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O choro e o riso - causas e reações fisiológicas

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O que são o choro e o riso?

O choro, pranto (choro em excesso) ou ato de chorar ou lacrimejar é um efeito fisiológico1 e emocional dos seres humanos que consiste na produção de grande quantidade de lágrimas dos olhos2, geralmente quando estão em estado emocional alterado como em casos de medo, tristeza, depressão, saudade, dor, alegria exagerada, raiva3 e aflição, entre outros. O choro, pois, comporta uma expressão externa, caracterizada pela produção excessiva de lágrimas e pela contração específica de certos músculos4, especialmente da face5, e outra interna, constituída por experiências emocionais.

O riso ou sorriso é uma expressão facial decorrente da contração dos músculos4 das extremidades da boca6. Entre os humanos, o riso ou o sorriso é uma expressão de alegria ou boa vontade e pode ser descrito como uma resposta fisiológica7 ao humor, mas que também pode ser uma expressão descontrolada de ansiedade (riso ou sorriso nervoso). Distingue-se dois tipos de riso ou sorriso: (1) o real, caracterizado pela contração da generalidade dos músculos faciais8 e ao redor dos olhos2 e resultante de algum tipo de emoção espontânea ou simulada e (2) o falso, intermitente9 ou persistente, que pode surgir sem motivo e indica uma possível doença.

O riso pode ser contagioso. O contágio10 emocional ocorre se a pessoa está interagindo com alguém que está sentindo algo forte e que faz com que ela tenha a mesma emoção.

Leia sobre "Por que choramos" "O luto e suas fases", "O medo do escuro", "Transtorno de ansiedade generalizada" e "Depressão maior".

Causas e reações fisiológicas11 do choro

O sistema límbico do cérebro12 é um dos responsáveis pelo choro. Várias substâncias envolvidas no processamento das emoções, como noradrenalina13 e serotonina, por exemplo, são liberadas e através do sistema nervoso14 independente causarão a contração da glândula lacrimal15, liberando a lágrima. Do ponto de vista biológico, o choro mostrará vários efeitos físicos, como aumento da frequência cardíaca, suor e respiração lentificada. Para muitos, parece que os efeitos calmantes do choro, como a respiração mais lenta, duram mais que os efeitos negativos, o que poderia explicar por que as pessoas consideram o choro como sendo útil e benéfico.

Na medicina hipocrática e medieval, as lágrimas eram associadas aos humores corporais e o choro era visto como uma purgação do excesso de humores do cérebro12. As lágrimas também foram explicadas dentro de um contexto evolucionário, como tendo uma função de defesa. Hoje, acredita-se que o choro seja uma válvula de escape ou resultado de uma explosão de sensações emocionais intensas. Essa teoria poderia explicar por que as pessoas choram durante eventos alegres ou muito dolorosos.

William H. Frey II, pesquisador da Universidade de Minnesota, propôs que as pessoas se sentem "melhor" depois de chorar devido à eliminação de hormônios associados ao estresse, especificamente o hormônio16 adrenocorticotrópico. Isso, combinado ao aumento da secreção da mucosa17 durante o choro, pode levar a uma teoria de que o choro é um mecanismo desenvolvido em humanos para descartar esse hormônio16 quando os níveis dele ficam muito altos. No entanto, as lágrimas têm uma capacidade limitada de eliminar produtos químicos, o que reduz a probabilidade dessa teoria. Várias outras teorias mais recentes tentam explicar o choro em bases psicológicas.

A maioria dos animais pode chorar, mas apenas os humanos têm derramamento de lágrimas psicoemocional e é isso que é conhecido como "choro". Nos animais parece haver apenas os “sentimentos” correspondentes ao choro, que muitas vezes se expressam por gemidos, uivos, grunhidos e outros sons por eles emitidos.

Causas e reações fisiológicas11 do riso

Chama-se gelotologia ao estudo dos efeitos fisiológicos do riso em nossos corpos. O riso, em termos simples, pode ser descrito como uma resposta fisiológica7 ao humor. Uma risada vigorosa envolve a contração e o relaxamento dos músculos faciais8, torácicos, abdominais e esqueléticos, aliviando a tensão muscular e os espasmos18 que criam dor crônica. Nos primeiros dez segundos de riso, quinze músculos faciais8 se contraem e relaxam enquanto ocorre a estimulação do músculo zigomático principal. Durante o riso, a frequência cardíaca e a pulsação aumentam; a frequência respiratória e a ventilação19 tornam-se irregulares como efeito do fechamento da laringe20 pela epiglote21. O padrão normal de respiração cíclica é interrompido, aumentando a ventilação19, desobstruindo os tampões mucosos e acelerando a troca de ar residual.

Em casos extremos, o rosto pode ficar vermelho ou roxo durante o riso. Estudos demonstraram que apenas vinte segundos de riso têm a capacidade de dobrar a frequência cardíaca nos três a cinco minutos seguintes. Aproximadamente 20 minutos após o riso, medidas fisiológicas11, como frequência cardíaca, pressão arterial22 e tensão muscular, caem abaixo dos níveis basais e uma sensação de relaxamento fisiológico1 e psicológico e calma ocorre, e pode durar até quarenta e cinco minutos após a risada.

Em estudos experimentais, a estimulação eletrônica externa da parte anterior da área motora suplementar humana induz o riso. Então, tanto estímulos externos quanto internos são diretamente responsáveis pela indução do riso, embora os detalhes específicos dos efeitos do riso no sistema nervoso central23 não sejam inteiramente conhecidos. No entanto, parece haver um aumento nos níveis de catecolaminas. Da mesma forma, atualmente existe a hipótese de que o riso estimula a liberação de endorfinas, conhecidas por causar uma sensação de euforia. Por fim, o riso diminui a secreção do hormônio16 do estresse, o cortisol sérico.

O riso também parece ter efeitos benéficos no funcionamento do sistema imunológico24. Depois de assistir a vídeos humorísticos, o riso aumenta as concentrações de IgA. As pesquisas também mostraram uma relação entre o riso e a ativação dos linfócitos T, que são importantes para o funcionamento eficaz do sistema imunológico24.

Veja também sobre "Por que as pessoas são mais ansiosas hoje em dia do que antigamente", "Ansiedade infantil", "Saúde25 mental" e "Sentimento de culpa".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites do PubMed e da American Psychological Associaton.

ABCMED, 2020. O choro e o riso - causas e reações fisiológicas. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/vida-saudavel/1377043/o-choro-e-o-riso-causas-e-reacoes-fisiologicas.htm>. Acesso em: 12 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
2 Olhos:
3 Raiva: 1. Doença infecciosa freqüentemente mortal, transmitida ao homem através da mordida de animais domésticos e selvagens infectados e que produz uma paralisia progressiva juntamente com um aumento de sensibilidade perante estímulos visuais ou sonoros mínimos. 2. Fúria, ódio.
4 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
5 Face: Parte anterior da cabeça que inclui a pele, os músculos e as estruturas da fronte, olhos, nariz, boca, bochechas e mandíbula.
6 Boca: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
7 Fisiológica: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
8 Músculos Faciais: Músculos da expressão facial ou músculos miméticos; os numerosos músculos supridos pelo nervo facial fixados à pele da face e que a movimentam. A NA também inclui alguns músculos mastigadores nesse grupo. (Stedman, 25ª ed) Sinônimos: Músculos Miméticos
9 Intermitente: Nos quais ou em que ocorrem interrupções; que cessa e recomeça por intervalos; intervalado, descontínuo. Em medicina, diz-se de episódios de febre alta que se alternam com intervalos de temperatura normal ou cujas pulsações têm intervalos desiguais entre si.
10 Contágio: 1. Em infectologia, é a transmissão de doença de uma pessoa a outra, por contato direto ou indireto. 2. Na história da medicina, aplica-se a qualquer doença contagiosa. 3. No sentido figurado, é a transmissão de características negativas, de vícios, etc. ou então a reprodução involuntária de reação alheia.
11 Fisiológicas: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
12 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
13 Noradrenalina: Mediador químico do grupo das catecolaminas, liberado pelas fibras nervosas simpáticas, precursor da adrenalina na parte interna das cápsulas das glândulas suprarrenais.
14 Sistema nervoso: O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal e a porção periférica está constituída pelos nervos cranianos e espinhais, pelos gânglios e pelas terminações nervosas.
15 Glândula Lacrimal: O sistema produtor e condutor das lágrimas. Inclui as glândulas lacrimais, margens das pálpebras, saco conjuntival e o sistema de drenagem das lágrimas.
16 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
17 Mucosa: Tipo de membrana, umidificada por secreções glandulares, que recobre cavidades orgânicas em contato direto ou indireto com o meio exterior.
18 Espasmos: 1. Contrações involuntárias, não ritmadas, de um ou vários músculos, podendo ocorrer isolada ou continuamente, sendo dolorosas ou não. 2. Qualquer contração muscular anormal. 3. Sentido figurado: arrebatamento, exaltação, espanto.
19 Ventilação: 1. Ação ou efeito de ventilar, passagem contínua de ar fresco e renovado, num espaço ou recinto. 2. Agitação ou movimentação do ar, natural ou provocada para estabelecer sua circulação dentro de um ambiente. 3. Em fisiologia, é o movimento de ar nos pulmões. Perfusão Em medicina, é a introdução de substância líquida nos tecidos por meio de injeção em vasos sanguíneos.
20 Laringe: É um órgão fibromuscular, situado entre a traqueia e a base da língua que permite a passagem de ar para a traquéia. Consiste em uma série de cartilagens, como a tiroide, a cricóide e a epiglote e três pares de cartilagens: aritnoide, corniculada e cuneiforme, todas elas revestidas de membrana mucosa que são movidas pelos músculos da laringe. As dobras da membrana mucosa dão origem às pregas vocais.
21 Epiglote: Cartilagem delgada em forma de folha, recoberta por uma membrana mucosa. Está situada atrás da raiz da língua e dobra-se para trás sobre o ádito da laringe, fechando-o durante a deglutição.
22 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
23 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
24 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
25 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
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