Distonias neurovegetativas e seu impacto na regulação autonômica
O que são distonias1 neurovegetativas?
Tal como o sistema neuromuscular tem o seu tônus regular, que pode ser alterado por condições patológicas (distonias1 musculares), também o sistema nervoso2 vegetativo, ou sistema nervoso autônomo3, possui um tônus ótimo, passível de alteração em determinadas condições de saúde4 (distonias1 neurovegetativas).
As distonias1 neurovegetativas (ou disautonomia) referem-se a distúrbios do sistema nervoso autônomo3, que controla funções involuntárias do corpo, como respiração, digestão5, ritmo cardíaco, pressão arterial6, sudorese7 e outras atividades essenciais. Esses distúrbios indicam um mau funcionamento na regulação dessas funções, o que pode resultar em uma variedade de sintomas8, dependendo da área afetada.
Embora “distonia” costume remeter a alterações motoras, aqui o termo descreve um desequilíbrio funcional autonômico, e o termo “distonia neurovegetativa” foi cunhado por Berthold Wichtmann em 1934.
Qual é o substrato fisiopatológico das distonias1 neurovegetativas?
O substrato fisiopatológico dessas condições envolve alterações na regulação das divisões simpática e parassimpática do sistema nervoso autônomo3. Elas podem estar relacionadas a disfunções na neurotransmissão autonômica, incluindo a liberação de neurotransmissores como a norepinefrina (no sistema simpático9) e a acetilcolina10 (no sistema parassimpático), ou a anomalias nos receptores desses neurotransmissores.
Processos inflamatórios, degenerativos11 ou tóxicos também podem comprometer a integridade das vias autonômicas, além de lesões12 em áreas do sistema nervoso central13 que regulam esse sistema, como o hipotálamo14, o tronco encefálico15 e a medula espinhal16, ou ainda condições que afetam diretamente os nervos periféricos autônomos.
Quais são as causas das distonias1 neurovegetativas?
Algumas das causas mais importantes das distonias1 neurovegetativas são disfunções no sistema nervoso autônomo3, o que pode causar alterações na regulação das funções corporais. Isso pode ser provocado por neuropatias autonômicas, doenças degenerativas17 (como doença de Parkinson18, esclerose múltipla19 ou atrofia20 de múltiplos sistemas, por exemplo) ou lesões12 do sistema nervoso2.
Lesões12 cerebrais ou medulares, como traumas que afetam áreas responsáveis pela regulação autonômica, também podem levar à disfunção do sistema nervoso autônomo3. Certas condições hereditárias ou metabólicas igualmente podem comprometer esse funcionamento, como a amiloidose21 familiar ou a doença de Fabry.
Desequilíbrios hormonais ou metabólicos também podem alterar a regulação autonômica e contribuir para a disfunção. Além disso, fatores como estresse crônico22, transtornos de ansiedade e exposição a medicamentos ou substâncias tóxicas podem atuar como desencadeantes ou agravantes em indivíduos suscetíveis.
Deve ser ressaltado que as distonias1 neurovegetativas podem ser causadas por mais de uma dessas condições, agindo ao mesmo tempo.
Veja também sobre "Doenças nervosas degenerativas17", "Mal de Alzheimer23", "Demência24 por Corpos de Lewy" e "Distúrbio neurocognitivo".
Quais são as características clínicas das distonias1 neurovegetativas?
Os sintomas8 das distonias1 neurovegetativas podem afetar vários sistemas orgânicos, a saber:
- náuseas25, vômitos26, constipação27 ou diarreia28;
- palpitações29, arritmias30, hipotensão31 ortostática (tontura32 ao ficar em pé);
- dificuldades para respirar ou sensação de falta de ar;
- dificuldades na regulação da temperatura (sudorese7 excessiva ou ausência de suor);
- incontinência33 ou retenção urinária.
A desregulação do sistema autônomo pode impactar também o equilíbrio emocional, causando ansiedade ou fadiga34 crônica. Em muitos casos, tais manifestações se sobrepõem a condições clínicas já reconhecidas, como disautonomias primárias, síndrome35 da taquicardia36 postural ortostática ou síndromes funcionais gastrointestinais, o que exige avaliação cuidadosa.
Como o médico diagnostica as distonias1 neurovegetativas?
Geralmente o diagnóstico37 é feito por exclusão. Se o paciente tem queixas, os exames devem ser realizados para verificar se elas estão associadas a alguma doença física. Se negativo, possivelmente os problemas estão associados a uma disfunção do sistema nervoso autônomo3. As distonias1 neurovegetativas serão confirmadas então por uma combinação de avaliação clínica e exames complementares de exclusão.
O médico deve colher uma história clínica completa, buscando entender os sintomas8 apresentados pelo paciente, sua duração, intensidade e fatores desencadeantes. O exame físico pode incluir medição da pressão arterial6 e frequência cardíaca: o médico pode avaliar a variação desses parâmetros em diferentes posturas para identificar disfunções autonômicas.
No exame neurológico, deve avaliar os reflexos, o tônus muscular38 e outros sinais39 neurológicos. Dependendo dos sintomas8, o médico pode solicitar exames específicos para avaliar a função autonômica, como o teste da inclinação (Tilt test), que avalia a resposta cardiovascular à mudança de postura (deitado para em pé), o teste de sudorese7 e a monitorização da pressão arterial6 contínua.
Exames de sangue40 podem ser solicitados para descartar outras condições que possam mimetizar sintomas8 de distonia41 neurovegetativa, como problemas hormonais ou metabólicos. Exames de imagem (ressonância magnética42 ou tomografia computadorizada43) podem ser indicados para investigar possíveis lesões12 cerebrais ou medulares que possam afetar o sistema nervoso autônomo3.
Em situações em que fatores psicogênicos contribuem para a expressão dos sintomas8, a avaliação psiquiátrica ou psicológica torna-se necessária para uma abordagem integrada.
Como o médico trata as distonias1 neurovegetativas?
O tratamento das distonias1 neurovegetativas é feito com uma abordagem multidisciplinar, envolvendo medidas clínicas, farmacológicas e, em alguns casos, terapias complementares. Se a distonia41 neurovegetativa estiver associada a uma doença específica, o tratamento envolve a abordagem dessa condição. Quando causada por fatores emocionais ou psicológicos, pode ser necessário apoio psiquiátrico ou psicológico.
Medidas de suporte, como adequação da hidratação, ajustes posturais e manejo de gatilhos ambientais, muitas vezes auxiliam no controle dos sintomas8, e o acompanhamento médico periódico permite monitorar a evolução e ajustar o tratamento conforme necessário.
Como evoluem as distonias1 neurovegetativas?
As distonias1 neurovegetativas primárias costumam ter uma progressão crônica e gradual, com sintomas8 que se agravam ao longo do tempo, afetando a qualidade de vida do paciente. Nas distonias1 secundárias a outras doenças, a progressão depende da condição subjacente.
Os sintomas8 podem ser intermitentes44 ou crônicos, com períodos de exacerbação seguidos de remissão parcial, especialmente quando relacionados a estresse ou fatores emocionais. A evolução clínica é frequentemente flutuante e modulada tanto por fatores biológicos quanto psicossociais, podendo ser influenciada por estresse, traumas emocionais, infecções45, uso de certos medicamentos ou intervenções psicoterapêuticas.
Leia sobre "Somatização46", "Entendendo o estresse e como aliviá-lo" e "Terapia cognitivo47 comportamental".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do U.S. National Institutes of Health e da Science Direct.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.










