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Teste de Coombs

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O que é o teste de Coombs?

O teste de Coombs, também conhecido como teste de antiglobulina, é um tipo de exame laboratorial de sangue1 usado para detectar e identificar a presença de anticorpos2 que possam estar ligados às células3 vermelhas do sangue1 e possam atacá-las. Isso provocaria a destruição delas e levaria ao surgimento de vários tipos de anemias, conhecidas como anemias hemolíticas. O teste foi desenvolvido pelo médico britânico Robim Anthony Coombs, em 1921.

Existem dois tipos de teste de Coombs:

  1. Teste de Coombs direto, usado para detectar a presença de anticorpos2 ou complemento C3 ligados às células3 vermelhas do sangue1.
  2. Teste de Coombs indireto, usado para detectar a presença de anticorpos2 no plasma sanguíneo4 do paciente (que não estejam ligados às hemácias5) que possam reagir com células3 vermelhas do sangue1 de outra pessoa.

Um resultado falso positivo pode ocorrer e nem sempre equivale à hemólise6. Por isso, os resultados do teste sempre devem estar correlacionados com os sinais7 e sintomas8 clínicos.

Por que fazer o teste de Coombs?

O teste de Coombs é necessário quando reações de autoimunidade9 contra as células3 vermelhas do sangue1 têm de ser levadas em consideração nos diagnósticos diferenciais entre as diversas enfermidades. Os resultados do teste de Coombs ajudam os médicos a especificar e monitorar diversas condições relacionadas à destruição das células3 vermelhas do sangue1.

Ambos os testes de Coombs, tanto o direto quanto o indireto, podem fornecer informações importantes para o diagnóstico10 e o tratamento de certas condições médicas, como a doença hemolítica do recém-nascido11 e a anemia hemolítica12 autoimune13, e para testar as possíveis incompatibilidades entre os doadores e os receptores de sangue1.

Como se realiza o teste de Coombs?

O teste é feito a partir de uma pequena amostra de sangue1, habitualmente coletada por punção em uma das veias14 do braço, e requer um tubo que contenha o anticoagulante15 EDTA (ethylenediaminetetraacetic acid).

  1. Teste de Coombs direto, também conhecido como teste de antiglobulina direta: durante o teste, uma pequena quantidade de sangue1 do paciente é coletada, lavada em solução salina e misturada com um reagente que contém anticorpos2 que se ligam aos anticorpos2 eventualmente presentes nas hemácias5. O procedimento de lavagem em solução salina visa remover os anticorpos2 não ligados que podem confundir o resultado. Se ocorrer aglutinação ou formação de "pelotas", é um sinal16 de que os anticorpos2 estão presentes e o teste é dito positivo.
  2. Teste de Coombs indireto, também chamado de teste de antiglobulina indireta: nesse teste, o soro17 de uma amostra de sangue1 do paciente é isolado e as hemácias5 nativas removidas. A amostra de soro17 isolada é então incubada com hemácias5 estranhas de antigenicidade conhecida. O reagente de antiglobulina é então adicionado e a presença de aglutinação também indica um resultado positivo.
Leia também sobre "Transfusão18 de sangue1", "Transplante de medula19" e "Hemograma".

Um teste de Coombs positivo ou negativo pode ser indicativo de quais condições médicas?

Um teste de Coombs positivo indica a presença de anticorpos2 que se ligam aos glóbulos vermelhos. Isso pode ser devido a várias condições, incluindo doenças autoimunes20 e reações transfusionais. Algumas doenças que podem ser associadas a um teste de Coombs positivo são:

  • Hemólises21 autoimunes20: grupo de doenças em que o sistema imunológico22 do corpo produz anticorpos2 contra os próprios glóbulos vermelhos, levando à destruição prematura dos eritrócitos23 e causando anemia hemolítica12. Fazem parte desse grupo, por exemplo, a anemia hemolítica12 autoimune13 idiopática24 e doença hemolítica do recém-nascido11.
  • Doença hemolítica do recém-nascido11: nesta condição, uma mãe que tem anticorpos2 contra os glóbulos vermelhos de seu filho transfere a ele esses anticorpos2 através da placenta durante a gravidez25. Os anticorpos2 maternos podem então destruir os glóbulos vermelhos do feto26, causando anemia27 grave no recém-nascido, que necessita, muitas vezes, de uma exsanguineotransfusão28.
  • Reações transfusionais: o teste de Coombs positivo também pode ocorrer após uma transfusão18 de sangue1 incompatível, em que o receptor desenvolve anticorpos2 contra os antígenos29 presentes nos glóbulos vermelhos do doador. Isso pode levar à destruição dos glóbulos vermelhos recém-transfundidos e causar uma reação transfusional hemolítica.
  • Outras doenças também podem estar presentes, como infecção30 por Mycoplasma sp., sífilis31, leucemia32, lúpus33 eritematoso34 ou mononucleose35.

É importante ressaltar que um teste de Coombs positivo por si só não indica uma doença específica, mas sinaliza a presença de anticorpos2 contra os glóbulos vermelhos, o que pode acontecer em muitas circunstâncias diferentes. O diagnóstico10 preciso e o tratamento adequado devem ser decididos por um médico com base em uma avaliação completa dos sintomas8, histórico médico e outros exames complementares.

Um teste de Coombs negativo indica a ausência de anticorpos2 ou complemento fixados na superfície das células3 vermelhas do sangue1, os quais poderiam levar à destruição dessas células3 pelo sistema imunológico22. Um resultado negativo no teste de Coombs é considerado “normal”, mas não exclui completamente a possibilidade de um distúrbio imunológico ou autoimune13 relacionado às células3 vermelhas do sangue1. Outras avaliações clínicas e testes podem ser necessários para confirmar ou descartar outras condições.

Veja sobre "Anemia falciforme36", "Anemia ferropriva37" e "Anemia27 na gravidez25".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site da U.S. National Library of Mecicine.

ABCMED, 2023. Teste de Coombs. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/1444665/teste-de-coombs.htm>. Acesso em: 27 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
2 Anticorpos: Proteínas produzidas pelo organismo para se proteger de substâncias estranhas como bactérias ou vírus. As pessoas que têm diabetes tipo 1 produzem anticorpos que destroem as células beta produtoras de insulina do próprio organismo.
3 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
4 Plasma Sanguíneo: Parte que resta do SANGUE, depois que as CÉLULAS SANGÜÍNEAS são removidas por CENTRIFUGAÇÃO (sem COAGULAÇÃO SANGÜÍNEA prévia).
5 Hemácias: Também chamadas de glóbulos vermelhos, eritrócitos ou células vermelhas. São produzidas no interior dos ossos a partir de células da medula óssea vermelha e estão presentes no sangue em número de cerca de 4,5 a 6,5 milhões por milímetro cúbico, em condições normais.
6 Hemólise: Alteração fisiológica ou patológica, com dissolução ou destruição dos glóbulos vermelhos do sangue causando liberação de hemoglobina. É também conhecida por hematólise, eritrocitólise ou eritrólise. Pode ser produzida por algumas anemias congênitas ou adquiridas, como consequência de doenças imunológicas, etc.
7 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
8 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
9 Autoimunidade: 1. Estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias. 2. Autoalergia.
10 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
11 Doença hemolítica do recém-nascido: Doença hemolítica do recém-nascido (DHRN), também conhecida como eritroblastose fetal, é uma patologia causada pela incompatibilidade entre o fator Rh da mãe e o do fator Rh do feto.
12 Anemia hemolítica: Doença hereditária que faz com que os glóbulos vermelhos do sangue se desintegrem no interior dos veios sangüíneos (hemólise intravascular) ou em outro lugar do organismo (hemólise extravascular). Pode ter várias causas e ser congênita ou adquirida. O tratamento depende da causa.
13 Autoimune: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
14 Veias: Vasos sangüíneos que levam o sangue ao coração.
15 Anticoagulante: Substância ou medicamento que evita a coagulação, especialmente do sangue.
16 Sinal: 1. É uma alteração percebida ou medida por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida. 2. Som ou gesto que indica algo, indício. 3. Dinheiro que se dá para garantir um contrato.
17 Soro: Chama-se assim qualquer líquido de características cristalinas e incolor.
18 Transfusão: Introdução na corrente sangüínea de sangue ou algum de seus componentes. Podem ser transfundidos separadamente glóbulos vermelhos, plaquetas, plasma, fatores de coagulação, etc.
19 Medula: Tecido mole que preenche as cavidades dos ossos. A medula óssea apresenta-se de dois tipos, amarela e vermelha. A medula amarela é encontrada em cavidades grandes de ossos grandes e consiste em sua grande maioria de células adiposas e umas poucas células sangüíneas primitivas. A medula vermelha é um tecido hematopoiético e é o sítio de produção de eritrócitos e leucócitos granulares. A medula óssea é constituída de um rede, em forma de treliça, de tecido conjuntivo, contendo fibras ramificadas e preenchida por células medulares.
20 Autoimunes: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
21 Hemólises: Alteração fisiológica ou patológica, com dissolução ou destruição dos glóbulos vermelhos do sangue causando liberação de hemoglobina. É também conhecida por hematólise, eritrocitólise ou eritrólise. Pode ser produzida por algumas anemias congênitas ou adquiridas, como consequência de doenças imunológicas, etc.
22 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
23 Eritrócitos: Células vermelhas do sangue. Os eritrócitos maduros são anucleados, têm forma de disco bicôncavo e contêm HEMOGLOBINA, cuja função é transportar OXIGÊNIO. Sinônimos: Corpúsculos Sanguíneos Vermelhos; Corpúsculos Vermelhos Sanguíneos; Corpúsculos Vermelhos do Sangue; Glóbulos Vermelhos; Hemácias
24 Idiopática: 1. Relativo a idiopatia; que se forma ou se manifesta espontaneamente ou a partir de causas obscuras ou desconhecidas; não associado a outra doença. 2. Peculiar a um indivíduo.
25 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
26 Feto: Filhote por nascer de um mamífero vivíparo no período pós-embrionário, depois que as principais estruturas foram delineadas. Em humanos, do filhote por nascer vai do final da oitava semana após a CONCEPÇÃO até o NASCIMENTO, diferente do EMBRIÃO DE MAMÍFERO prematuro.
27 Anemia: Condição na qual o número de células vermelhas do sangue está abaixo do considerado normal para a idade, resultando em menor oxigenação para as células do organismo.
28 Exsanguineotransfusão: Troca lenta e sucessiva de um volume de sangue de uma pessoa e reposição com uma quantidade igual de sangue compatível doado.
29 Antígenos: 1. Partículas ou moléculas capazes de deflagrar a produção de anticorpo específico. 2. Substâncias que, introduzidas no organismo, provocam a formação de anticorpo.
30 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
31 Sífilis: Doença transmitida pelo contato sexual, causada por uma bactéria de forma espiralada chamada Treponema pallidum. Produz diferentes sintomas de acordo com a etapa da doença. Primeiro surge uma úlcera na zona de contato com inflamação dos gânglios linfáticos regionais. Após um período a lesão inicial cura-se espontaneamente e aparecem lesões secundárias (rash cutâneo, goma sifilítica, etc.). Em suas fases tardias pode causar transtorno neurológico sério e irreversível, que felizmente após o advento do tratamento com antibióticos tem se tornado de ocorrência rara. Pode ser causa de infertilidade e abortos espontâneos repetidos.
32 Leucemia: Doença maligna caracterizada pela proliferação anormal de elementos celulares que originam os glóbulos brancos (leucócitos). Como resultado, produz-se a substituição do tecido normal por células cancerosas, com conseqüente diminuição da capacidade imunológica, anemia, distúrbios da função plaquetária, etc.
33 Lúpus: 1. É uma inflamação crônica da pele, caracterizada por ulcerações ou manchas, conforme o tipo específico. 2. Doença autoimune rara, mais frequente nas mulheres, provocada por um desequilíbrio do sistema imunológico. Nesta patologia, a defesa imunológica do indivíduo se vira contra os tecidos do próprio organismo como pele, articulações, fígado, coração, pulmão, rins e cérebro. Essas múltiplas formas de manifestação clínica, às vezes, podem confundir e retardar o diagnóstico. Lúpus exige tratamento cuidadoso por médicos especializados no assunto.
34 Eritematoso: Relativo a ou próprio de eritema. Que apresenta eritema. Eritema é uma vermelhidão da pele, devido à vasodilatação dos capilares cutâneos.
35 Mononucleose: Doença de progressão benigna, muito comum, causada pela infecção pelo vírus Epstein-Barr e transmitida pelo contato com saliva contaminada. Seus sintomas incluem: mal-estar, dor de cabeça, febre, dor de garganta, ínguas principalmente no pescoço, inflamação do fígado. Acomete mais freqüentemente adolescentes e adultos jovens.
36 Anemia falciforme: Doença hereditária que causa a má formação das hemácias, que assumem forma semelhante a foices (de onde vem o nome da doença), com maior ou menor severidade de acordo com o caso, o que causa deficiência do transporte de gases nos indivíduos que possuem a doença. É comum na África, na Europa Mediterrânea, no Oriente Médio e em certas regiões da Índia.
37 Anemia Ferropriva: Anemia por deficiência de ferro. É o tipo mais comum de anemia. Há redução da quantidade total de ferro corporal até a exaustão das reservas de ferro. O fornecimento de ferro é insuficiente para atingir as necessidades de diferentes tecidos, incluindo as necessidades para a formação de hemoglobina e dos glóbulos vermelhos.
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