Insuficiência respiratória: como ela acontece?
O que é insuficiência respiratória1?
A insuficiência respiratória1 resulta de uma falha de troca gasosa pelo sistema respiratório2, o que significa que o oxigênio ou o dióxido de carbono arterial, ou ambos, não podem ser mantidos em seus níveis normais. Um decréscimo de oxigênio transportado no sangue3 é conhecido como hipoxemia4 e um aumento nos níveis de dióxido de carbono é chamado de hipercapnia5.
A insuficiência respiratória1 pode ser classificada como do tipo I ou do tipo II. O tipo I é aquele em que há hipoxemia4 sem hipercapnia5. No tipo II ocorre hipoxemia4 com hipercapnia5.
Quais são as causas da insuficiência respiratória1?
A insuficiência respiratória1 é causada por doenças ou condições que dificultam a respiração. Esses distúrbios podem afetar diretamente os pulmões6 ou os músculos7, nervos, ossos ou tecidos envolvidos na respiração. Nessas condições, os pulmões6 não podem mover-se facilmente e/ou os tecidos orgânicos pertinentes não estão aptos para angariar a dose normal de oxigênio e remover o dióxido de carbono do sangue3. Isto pode ocorrer por danos aos tecidos e costelas8 em torno dos pulmões6, problemas com a coluna, drogas ou overdose de álcool, doenças e condições agudas ou crônicas do pulmão9.
Assim, normalmente a insuficiência respiratória1 é causada por um desequilíbrio entre a ventilação10 e a perfusão. Ou seja, o volume de ar que entra e sai dos pulmões6 não é combinado com o fluxo de sangue3 para os pulmões6.
Qual é a fisiopatologia11 da insuficiência respiratória1?
A deficiência de oxigênio pode acontecer porque:
(1) O oxigênio ambiente esteja baixo como, por exemplo, em grandes altitudes.
(2) Porque haja um desequilíbrio ventilação10-perfusão, em que partes do pulmão9 recebem o oxigênio normal, mas não a quantidade de sangue3 suficiente para absorvê-lo como, por exemplo, na embolia12 pulmonar.
(3) Porque haja hipoventilação alveolar como, por exemplo, na doença neuromuscular aguda.
(4) Se houver problema de difusão, em que o oxigênio não pode entrar nos capilares13 devido à doença do parênquima14, por exemplo, na pneumonia15.
(5) Por haver um shunt16 arteriovenoso, em que o sangue3 oxigenado se mistura com sangue3 não-oxigenado.
O tipo II da insuficiência respiratória1 é causado por ventilação10 alveolar inadequada, em que o oxigênio e o dióxido de carbono são afetados. As causas subjacentes incluem:
(1) O aumento da resistência das vias respiratórias como na doença pulmonar obstrutiva crônica, asma17, asfixia18, etc.
(2) Menor esforço respiratório, por efeito de drogas, lesão19 do tronco cerebral20, obesidade21 extrema.
(3) Diminuição na área do pulmão9 disponível para a troca de gases, tal como na bronquite crônica.
(4) Problemas neuromusculares como, por exemplo, síndrome22 de Guillain-Barré e doença do neurônio motor.
(5) Deformações da coluna como cifoescoliose, espondilite anquilosante ou tórax23 instável.
Quais são as principais características clínicas da insuficiência respiratória1?
Os principais sinais24 e sintomas25 da insuficiência respiratória1 dependem da causa subjacente e dos níveis de oxigênio e dióxido de carbono no sangue3. Um baixo nível de oxigênio no sangue3 pode causar falta de ar. Se o nível de oxigênio é muito baixo, também pode causar uma cor azulada na pele26, lábios e unhas27 (cianose28). Um nível elevado de dióxido de carbono pode causar respiração rápida e confusão mental. Algumas pessoas com esse problema podem tornar-se sonolentas ou mesmo perder a consciência. Também podem desenvolver arritmias29 ou batimentos cardíacos irregulares.
Como o médico diagnostica a insuficiência respiratória1?
O diagnóstico30 de insuficiência respiratória1 e da sua causa é feito com base no histórico médico, exame físico e resultados de exames complementares. Quanto ao histórico, o médico deve apurar as condições que possam levar à insuficiência respiratória1. Durante o exame físico, procurará por sinais24 de insuficiência respiratória1 e de sua causa subjacente.
A insuficiência respiratória1 pode causar falta de ar, respiração rápida e uma cor azulada na pele26, lábios e unhas27. Usando um estetoscópio, o médico pode ouvir seus pulmões6 e coração31, para detectar eventuais sons anormais. Para verificar os níveis de oxigênio e dióxido de carbono no sangue3, pode ser feita uma oximetria de pulso e exame de gases no sangue3 arterial (gasometria arterial). O médico pode ainda recomendar outros exames, inclusive de imagens, para ajudar a esclarecer a causa subjacente da insuficiência respiratória1.
Como o médico trata a insuficiência respiratória1?
É necessário o tratamento da causa subjacente. Sintomaticamente, pode precisar ser feita entubação endotraqueal e ventilação10 mecânica. A estimulação respiratória com o doxapram raramente é utilizada. Se a falha respiratória resultar de uma overdose de drogas sedativas, tais como opioides ou benzodiazepínicos, o antídoto32 apropriado deve ser usado. A pressão positiva contínua nas vias aéreas deve ser utilizada mesmo antes de transportar o paciente para um hospital.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.