caótico e sem propósito.

Quais são as causas da agitação psicomotora1?

Ainda não se conhece a causa exata da agitação psicomotora1, mas é sabido que ela não tem uma causa única. Uma pessoa pode experimentar essa condição devido a uma combinação de fatores psicológicos e ambientais, incluindo estresse, trauma e abstinência de substâncias.

É comum que esse estado seja uma das manifestações de certos transtornos psiquiátricos, como transtorno bipolar, depressão maior, esquizofrenia2 e doença de Alzheimer3, entre outros. A agitação psicomotora1 pode também estar associada ao excesso de algumas substâncias, como o álcool, o crack e a cocaína, ou à abstinência delas.

Ademais, ela também pode ser desencadeada por outras drogas como remédios hormonais, anticonvulsivantes, antiarrítmicos e agentes quimioterápicos, embora essa eventualidade seja mais rara. Muito raramente, também pode ocorrer de um quadro de agitação psicomotora1 ser devido a um tumor4 ou a um trauma cerebral, mas parece ser necessário que ocorra uma alteração bioquímica cerebral para que isso aconteça.

Veja mais sobre "Alcoolismo", "Confusão mental" e "Dependência do crack".

Qual é o substrato fisiopatológico da agitação psicomotora1?

Sentir-se agitado é uma resposta humana perfeitamente normal em muitos casos, quando a pessoa está estressada ou doente. Mas algumas pessoas se sentirão agitadas sem motivo óbvio ou com mais regularidade do que o normal, desorganizando seu comportamento; isso pode apontar para uma condição médica subjacente.

Nosso conhecimento da condição é muito limitado, mas provavelmente ela é resultado de anormalidades nos neurotransmissores do cérebro5. A agitação psicomotora1 parece se dever a múltiplas anormalidades fisiopatológicas subjacentes, mediadas por más regulações dos sistemas dopaminérgico, serotoninérgico, noradrenérgico e GABAérgico.

Cada uma dessas anormalidades fisiopatológicas corresponde a características clínicas distintas e parece haver uma via final comum que age como uma fisiopatologia6 unificadora, embora se saiba que os agentes que reduzem o tônus dopaminérgico ou noradrenérgico geralmente aumentam o tônus serotoninérgico ou GABAérgico, e muitas vezes atenuam a agitação, independentemente da sua etiologia7.

Quais são as características clínicas da agitação psicomotora1?

A agitação psicomotora1 é uma forma de inquietação que, em geral, precede um comportamento violento. Além disso, alguns outros sinais8 e sintomas9 quase sempre estão presentes:

  • um desejo de se mover, embora sem propósito;
  • fácil irritabilidade;
  • aumento da excitação psíquica;
  • aumento da atividade motora e verbal;
  • pensamento acelerado;
  • ansiedade;
  • unhas10 roídas;
  • taquicardia11;
  • sudorese12;
  • fala acelerada;
  • choro excessivo.

As pessoas com agitação psicomotora1 não conseguem ficar quietas ou calmas e usam o movimento para liberar a tensão e a ansiedade. Na agitação normal, reativa, a pessoa parece acelerada tanto na fala quanto nos comportamentos e atividade, mas mantém uma adequação à realidade. No entanto, na agitação psicomotora1, que se deve a alguma causa patológica, a excitação será sem motivo e propósito e inadequada ao real.

As pessoas que têm agitação psicomotora1 apresentarão um conjunto de comportamentos típicos:

  • andar “pra-lá-e-pra-cá” sem um motivo claro;
  • tirar a roupa e colocá-la de volta;
  • torcer os dedos;
  • bater os pés no chão;
  • bater os dedos em qualquer superfície;
  • pegar e mover objetos sem motivo;
  • etc.

Como o médico diagnostica a agitação psicomotora1?

A agitação psicomotora1 é autoevidente, mas o médico precisa diagnosticar suas causas. Para isso deve levar em conta três grupos de possíveis fatores:

Na hipótese de etiologia7 orgânica, devem ser solicitados exames complementares como hemograma, dosagem de eletrólitos14, glicemia15 e vários outros, conforme a suspeita.

Um diagnóstico16 diferencial se impõe: o paciente pode agir com raiva17 ou violência ao mesmo tempo, mas agitação não é o mesmo que agressão. Também é diferente de acatisia18, que é uma incapacidade de parar quieto.

Como o médico trata a agitação psicomotora1?

O tratamento da agitação psicomotora1 deve ser dirigido às enfermidades subjacentes. Algumas medidas devem ser tomadas a princípio, independentemente da causa, que é uma estrita vigilância do paciente para que ele não se fira ou fira a terceiros, porque o estado agitado pode estar acompanhado de auto ou hetero agressividade. Só excepcionalmente se deve lançar mão19 de alguma medida de restrição de movimentos.

Como evolui a agitação psicomotora1?

É comum que, tratada a enfermidade de base, a agitação psicomotora1 desapareça, a não ser no caso das demências, em que ela tende a evoluir para pior.

Leia sobre "Transtorno bipolar do humor", "Esquizofrenia2", "Síndrome20 de Burnout" e "Saúde21 mental - como reconhecer se algo anda errado".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Cleveland Clinic e do NHS – National Health Service.

ABCMED, 2022. Agitação psicomotora. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1413640/agitacao-psicomotora.htm>. Acesso em: 18 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Psicomotora: Própria ou referente a qualquer resposta que envolva aspectos motores e psíquicos, tais como os movimentos corporais governados pela mente.
2 Esquizofrenia: Doença mental do grupo das Psicoses, caracterizada por alterações emocionais, de conduta e intelectuais, caracterizadas por uma relação pobre com o meio social, desorganização do pensamento, alucinações auditivas, etc.
3 Doença de Alzheimer: É uma doença progressiva, de causa e tratamentos ainda desconhecidos que acomete preferencialmente as pessoas idosas. É uma forma de demência. No início há pequenos esquecimentos, vistos pelos familiares como parte do processo normal de envelhecimento, que se vão agravando gradualmente. Os pacientes tornam-se confusos e por vezes agressivos, passando a apresentar alterações da personalidade, com distúrbios de conduta e acabam por não reconhecer os próprios familiares e até a si mesmos quando colocados frente a um espelho. Tornam-se cada vez mais dependentes de terceiros, iniciam-se as dificuldades de locomoção, a comunicação inviabiliza-se e passam a necessitar de cuidados e supervisão integral, até mesmo para as atividades elementares como alimentação, higiene, vestuário, etc..
4 Tumor: Termo que literalmente significa massa ou formação de tecido. É utilizado em geral para referir-se a uma formação neoplásica.
5 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
6 Fisiopatologia: Estudo do conjunto de alterações fisiológicas que acontecem no organismo e estão associadas a uma doença.
7 Etiologia: 1. Ramo do conhecimento cujo objeto é a pesquisa e a determinação das causas e origens de um determinado fenômeno. 2. Estudo das causas das doenças.
8 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
9 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
10 Unhas: São anexos cutâneos formados por células corneificadas (queratina) que formam lâminas de consistência endurecida. Esta consistência dura, confere proteção à extremidade dos dedos das mãos e dos pés. As unhas têm também função estética. Apresentam crescimento contínuo e recebem estímulos hormonais e nutricionais diversos.
11 Taquicardia: Aumento da frequência cardíaca. Pode ser devido a causas fisiológicas (durante o exercício físico ou gravidez) ou por diversas doenças como sepse, hipertireoidismo e anemia. Pode ser assintomática ou provocar palpitações.
12 Sudorese: Suor excessivo
13 Epilepsia: Alteração temporária e reversível do funcionamento cerebral, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Quando restritos, a crise será chamada crise epiléptica parcial; quando envolverem os dois hemisférios cerebrais, será uma crise epiléptica generalizada. O paciente pode ter distorções de percepção, movimentos descontrolados de uma parte do corpo, medo repentino, desconforto no estômago, ver ou ouvir de maneira diferente e até perder a consciência - neste caso é chamada de crise complexa. Depois do episódio, enquanto se recupera, a pessoa pode sentir-se confusa e ter déficits de memória. Existem outros tipos de crises epilépticas.
14 Eletrólitos: Em eletricidade, é um condutor elétrico de natureza líquida ou sólida, no qual cargas são transportadas por meio de íons. Em química, é uma substância que dissolvida em água se torna condutora de corrente elétrica.
15 Glicemia: Valor de concentração da glicose do sangue. Seus valores normais oscilam entre 70 e 110 miligramas por decilitro de sangue (mg/dl).
16 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
17 Raiva: 1. Doença infecciosa freqüentemente mortal, transmitida ao homem através da mordida de animais domésticos e selvagens infectados e que produz uma paralisia progressiva juntamente com um aumento de sensibilidade perante estímulos visuais ou sonoros mínimos. 2. Fúria, ódio.
18 Acatisia: Síndrome caracterizada por sentimentos de inquietação interna que se manifesta por incapacidade de se manter quieta. É frequentemente causada por medicamentos neurolépticos.
19 Mão: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
20 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
21 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
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