Gostou do artigo? Compartilhe!

Intoxicação pelo gás metano

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é o gás metano?

O metano é um gás incolor, inodoro e altamente inflamável. É produzido naturalmente por processos biológicos em ambientes anaeróbicos, como pântanos, em ruminantes, como vacas e ovelhas, e pela decomposição de matéria orgânica. Além disso, é encontrado em depósitos subterrâneos de petróleo e gás natural.

O gás metano (CH4) é um dos principais constituintes dos gases do efeito estufa e possui um impacto significativo nas mudanças climáticas, contribuindo para o aquecimento global. Ele possui um potencial de aquecimento global cerca de 28 vezes maior do que o dióxido de carbono (CO2). Isso significa que, em quantidades equivalentes, o metano tem um impacto climático muito mais forte do que o CO2.

Quais são as causas de intoxicação pelo gás metano?

A intoxicação pelo gás metano ocorre quando uma pessoa inala uma quantidade excessiva desse gás e seu organismo é incapaz de lidar com ele adequadamente.

A intoxicação por esse gás é relativamente rara em ambientes externos, pois ele se dispersa rapidamente na atmosfera. No entanto, pode representar um risco importante em espaços confinados, como minas, poços, silos, fossas sépticas ou espaços subterrâneos, onde a concentração de metano pode se acumular.

Leia sobre "Intoxicação por mercúrio", "Intoxicação por monóxido de carbono1" e "Urgências e emergências médicas mais comuns".

Qual é o substrato fisiopatológico da intoxicação pelo gás metano?

O gás metano em si não é tóxico, mas pode causar asfixia2 em ambientes fechados ou mal ventilados, pois é capaz de deslocar o oxigênio presente no ar. Isso significa que, se houver uma concentração excessiva de metano em um ambiente, a quantidade de oxigênio disponível pode diminuir, levando a uma condição conhecida como hipóxia3, que é a falta de oxigênio para o funcionamento normal do organismo.

Os efeitos da intoxicação pelo gás metano podem variar de pessoa para pessoa e dependem de vários fatores, como a quantidade do gás, a sensibilidade individual e a presença de condições médicas subjacentes.

O metano pode afetar a motilidade do intestino, causando constipação4, distensão abdominal, dor e alterações nos hábitos intestinais. Em algumas pessoas, a presença de metano pode estar associada a distúrbios digestivos, como a síndrome5 do intestino irritável (SII). No entanto, nem todas as pessoas expostas a altos níveis de metano experimentam esses sintomas6.

Quais são as características clínicas da intoxicação pelo gás metano?

O gás metano, na ausência de oxigênio, pode levar à intoxicação e ao envenenamento. Os sintomas6 da intoxicação pelo gás metano podem variar de acordo com a concentração do gás inalado e o tempo de exposição. Os sintomas6 iniciais podem incluir:

  • dor de cabeça7;
  • sonolência;
  • tontura8;
  • náuseas9;
  • fraqueza;
  • fadiga10;
  • falta de ar;
  • confusão mental;
  • pulso rápido;
  • euforia temporária.

Em casos mais graves, pode ocorrer perda de consciência, convulsões e até mesmo a morte, especialmente se a pessoa permanecer em um ambiente com alta concentração de metano por um período prolongado.

Nas intoxicações crônicas, com pequenas quantidades persistentes do gás, ele mostra seu fraco efeito como narcótico e gera uma fadiga10 crônica. Além disso, os sintomas6 da intoxicação crônica incluem hipotensão arterial11 e alterações no sistema nervoso12.

Por outro lado, os benefícios do metano podem ser atribuídos ao seu efeito no sistema digestivo13. Normalmente, com nutrição14 equilibrada, o metano é secretado pela microflora intestinal natural e estimula sua capacidade contrátil. Mas, o excesso de gás leva a consequências imprevisíveis.

Como o médico diagnostica a intoxicação pelo gás metano?

Pode ser muito difícil diagnosticar a intoxicação por gás metano, já que este gás não tem características que possam ser facilmente detectadas no ambiente. No entanto, as tentativas de diagnóstico15 devem levar em conta três parâmetros:

  1. A inalação de altas concentrações de metano pode levar a uma série de sintomas6 um tanto inespecíficos, incluindo dor de cabeça7, náuseas9, vômitos16, dificuldade respiratória, vertigem17, confusão mental, sonolência, perda de consciência e até mesmo morte por asfixia2 em casos extremos.
  2. É importante avaliar se a pessoa esteve exposta a um ambiente conhecido por conter metano, como locais de trabalho em mineração, esgotos, aterros sanitários ou áreas com vazamentos de gás natural. Na exposição prolongada, mesmo a baixas concentrações, o metano também pode levar a sintomas6 crônicos.
  3. Caso haja suspeita de intoxicação por metano em um ambiente específico, é possível realizar testes para medir a concentração do gás neste ar ambiente. Isso pode ser feito utilizando equipamentos apropriados para análise de gases, como detectores de gás portáteis.

Como o médico trata a intoxicação pelo gás metano?

Os primeiros auxílios para envenenamento por metano é retirar a vítima do ambiente fechado e contaminado e fornecer oxigênio a ela. Em seguida, deve-se afrouxar os botões superiores das roupas para facilitar a respiração. Na ausência de pulso e respiração, deve-se fazer uma massagem cardíaca fechada e praticar respiração artificial18.

Como não existe um antídoto19 específico, os cuidados básicos devem ser prestados em uma unidade especializada de ressuscitação.

Como prevenir a intoxicação pelo gás metano?

A prevenção é a melhor maneira de evitar a intoxicação por gás metano. Isso inclui a instalação de sistemas de ventilação20 adequados em espaços confinados, a realização de monitoramento regular dos níveis de gás e a adesão às medidas de segurança recomendadas ao trabalhar em áreas onde o metano possa estar presente.

Quais são as complicações possíveis com a intoxicação pelo gás metano?

A intoxicação aguda pode levar à insuficiência renal21, inibição da medula óssea22 e falha respiratória. Se o gás estiver altamente concentrado no ar, pode ser fatal.

Na exposição crônica em humanos, o composto leva a efeitos depressivos sobre o sistema nervoso central23 e a danos renais.

Veja sobre "Asfixia2", "Intoxicação por estricnina24" e "Intoxicação por gás de cozinha".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site do Governo do Estado se São Paulo.

ABCMED, 2023. Intoxicação pelo gás metano. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/1441815/intoxicacao-pelo-gas-metano.htm>. Acesso em: 27 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Monóxido de carbono: Gás levemente inflamável, incolor, inodoro e muito tóxico ao organismo.
2 Asfixia: 1. Dificuldade ou impossibilidade de respirar, que pode levar à anóxia. Ela pode ser causada por estrangulamento, afogamento, inalação de gases tóxicos, obstruções mecânicas ou infecciosas das vias aéreas superiores, etc. 2. No sentido figurado, significa sujeição à tirania; opressão e/ou cobrança de posições morais ou sociais que dão origem à privação de certas liberdades.
3 Hipóxia: Estado de baixo teor de oxigênio nos tecidos orgânicos que pode ocorrer por diversos fatores, tais como mudança repentina para um ambiente com ar rarefeito (locais de grande altitude) ou por uma alteração em qualquer mecanismo de transporte de oxigênio, desde as vias respiratórias superiores até os tecidos orgânicos.
4 Constipação: Retardo ou dificuldade nas defecações, suficiente para causar desconforto significativo para a pessoa. Pode significar que as fezes são duras, difíceis de serem expelidas ou infreqüentes (evacuações inferiores a três vezes por semana), ou ainda a sensação de esvaziamento retal incompleto, após as defecações.
5 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
6 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
7 Cabeça:
8 Tontura: O indivíduo tem a sensação de desequilíbrio, de instabilidade, de pisar no vazio, de que vai cair.
9 Náuseas: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc .
10 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
11 Hipotensão arterial: Diminuição da pressão arterial abaixo dos valores normais. Estes valores normais são 90 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 50 milímetros de pressão diastólica.
12 Sistema nervoso: O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal e a porção periférica está constituída pelos nervos cranianos e espinhais, pelos gânglios e pelas terminações nervosas.
13 Sistema digestivo: O sistema digestivo ou digestório realiza a digestão, processo que transforma os alimentos em substâncias passíveis de serem absorvidas pelo organismo. Os materiais não absorvidos são eliminados por este sistema. Ele é composto pelo tubo digestivo e por glândulas anexas.
14 Nutrição: Incorporação de vitaminas, minerais, proteínas, lipídios, carboidratos, oligoelementos, etc. indispensáveis para o desenvolvimento e manutenção de um indivíduo normal.
15 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
16 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
17 Vertigem: Alucinação de movimento. Pode ser devido à doença do sistema de equilíbrio, reação a drogas, etc.
18 Respiração artificial: Tipo de apoio à função respiratória que utiliza um instrumento eletromecânico (respirador artificial), capaz de insuflar de forma cíclica volumes pré-determinados de ar com alta concentração de oxigênio através dos brônquios.
19 Antídoto: Substância ou mistura que neutraliza os efeitos de um veneno. Esta ação pode reagir diretamente com o veneno ou amenizar/reverter a ação biológica causada por ele.
20 Ventilação: 1. Ação ou efeito de ventilar, passagem contínua de ar fresco e renovado, num espaço ou recinto. 2. Agitação ou movimentação do ar, natural ou provocada para estabelecer sua circulação dentro de um ambiente. 3. Em fisiologia, é o movimento de ar nos pulmões. Perfusão Em medicina, é a introdução de substância líquida nos tecidos por meio de injeção em vasos sanguíneos.
21 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
22 Medula Óssea: Tecido mole que preenche as cavidades dos ossos. A medula óssea apresenta-se de dois tipos, amarela e vermelha. A medula amarela é encontrada em cavidades grandes de ossos grandes e consiste em sua grande maioria de células adiposas e umas poucas células sangüíneas primitivas. A medula vermelha é um tecido hematopoiético e é o sítio de produção de eritrócitos e leucócitos granulares. A medula óssea é constituída de um rede, em forma de treliça, de tecido conjuntivo, contendo fibras ramificadas e preenchida por células medulares.
23 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
24 Estricnina: É uma substância extraída da casca e especialmente das sementes de plantas do gênero Strychnos, principalmente da noz-vômica (Strychnos nux-vomica). Ela pode ser usada como estimulante do sistema nervoso central ou como veneno.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.