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Modelos de psicoterapias

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O que são psicoterapias?

As psicoterapias (do grego: psykhē = mente + therapeuein = curar) são técnicas de tratamento de problemas psicológicos que visam ajudar as pessoas a lidar com questões emocionais, comportamentais, cognitivas e interpessoais, removendo ou modificando sintomas1 e corrigindo padrões disfuncionais2 de relacionamentos.

Para alcançar esses objetivos, o terapeuta vale-se da palavra, na maioria das vezes, e estabelece um diálogo com o paciente (cura pela fala), mas pode se valer também de expressão corporal, sonhos acordados dirigidos, representações teatrais, etc.

Contudo, o verdadeiro diálogo terapêutico não deve ser um simples bate-papo, ainda que reconfortante; ele tem de obedecer a princípios que envolvem uma técnica rigorosa. Por isso, a formação do terapeuta, geralmente restrita a psiquiatras e psicólogos, é, necessariamente, longa e minuciosa.

As técnicas utilizadas variam em função das teorias psicológicas em que se baseiam, dos objetivos que tenham e da frequência e duração das sessões.

Saiba mais sobre "Depressões", "Depressão maior" e "Depressão bipolar e unipolar".

Modelos de psicoterapias

Do ponto de vista operacional, o termo psicoterapia cobre um espectro muito amplo que inclui psicoterapia individual, psicoterapia de casal ou de família, psicoterapia de grupo, psicoterapia breve, psicoterapia de crise e ainda outras modalidades.

Do ponto de visa doutrinário, existem vários tipos de psicoterapia, cada qual com formas e métodos próprios, mas que, na média, possuem algumas características em comum. Confira a seguir os principais tipos.

1. Psicanálise

A psicanálise é, de todas, a técnica psicoterápica mais complexa e demorada e que exige do psicoterapeuta uma preparação mais longa. Ela busca explorar o inconsciente para entender os processos mentais e emoções. Suas técnicas incluem livre associação, análise dos sonhos e interpretação das resistências. Foi desenvolvida pelo neurologista3 e psiquiatra Sigmund Freud (1856-1939) em fins do século XIX e primórdios do século XX. Embora tenha se originado da medicina, ela é hoje muito praticada por psicólogos.

2. Terapia Cognitivo4-Comportamental

A terapia cognitivo4-comportamental baseia-se na combinação de conceitos do Behaviorismo radical com teorias cognitivas e é capaz de trazer resultados expressivos na terapia, com um tempo de tratamento considerado mais curto quando comparado a outras terapias convencionais. Concentra-se em padrões de pensamento e comportamento automáticos disfuncionais2, buscando modificar crenças irracionais negativas e promover comportamentos saudáveis. Inclui técnicas como reestruturação cognitiva5 e exposição gradual. Foi fundada pelo psiquiatra norte-americano Aaron Temkin Beck e pelo psicólogo Albert Ellis, em 1955.

3. Terapia Comportamental

A terapia comportamental é baseada em princípios do condicionamento clássico (pavloviano) e do condicionamento operante (skineriano). Visa modificar comportamentos problemáticos através de reforço positivo, punição, modelagem e outras estratégias. Foi fundada a partir das descobertas do fisiologista russo Ivan Pavlov, descobridor do reflexo condicionado clássico, e do psicólogo americano Burrhus Frederic Skinner, descobridor do reflexo condicionado operante.

4. Terapia Gestalt

A terapia da Gestalt foca na consciência do momento presente (aqui e agora) e na integração de pensamentos, sentimentos e ações. Inclui técnicas como roleplaying (representação de papeis), diálogo vazio e cadeira vazia, o que significa “conversar” com um personagem imaginário, identificado como um interlocutor da vida real do paciente. Na terapia Gestalt os clientes são encorajados a não simplesmente falar sobre suas emoções, mas trazê-las para a sala. Dessa forma, elas podem ser processadas em tempo real com a assistência do terapeuta. A Gestalt-terapia foi criada pelos judeus alemães Friedrich Salomon Perls (Fritz) e Lore Posner Perls (Laura) nos anos 1940. 

5. Terapia Humanista

A psicoterapia humanista enfatiza o crescimento pessoal, a autoexploração e a autorrealização. Ela surgiu nos anos 1950 como um questionamento do behaviorismo (foco no comportamento do homem) e da psicanálise (foco no inconsciente e em sua reação aos acontecimentos do passado), prestando relevância ao indivíduo consciente. A Psicoterapia Centrada no Cliente desenvolvida por Carl Rogers, que usa empatia, aceitação e congruência para promover o autoentendimento, e a pirâmide de Maslow (Abraham Maslow), que hierarquiza as necessidades humanas, deram impulso a essa nova forma de terapia.

6. Terapia Psicodinâmica

A terapia psicodinâmica, também chamada psicoterapia psicanalítica, é baseada nos princípios teóricos da psicanálise, mas cuja técnica difere dela, permitindo uma abordagem mais breve. Busca os motivos profundos das falas e atos e tenta ler nas entrelinhas do comportamento humano. Procura padrões repetitivos e irracionais; utiliza relações atuais para lançar luzes sobre o passado; presta atenção ao irracional e ao não dito. Visa explorar os processos inconscientes e resolver conflitos emocionais para aumentar a autoconsciência.

7. Terapia Familiar Sistêmica

A terapia familiar acontece quando um psicólogo atende os membros de uma família ao mesmo tempo. O termo “sistêmica” é devido à sua origem no seio6 do Modelo Sistêmico7 (modelo em que todas as áreas de um evento se relacionam entre si). Enfoca as relações familiares e os padrões de comunicação entre os membros da família. Suas técnicas incluem genogramas (representações simbólicas das relações entre os membros de uma família), terapia estrutural e terapia narrativa.

8. Terapia Breve

A terapia breve é centrada em soluções e focaliza-se em metas específicas. O objetivo é alcançar mudanças rápidas e eficazes, ainda que pouco consistentes a longo prazo. Costuma ser limitada a um pequeno número de sessões, muitas vezes estabelecidas previamente. Um exemplo de cliente para a psicoterapia breve pode ser o da pessoa que ganhou uma bolsa para estudar no exterior, devendo viajar em um curto prazo, mas que não consegue andar de avião.

9. Terapia de Aceitação e Compromisso

A terapia de aceitação e compromisso é uma abordagem dentro da linha de terapia cognitivo4-comportamental que tem no seu modelo de intervenção psicológica dois aspectos centrais: (1) aceitação do que não pode ser controlado e (2) compromisso com as ações para melhoria contínua. Essa combinação de aceitação e compromisso leva a mudanças comportamentais. Foca em aceitar pensamentos perturbadores e comprometer-se com ações alinhadas aos valores pessoais.

10. Terapia Interpessoal

A terapia interpessoal é uma forma de tratamento de tempo limitado, focal, centrado no aqui e agora, que tem por objetivo aliviar o sofrimento através da melhora do funcionamento interpessoal. Concentra-se nos relacionamentos interpessoais e nas interações sociais para abordar problemas emocionais.

11. Terapia Existencial

Explora questões fundamentais da existência, como liberdade, responsabilidade, isolamento e busca de significado. Ajuda os indivíduos a confrontar suas preocupações existenciais. Seus principais representantes são o psicólogo austríaco Viktor Frankl (1905-1997) e o psicólogo americano Rollo May (1909-1994).

 

Estas são apenas algumas das abordagens mais conhecidas, e cada psicoterapeuta individual é treinado numa dessas modalidades, recebendo a crítica de ser um terapeuta de um só remédio, à busca de um cliente que se adapte a ele. Alguns terapeutas, no entanto, adotam uma abordagem integrativa, combinando elementos de diferentes modelos de psicoterapia com base nas necessidades individuais dos clientes.

Veja também sobre "Estresse pós-traumático", "Personalidade borderline", "Transtorno obsessivo compulsivo", "Transtorno bipolar" e "Psicoses".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Hospital Israelita Albert Einstein e do Manhattan Mental Health Counseling.

ABCMED, 2024. Modelos de psicoterapias. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1468222/modelos-de-psicoterapias.htm>. Acesso em: 29 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
2 Disfuncionais: 1. Funcionamento anormal ou prejudicado. 2. Em patologia, distúrbio da função de um órgão.
3 Neurologista: Médico especializado em problemas do sistema nervoso.
4 Cognitivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
5 Cognitiva: 1. Relativa ao conhecimento, à cognição. 2. Relativa ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
6 Seio: Em humanos, uma das regiões pareadas na porção anterior do TÓRAX. As mamas consistem das GLÂNDULAS MAMÁRIAS, PELE, MÚSCULOS, TECIDO ADIPOSO e os TECIDOS CONJUNTIVOS.
7 Sistêmico: 1. Relativo a sistema ou a sistemática. 2. Relativo à visão conspectiva, estrutural de um sistema; que se refere ou segue um sistema em seu conjunto. 3. Disposto de modo ordenado, metódico, coerente. 4. Em medicina, é o que envolve o organismo como um todo ou em grande parte.
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