Do diagnóstico à evolução: tudo sobre o raro câncer do timo
Uma visão1 abrangente
O câncer2 do timo3, também conhecido como neoplasia4 tímica maligna, é uma condição rara que afeta o timo3, uma glândula5 localizada na região anterior do mediastino6, logo atrás do esterno7. O timo3 desempenha um papel crucial no sistema imunológico8, especialmente durante a infância, sendo responsável pela maturação dos linfócitos T, células9 essenciais para a defesa do organismo.
O que é o câncer2 de timo3?
O câncer2 do timo3 engloba um grupo de tumores que se originam nas células9 epiteliais tímicas, sendo os mais comuns os timomas e os carcinomas tímicos. Os timomas são, em geral, de crescimento lento e podem ser benignos ou malignos, enquanto os carcinomas tímicos são mais agressivos e invariavelmente malignos.
Esses tumores são raros, representando menos de 1% de todos os cânceres, com maior incidência10 em adultos entre a quarta e a sexta década de vida. Embora incomuns, podem estar associados a doenças autoimunes11, como a miastenia12 gravis.
Quais são as causas do câncer2 de timo3?
As causas exatas não são completamente compreendidas e, na maioria dos casos, não há um fator desencadeante claro. Não existem fatores de risco estabelecidos de forma consistente, como ocorre em outros tipos de câncer2, por exemplo o tabagismo no câncer2 de pulmão13.
No entanto, há associações relevantes: cerca de 30% a 50% dos pacientes com timoma apresentam miastenia12 gravis, uma doença autoimune14 caracterizada por fraqueza muscular. Outras condições associadas incluem anemia15 aplástica e hipogamaglobulinemia.
Alterações genéticas ou epigenéticas podem desempenhar papel na patogênese16, embora a predisposição hereditária seja rara. Exposições à radiação ionizante ou a carcinógenos químicos, ainda que sem evidência conclusiva, podem teoricamente aumentar o risco.
Leia também: "Conhecendo o sistema imunológico8", "Células9 do sistema imunológico8" e "Imunossupressão17 e imunodepressão".
Qual é o substrato fisiopatológico do câncer2 de timo3?
A fisiopatologia18 envolve o crescimento descontrolado de células9 epiteliais do timo3, levando à formação de massas tumorais. Nos timomas, há possível interferência na regulação imunológica, resultando na produção de autoanticorpos, como os dirigidos aos receptores de acetilcolina19 na miastenia12 gravis.
Os carcinomas tímicos apresentam maior grau de invasividade e potencial metastático para pulmões20, fígado21 e ossos. Timomas tendem a permanecer localizados, mas podem invadir estruturas vizinhas, como pleura22 e pericárdio23.
Quais são as características clínicas?
Os sintomas24 variam conforme tamanho, localização e invasividade. Muitos pacientes são assintomáticos no início, sendo o diagnóstico25 incidental em exames de imagem. Quando presentes, os sintomas24 incluem dor torácica, tosse persistente, dispneia26 e sensação de pressão torácica por compressão de estruturas mediastinais.
Sintomas24 sistêmicos27, como perda de peso, febre28 e sudorese29 noturna, são mais comuns em carcinomas tímicos avançados. Síndromes paraneoplásicas, como miastenia12 gravis (mais frequente), anemia15 aplástica, hipogamaglobulinemia e síndrome de Cushing30, podem ocorrer.
A síndrome31 da veia cava superior é uma complicação frequente, levando a edema32 e cianose33 de face34, pescoço35 e membros superiores.
Como o médico diagnostica?
O diagnóstico25 combina avaliação clínica, exames de imagem, testes laboratoriais e confirmação histopatológica. A tomografia computadorizada36 é o exame inicial de escolha para avaliar massa mediastinal, enquanto a ressonância magnética37 é útil para definir invasão local. O PET-CT pode identificar metástases38 e avaliar a atividade metabólica tumoral.
Testes laboratoriais podem incluir pesquisa de autoanticorpos (como anti-receptor de acetilcolina19). A confirmação diagnóstica exige biópsia39 por agulha guiada por imagem ou biópsia39 cirúrgica (toracoscopia ou mediastinotomia).
Como o médico trata?
O tratamento depende do tipo histológico40, estágio e condição clínica do paciente. A ressecção cirúrgica completa é o tratamento de escolha para timomas em estágios iniciais e para carcinomas tímicos ressecáveis. As vias de acesso incluem toracotomia ou cirurgia minimamente invasiva.
A radioterapia41 pode ser indicada adjuvantemente ou para tumores irressecáveis. A quimioterapia42 é empregada em doença avançada, recidivante43 ou metastática, muitas vezes com esquemas à base de cisplatina. Em casos selecionados, sobretudo carcinomas, imunoterapia com inibidores de checkpoint pode ser considerada.
O manejo de síndromes paraneoplásicas, como a miastenia12 gravis, envolve uso de piridostigmina, corticosteroides e/ou imunossupressores.
Qual é a evolução?
O prognóstico44 varia conforme tipo e estágio. Timomas em estágios iniciais, completamente ressecados, apresentam taxa de sobrevida45 em 5 anos de 80% a 90%. Carcinomas tímicos têm evolução mais agressiva, com sobrevida45 de 40% a 60% em estágios avançados.
Metástases38 à distância pioram o prognóstico44. Recorrências46 podem surgir anos após o tratamento, exigindo seguimento prolongado. A miastenia12 gravis pode persistir ou surgir mesmo após ressecção tumoral.
Quais são as complicações?
As complicações podem decorrer da doença ou do tratamento. A compressão de estruturas mediastinais pode gerar dispneia26, disfagia47 e síndrome31 da veia cava superior. Carcinomas tímicos tendem a metastatizar para pulmões20, fígado21 e ossos. A miastenia12 gravis pode evoluir para crise miastênica com insuficiência respiratória48.
Complicações terapêuticas incluem infecção49 pós-operatória, lesão50 de estruturas adjacentes, toxicidade51 hematológica, náuseas52, fadiga53 e imunossupressão17.
Veja também sobre "A 'glândula5 da felicidade' ou Timo3", "Timoma" e "Antígenos54 e anticorpos55".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Instituto Oncoguia e do BMJ Best Practice.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.