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Neuroticismo - qual seu nível de estabilidade emocional?

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O que é neuroticismo1?

O neuroticismo1 é uma tendência a experimentar facilmente emoções negativas ante eventos comuns da vida (depressões, sentimento de culpa, inveja, raiva2ansiedade, entre outros). Ele é um dos cinco traços da teoria da personalidade chamada “The Big Five” e é semelhante, mas não idêntico, à neurose3 no sentido freudiano.

Alguns psicólogos preferem chamá-lo de "estabilidade emocional" para referir-se a um nível baixo de neuroticismo1 e "instabilidade emocional" para referir-se a um nível alto de neuroticismo1. Trata-se de um traço básico da personalidade, indicando se a pessoa vai tender para a estabilidade ou para a instabilidade emocional.

 

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Neurose3 e neuroticismo1: qual a relação entre ambos?

O termo neurose3 foi cunhado por Cullen em 1769 para significar doenças do sistema nervoso4 em que não havia nenhuma lesão5 física observável. O conceito foi desenvolvido por outros autores, mas foi Freud quem o generalizou na literatura médica, utilizando-o desde o início para expressar “desordem”. Mais tarde, o termo neurose3 foi abandonado, mesmo como adjetivo, pelo manual de diagnóstico6 da OMS e substituído por “desordem”, eliminando seu uso.

A concepção7 de neuroticismo1, no entanto, não está relacionada com os modelos psicodinâmicos, sendo geralmente descrita mais objetivamente em termos psicométricos (medidas) e definida operacionalmente por itens referentes à irritabilidade, raiva2, tristeza, preocupação, hostilidade, autoconsciência e vulnerabilidade. Além disso, a neurociência trouxe a evidência de uma base neural para o neuroticismo1, que abrange o volume das regiões cerebrais associadas à ameaça, punição e afeto negativo.

As pessoas usam os termos neurose3 e neuroticismo1 para descrever o modo de reagir com emoções negativas a situações desafiadoras da vida cotidiana. Em uma perspectiva psiquiátrica, no entanto, esses conceitos tomaram caminhos diferentes.

No contexto clínico, o neuroticismo1 e o neurótico são termos usados como um diagnóstico6 informal para um grupo consideravelmente grande de pacientes apresentando sintomas8 depressivos e ansiosos de padrão flutuante e crônico9 e frequentemente associados a traços de personalidade não adaptativos. Esses termos não são tomados como as denominações mais adequadas, as quais têm mostrado uma resistência na evolução das classificações psiquiátricas.

Quais são as causas do neuroticismo1?

O neuroticismo1 é um traço de personalidade que, em grande parte, a pessoa herda de seus progenitores. Isso significa que ele já está presente no momento do nascimento, mas não quer dizer que não possa ser modificado por meio de reforço ou de inibição ambientais.

Quais são as principais características do neuroticismo1?

As pessoas com alto índice de neuroticismo1 reagem de modo emocional negativo aos eventos comuns da vida, que não afetariam a maioria das outras pessoas. Elas tendem à falta de confiança e a serem autocríticas, embora tenham medo das críticas alheias. Além disso, podem também manifestar alguns ou todos dos seguintes sintomas8: medo de abandono por parte de outras pessoas; luta contra ansiedade e pensamento negativo; baixa autoestima; dificuldades de tomar decisões e tendência a se estressarem facilmente. Costumam ser sensíveis, tímidas e pessimistas. São naturalmente nervosas e têm dificuldades em situações menos previsíveis. O neuroticismo1 geralmente leva a níveis mais altos de estresse e preocupação.

As pessoas com um menor nível de neuroticismo1 tendem a permanecer equilibradas e lógicas, serem relaxadas e confiantes, terem uma visão10 mais positiva das coisas e adaptarem-se facilmente a novas situações. 

Saiba mais sobre "Distimia", "Estresse", "Maneiras de lidar com o estresse" e "Por que as pessoas são mais ansiosas hoje em dia do que antigamente?".

Como lidar com o neuroticismo1

Ao tratar com aqueles que sofrem o neuroticismo1, a pessoa deve ser solidária e encorajadora, oferecer ajuda quando necessário e procurar entender as dificuldades que podem estar ocorrendo.

As pessoas com níveis altos de neuroticismo1 tendem a se sair melhor em ambientes que lhes ofereçam segurança e proteção. Os trabalhos potenciais que melhor se adaptam a elas são, entre outros, os de escritor, artista, contador e projetista.

As pessoas com menor nível de neuroticismo1 tendem a ser mais relaxadas e mais fáceis de lidar, mais aventureiras e confiantes e se adaptam mais facilmente à mudança. Em resumo, ter um baixo grau de neuroticismo1 significa ser mais positivo e pacífico.

Ao se comunicar com alguém com baixo grau de neuroticismo1, a pessoa deve ser aberta e expressar claramente o que deseja, permanecer positivo e otimista e incentivar a outra pessoa a espalhar seu pensamento positivo. Aqueles que experimentam menos estresse e preocupação tendem a ter um bom desempenho nas crises e em geral prosperam em ambientes que oferecem novas experiências e utilizam seu temperamento estável. As carreiras potenciais mais adaptadas a essas pessoas são policial, cirurgião, bombeiro, advogado, diplomata, assistente social e psiquiatra.

Leia também sobre "Neurose3 de angústia", "Psicoterapia" e "Esgotamento mental ou síndrome11 de Burnout".

 

ABCMED, 2019. Neuroticismo - qual seu nível de estabilidade emocional?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1338603/neuroticismo-qual-seu-nivel-de-estabilidade-emocional.htm>. Acesso em: 5 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Neuroticismo: Compreende um domínio da personalidade. As características dele são muito associadas a dimensões neuróticas da personalidade, como ansiedade, depressão, tensão, irracionalidade; geralmente apresenta características de baixa auto-estima e tendência a sentimentos de culpa.
2 Raiva: 1. Doença infecciosa freqüentemente mortal, transmitida ao homem através da mordida de animais domésticos e selvagens infectados e que produz uma paralisia progressiva juntamente com um aumento de sensibilidade perante estímulos visuais ou sonoros mínimos. 2. Fúria, ódio.
3 Neurose: Doença psiquiátrica na qual existe consciência da doença. Caracteriza-se por ansiedade, angústia e transtornos na relação interpessoal. Apresenta diversas variantes segundo o tipo de neurose. Os tipos mais freqüentes são a neurose obsessiva, depressiva, maníaca, etc., podendo apresentar-se em combinação.
4 Sistema nervoso: O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal e a porção periférica está constituída pelos nervos cranianos e espinhais, pelos gânglios e pelas terminações nervosas.
5 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
6 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
7 Concepção: O início da gravidez.
8 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
9 Crônico: Descreve algo que existe por longo período de tempo. O oposto de agudo.
10 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
11 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
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