Síndromes hipercinéticas
O que são síndromes hipercinéticas?
Hipercinesias1 são movimentos anormais involuntários e excessivos que ocorrem devido a lesões2 ou disfunções que comprometem o sistema motor, especialmente os gânglios3 da base. As síndromes hipercinéticas são um grupo de distúrbios neurológicos caracterizados por tais movimentos. Esses movimentos podem ser rápidos, repetitivos e aparentemente sem propósito e não podem ser voluntariamente controlados pelos pacientes.
Quais são as principais síndromes hipercinéticas?
As principais síndromes em que aparecem hipercinesias1 são: coreia, balismo, distonia4, tremor, mioclonia5, tiques, síndrome6 das pernas inquietas e síndrome6 de West.
1. Coreia
Há basicamente dois tipos de coreia, a coreia de Huntington7 e a coreia de Sydenham8.
A Coreia de Huntington7 é um distúrbio neurológico degenerativo9 hereditário raro, autossômico10 dominante, que incide mais entre os homens do que entre as mulheres. Em cerca de 10% dos casos, os sintomas11 surgem antes dos 20 anos e só 5% apresentam sintomas11 acima dos 60 anos. Os sintomas11 da Coreia de Huntington7 variam de pessoa para pessoa, de acordo com a gravidade da doença e da idade do paciente. Em algumas pessoas, os movimentos involuntários são os mais importantes e, em outras, predominam os sintomas11 emocionais e comportamentais.
Os principais sinais12 e sintomas11 da doença são: movimentos involuntários, bruscos e irregulares dos braços, pernas, face13 e/ou do tronco; geralmente associados hipotonia14 e à diminuição da força muscular; perda progressiva de memória; senilidade mental precoce, podendo evoluir para demência15; depressão; ansiedade; fala indistinta, hesitante, explosiva e incompreensível, e até mesmo perda da fala; tiques e caretas; e, quando já há demência15, desorientação e confusão mental, perda de memória e alterações na personalidade.
A Coreia de Sydenham8, também conhecida como coreia reumática aguda ou coreia menor16, é uma condição neuropsiquiátrica rara que afeta principalmente crianças e adolescentes do sexo feminino. A causa exata não é compreendida, mas acredita-se que seja uma resposta autoimune17 desencadeada por uma infecção18 estreptocócica. Ela pode ocorrer como uma complicação da febre reumática19, que pode surgir após uma faringite20 por estreptococos, não tratada adequadamente, e inclui movimentos involuntários e anormais dos músculos21, que podem se assemelhar a movimentos coreiformes22. Além disso, os pacientes com coreia de Sydenham8 podem apresentar outros sintomas11 neuropsiquiátricos, como dificuldade de concentração, mudanças de humor, irritabilidade e até mesmo problemas de comportamento.
2. Balismo
No uso médico, o termo balismo não se refere a uma doença, mas sim a um sintoma23 que pode ocorrer em diversas doenças neurológicas. Ele corresponde a movimentos involuntários amplos, repentinos e persistentes, de início e fim abruptos, que levam a deslocamentos bruscos, violentos, colocando em ação grandes massas musculares, afetando mais a musculatura proximal24 que a distal25, assemelhando-se a chutes ou arremessos. Podem atingir uma ou mais articulações26 e ocorrem de forma intermitente27.
Os movimentos geralmente pioram com a atividade e não são simétricos em ambos os lados do corpo. Esses movimentos quase sempre estão associados a condições neurodegenerativas, como a doença de Huntington, por exemplo, ou a infecções28, inflamações29, traumas, tumores do sistema nervoso30 e hiperglicemia31 sem cetoacidose.
3. Distonias32
As distonias32 são distúrbios neurológicos do tônus muscular33 e dos movimentos, caracterizados por contrações involuntárias sustentadas e por espasmos34. Além disso, é comum haver comprometimento da marcha, movimentos de torção35 do tronco e membros, abalos musculares rápidos associados e, nos casos mais graves, deformidades posturais fixas.
As distonias32 constituem um grupo heterogêneo de afecções36 que podem resultar de diversas causas. Elas parecem estar relacionadas a um problema nos gânglios3 da base do cérebro37. No entanto, a maioria dos casos de distonia4 não tem uma causa específica. Os sintomas11 da distonia4 podem variar de leves a graves. Alguns sintomas11 iniciais incluem “apenas” dificuldades de flexionar a perna durante a marcha, dores no pé, repuxão involuntário do pescoço38, piscar de olhos39 incontrolável e dificuldades de fala. Pessoas com distonia4 frequentemente se queixam de dor e exaustão por causa das constantes contrações musculares.
4. Tremores
Os tremores são os mais comuns de todos os movimentos involuntários. São movimentos musculares involuntários, rítmicos e persistentes, que envolvem abalos oscilatórios de pequena amplitude em uma ou mais partes do corpo. Pode afetar as mãos40, braços, cabeça41, face13, cordas vocais42, tronco e pernas, mas a maioria dos tremores ocorre nas mãos40.
Tremores não patológicos podem estar associados ao frio, medo, susto, calafrio43 e falta de sono. Os tremores patológicos podem ser causados por hipertireoidismo44, esclerose múltipla45, AVC, trauma craniano, doença renal46 crônica e doenças neurodegenerativas. Alguns casos de tremores podem estar associados ao uso de drogas, cafeína e álcool ou à intoxicação por produtos químicos.
5. Mioclonia5
O termo mioclonia5 se refere a movimentos musculares involuntários que podem ser breves e repentinos, causados por contração de um músculo ou grupo muscular (mioclonia5 positiva), ou por inibição de músculos21 agonistas, seguidas de contrações compensatórias dos grupos musculares antagonistas (mioclonia5 negativa).
Caracteristicamente, esses movimentos desaparecem durante o sono. Eles podem afetar um músculo ou grupo de músculos21 de uma parte do corpo ou até mesmo de todo o corpo. A mioclonia5 pode ser um sintoma23 de várias doenças e distúrbios neurológicos e se manifestar de várias maneiras e ter diversas causas, incluindo epilepsia47, doença de Alzheimer48, doença de Parkinson49, encefalopatia50 mioclônica51 progressiva e outros distúrbios do sistema nervoso30.
6. Tiques
Não há uma forma típica de movimento anormal que caracterize o tique52. Qualquer tipo de movimento, simples ou complexo, e até a emissão de sons pode ser classificado como um tique52. O que caracteriza o tique52 é a presença de um movimento involuntário ou a emissão de um som ou palavra que é precedido por uma sensação de necessidade incontrolável de executar o movimento ou de emitir o som. Além disso, o paciente sente um grande alívio dessa vontade involuntária53 assim que a ação específica é realizada.
Em geral, o paciente é capaz de controlar e inibir temporariamente o tique52 às custas de uma grande tensão interna, mas em alguns casos mais graves esse controle voluntário é apenas parcial ou mesmo impossível. Os tiques podem variar de um tipo a outro, de tempos em tempos, e algumas vezes podem ocorrer durante o sono. Alguns tiques se assemelham a um movimento mioclônico54 como piscar os olhos39, por exemplo, outros podem parecer um movimento distônico, como entortar o pescoço38 ou encolher os ombros.
Certos pacientes com tiques apresentam movimentos muitos mais complexos e elaborados, como gestos faciais, comportamentos afetados, saltar, tocar, bater o pé e cheirar objetos. Existem tiques vocais simples como fungar o nariz55 e limpar a garganta56, ou tiques vocais mais complexos que incluem repetições de palavras ou frases fora de contexto.
Acredita-se que a origem da maioria dos casos seja hereditária. Uma forma mais grave é chamada de síndrome6 de Gilles de la Tourette, que se caracteriza pela presença de múltiplos tiques motores associados a um ou mais tiques vocais, geralmente coprolálicos, ou seja, com tendência incontrolável a usar palavras obscenas.
7. Síndrome6 das Pernas Inquietas
A síndrome6 das pernas inquietas é uma condição neurológica crônica do sono durante a qual o indivíduo sofre uma compulsão involuntária53 de movimentar as pernas. Embora o distúrbio aconteça principalmente enquanto a pessoa dorme, pode ocorrer também durante o dia, em situações de relaxamento (ler, assistir televisão, ir ao cinema, voar, etc.). Acontece mais frequentemente com gestantes e pessoas acima dos 50 anos, embora possa acontecer em qualquer faixa etária, inclusive em crianças.
Possivelmente há um componente causal genético, mas há também um distúrbio nos neurônios57 que utilizam a dopamina58 como transmissor de impulsos. Outros fatores relacionados à doença são: varizes59, deficiência de folato ou magnésio, fibromialgia60, apneia61 do sono, uremia62, diabetes63, doenças da tireoide64, neuropatias e outras.
8. Síndrome6 de West
A síndrome6 de West é uma condição epiléptica severa, incidente65 na infância e que conta, entre outros sintomas11, com espasmos34 musculares. As causas da doença são múltiplas formas de agressões ao cérebro37 no período pré ou pós-natal, como infecções28, traumas, etc.
Os espasmos34 musculares surgem em crises esporádicas, mas às vezes frequentes, que se iniciam de forma súbita, no tronco e/ou nos membros. Os espasmos34 podem ser flexores, extensores ou uma forma mista, extensora e flexora. Os espasmos34 mistos são os mais comuns, consistindo de flexão do pescoço38 e dos braços, extensão ou flexão das pernas e extensão dos braços, etc.
Saiba mais sobre "Mal de Alzheimer66", "Demência15 frontotemporal", "Doença de Huntington" e "Doença de Parkinson49".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Instituto Neuro Saber e da Biblioteca Virtual em Saúde.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.