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O que é a síndrome da pessoa rígida e quais são suas causas

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O que é a síndrome1 da pessoa rígida?

A Síndrome1 da Pessoa Rígida, também conhecida como Síndrome1 da Pessoa Enrijecida, é uma doença neurológica rara, caracterizada por rigidez muscular progressiva e espasmos2 musculares dolorosos, repentinos e involuntários, provocados pelo toque ou por emoções fortes. Geralmente começa nos músculos3 do tronco e abdômen, podendo se estender para braços e pernas.

Quais são as causas da síndrome1 da pessoa rígida?

A causa exata da Síndrome1 da Pessoa Rígida ainda não é compreendida, mas acredita-se que esteja relacionada a uma disfunção autoimune4, causada pela produção de anticorpos5 anormais. O sistema imunológico6 ataca partes do sistema nervoso central7 e, especificamente, uma proteína envolvida na produção do ácido gama-aminobutírico, e isso prejudica a capacidade de relaxamento dos músculos3. A causa da produção destes anticorpos5 nem sempre é identificada, mas em alguns casos pode acontecer devido a um tumor8, como câncer9 de mama10 ou de cólon11.

Leia sobre "Tônus muscular12", "Distúrbios dos movimentos" e "Atrofia13 muscular".

Qual é o substrato fisiopatológico da síndrome1 da pessoa rígida?

O substrato fisiopatológico da Síndrome1 da Pessoa Rígida envolve uma disfunção autoimune4 que afeta especificamente uma proteína chamada GAD (glutamato descarboxilase), que está envolvida na produção do ácido gama-aminobutírico (GABA14), um neurotransmissor que ajuda a regular a excitabilidade neuronal e controlar a atividade muscular.

Os anticorpos5 anti-GAD reduzem a atividade dessa proteína, diminuindo a produção do GABA14, o que resulta em uma perda de inibição sobre os neurônios15 motores e, consequentemente, aumento da excitabilidade neuronal e da atividade muscular involuntária16. Essa estimulação neuronal constante leva a uma ativação exagerada dos arcos reflexos espinhais e causa a rigidez muscular e os espasmos2 característicos da enfermidade.

Em alguns casos, podem ser encontrados outros anticorpos5 autoimunes17, sugerindo que a Síndrome1 da Pessoa Rígida possa estar associada a outras doenças autoimunes17, como diabetes tipo 118, tireoidite autoimune4, vitiligo19, etc.

Quais são as características clínicas da síndrome1 da pessoa rígida?

A Síndrome1 da Pessoa Rígida é mais comum em pessoas com mais de 30 anos e afeta uma a duas pessoas a cada um milhão, a maioria das quais são mulheres (cerca de 70%). Esta síndrome1 causa sintomas20 que mais se assemelham aos de uma doença nervosa periférica, embora seja o sistema nervoso central7 que é afetado.

Os sintomas20 mais chamativos da Síndrome1 da Pessoa Rígida são espasmos2 súbitos, involuntários e dolorosos, que o paciente não consegue controlar. Esses espasmos2 podem ser desencadeados por estímulos sensoriais (como som ou toque), estresse emocional ou movimentos bruscos, e podem levar a quedas e dificuldades na mobilidade.

Além disso, acontece uma progressiva rigidez da musculatura do tronco do paciente (os músculos3 ficam com um tônus mais acentuado). Os braços e as pernas também podem sofrer rigidez, mas em muito menor grau, principalmente nas extremidades proximais21. Essa rigidez pode ser assimétrica e variar em intensidade, causando marcha rígida e instável e dificuldade em realizar movimentos finos. Existe ainda uma hipersensibilidade à dor nas regiões afetadas, que pode variar de moderada a severa.

Como o médico diagnostica a síndrome1 da pessoa rígida?

O diagnóstico22 da Síndrome1 da Pessoa Rígida é clínico e pode ser confirmado por testes, como a eletromiografia23, que mostra atividade contínua dos músculos3, e a presença de autoanticorpos específicos, como o anti-GAD. O médico deve começar por colher um histórico detalhado dos sintomas20 do paciente e dos fatores que os desencadeiam. Um exame físico completo deve ser realizado para observar a rigidez muscular, espasmos2 e outros sinais24 neurológicos.

Alguns exames de sangue25 podem ser realizados para verificar a presença de autoanticorpos específicos, frequentemente presentes em pessoas com a Síndrome1 da Pessoa Rígida. A eletromiografia23 pode ser usada para avaliar a atividade elétrica dos músculos3 e identificar padrões característicos de descarga contínua. Os estudos de imagem devem ser realizados apenas para descartar outras condições neurológicas que podem causar sintomas20 semelhantes.

O médico pode investigar a presença de outras doenças autoimunes17 no paciente, como diabetes tipo 118 ou doenças da tireoide26, por exemplo, que podem estar associadas à Síndrome1 da Pessoa Rígida.

Como o médico trata a síndrome1 da pessoa rígida?

O tratamento medicamentoso envolve o uso de remédios para aliviar a rigidez e os espasmos2 musculares, como diazepam, clonazepam e baclofeno, além de imunoterapias para reduzir a resposta autoimune4. Medicamentos como corticosteroides, imunoglobulina27 intravenosa e rituximabe podem ser utilizados para suprimir a resposta imunológica anormal. Alguns medicamentos anticonvulsivantes podem ser eficazes na redução dos espasmos2 musculares. Em alguns casos, a injeção28 de toxina29 botulínica pode ser usada para reduzir espasmos2 musculares focais.

A fisioterapia30 pode ajudar a manter a mobilidade e a flexibilidade, além de melhorar a postura e a força muscular. A terapia ocupacional31 pode auxiliar na adaptação às atividades diárias e na utilização de dispositivos de assistência para melhorar a qualidade de vida. Uma psicoterapia ou apoio psicológico pode ser necessário para lidar com a ansiedade e o estresse que frequentemente acompanham a Síndrome1 da Pessoa Rígida.

Como evolui a síndrome1 da pessoa rígida?

A Síndrome1 da Pessoa Rígida é uma condição progressiva que ainda não tem cura e geralmente está associada a pacientes com histórico de doenças autoimunes17 e alguns tipos de câncer9. É comum haver incidência32 de transtornos de ansiedade, fobias33 específicas e, em alguns casos, depressão.

Com o tempo, pacientes com a síndrome1 da pessoa rígida podem desenvolver posturas curvadas (hiperlordose lombar) e dificuldade em se levantar de uma posição sentada ou deitada. Algumas pessoas podem ter dificuldade para se locomover e muitas sofrem quedas frequentes por causa da falta de reflexos normais para se segurar. O medo de desencadear espasmos2 pode levar ao isolamento social. A Síndrome1 da Pessoa Rígida pode avançar, conduzindo à invalidez e à rigidez de todo o corpo.

Veja também "Esclerose múltipla34", "Ataxia35" e "Síndrome1 das pernas inquietas".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do National Institutes of Neurological Disorders and Stroke e da Cleveland Clinic.

ABCMED, 2024. O que é a síndrome da pessoa rígida e quais são suas causas. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1476162/o-que-e-a-sindrome-da-pessoa-rigida-e-quais-sao-suas-causas.htm>. Acesso em: 19 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
2 Espasmos: 1. Contrações involuntárias, não ritmadas, de um ou vários músculos, podendo ocorrer isolada ou continuamente, sendo dolorosas ou não. 2. Qualquer contração muscular anormal. 3. Sentido figurado: arrebatamento, exaltação, espanto.
3 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
4 Autoimune: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
5 Anticorpos: Proteínas produzidas pelo organismo para se proteger de substâncias estranhas como bactérias ou vírus. As pessoas que têm diabetes tipo 1 produzem anticorpos que destroem as células beta produtoras de insulina do próprio organismo.
6 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
7 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
8 Tumor: Termo que literalmente significa massa ou formação de tecido. É utilizado em geral para referir-se a uma formação neoplásica.
9 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
10 Mama: Em humanos, uma das regiões pareadas na porção anterior do TÓRAX. As mamas consistem das GLÂNDULAS MAMÁRIAS, PELE, MÚSCULOS, TECIDO ADIPOSO e os TECIDOS CONJUNTIVOS.
11 Cólon:
12 Tônus muscular: Estado de tensão elástica (contração ligeira) que o músculo apresenta em repouso e que lhe permite iniciar a contração imediatamente depois de receber o impulso dos centros nervosos. Num estado de relaxamento completo (sem tônus), o músculo levaria mais tempo para iniciar a contração.
13 Atrofia: 1. Em biologia, é a falta de desenvolvimento de corpo, órgão, tecido ou membro. 2. Em patologia, é a diminuição de peso e volume de órgão, tecido ou membro por nutrição insuficiente das células ou imobilização. 3. No sentido figurado, é uma debilitação ou perda de alguma faculdade mental ou de um dos sentidos, por exemplo, da memória em idosos.
14 GABA: GABA ou Ácido gama-aminobutírico é o neurotransmissor inibitório mais comum no sistema nervoso central.
15 Neurônios: Unidades celulares básicas do tecido nervoso. Cada neurônio é formado por corpo, axônio e dendritos. Sua função é receber, conduzir e transmitir impulsos no SISTEMA NERVOSO. Sinônimos: Células Nervosas
16 Involuntária: 1.    Que se realiza sem intervenção da vontade ou que foge ao controle desta, automática, inconsciente, espontânea. 2.    Que se encontra em uma dada situação sem o desejar, forçada, obrigada.
17 Autoimunes: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
18 Diabetes tipo 1: Condição caracterizada por altos níveis de glicose causada por deficiência na produção de insulina. Ocorre quando o próprio sistema imune do organismo produz anticorpos contra as células-beta produtoras de insulina, destruindo-as. O diabetes tipo 1 se desenvolve principalmente em crianças e jovens, mas pode ocorrer em adultos. Há tendência em apresentar cetoacidose diabética.
19 Vitiligo: Doença benigna da pele, caracterizada pela ausência de pigmentação normal nas regiões afetadas, frequentemente face e mãos. Hoje já há tratamento, porém este é demorado e com resultados variáveis de pessoa para pessoa. CÓDIGO INTERNACIONAL DE DOENÇAS (CID): L80- VITILIGO.
20 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
21 Proximais: 1. Que se localiza próximo do centro, do ponto de origem ou do ponto de união. 2. Em anatomia geral, significa o mais próximo do tronco (no caso dos membros) ou do ponto de origem (no caso de vasos e nervos). Ou também o que fica voltado para a cabeça (diz-se de qualquer formação). 3. Em botânica, o que fica próximo ao ponto de origem ou à base. 4. Em odontologia, é o mais próximo do ponto médio do arco dental.
22 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
23 Eletromiografia: Técnica voltada para o estudo da função muscular através da pesquisa do sinal elétrico que o músculo emana, abrangendo a detecção, a análise e seu uso.
24 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
25 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
26 Tireoide: Glândula endócrina altamente vascularizada, constituída por dois lobos (um em cada lado da TRAQUÉIA) unidos por um feixe de tecido delgado. Secreta os HORMÔNIOS TIREOIDIANOS (produzidos pelas células foliculares) e CALCITONINA (produzida pelas células para-foliculares), que regulam o metabolismo e o nível de CÁLCIO no sangue, respectivamente.
27 Imunoglobulina: Proteína do soro sanguíneo, sintetizada pelos plasmócitos provenientes dos linfócitos B como reação à entrada de uma substância estranha (antígeno) no organismo; anticorpo.
28 Injeção: Infiltração de medicação ou nutrientes líquidos no corpo através de uma agulha e seringa.
29 Toxina: Substância tóxica, especialmente uma proteína, produzida durante o metabolismo e o crescimento de certos microrganismos, animais e plantas, capaz de provocar a formação de anticorpos ou antitoxinas.
30 Fisioterapia: Especialidade paramédica que emprega agentes físicos (água doce ou salgada, sol, calor, eletricidade, etc.), massagens e exercícios no tratamento de doenças.
31 Terapia ocupacional: A terapia ocupacional trabalha com a reabilitação das pessoas para as atividades que elas deixaram de fazer devido a algum problema físico (derrame, amputação, tetraplegia), psiquiátrico (esquizofrenia, depressão), mental (Síndrome de Down, autismo), geriátrico (Doença de Alzheimer, Doença de Parkinson) ou social (ex-presidiários, moradores de rua), objetivando melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. Além disso, ela faz a organização e as adaptações do domicílio para facilitar o trânsito dessa pessoa e as medidas preventivas para impedir o aparecimento de deformidades nos braços fazendo exercícios e confeccionando órteses (aparelhos confeccionados sob medida para posicionar partes do corpo).
32 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
33 Fobias: Medo exagerado, falta de tolerância, aversão.
34 Esclerose múltipla: Doença degenerativa que afeta o sistema nervoso, produzida pela alteração na camada de mielina. Caracteriza-se por alterações sensitivas e de motilidade que evoluem através do tempo produzindo dano neurológico progressivo.
35 Ataxia: Reflete uma condição de falta de coordenação dos movimentos musculares voluntários podendo afetar a força muscular e o equilíbrio de uma pessoa. É normalmente associada a uma degeneração ou bloqueio de áreas específicas do cérebro e cerebelo. É um sintoma, não uma doença específica ou um diagnóstico.

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