Doença de pequenos vasos, infartos lacunares e demência vascular: o papel central da lipohialinose
O que é lipohialinose?
Lipohialinose é um processo patológico que acomete as paredes de pequenas artérias1 perfurantes, arteríolas2 e capilares3 do cérebro4, frequentemente associado à hipertensão arterial5 crônica. Embora o termo seja frequentemente utilizado como sinônimo de “necrose fibrinoide”, este último descreve com maior precisão as alterações histopatológicas envolvidas. A condição pode levar à oclusão do vaso afetado, culminando em um infarto6 lacunar.
O termo “lipohialinose” foi cunhado por Charles Miller Fisher, que a descreveu como uma “desorganização segmentar da parede arteriolar”, caracterizada por espessamento parietal e consequente redução do diâmetro luminal.
Quais são as causas da lipohialinose?
A principal causa e fator de risco7 para a lipohialinose é a hipertensão arterial5 sustentada, que causa lesão8 endotelial e leva ao espessamento da parede vascular9, com deposição de lipídios e material hialino (hialinose), resultando em estreitamento ou oclusão do lúmen10 vascular9.
O diabetes mellitus11 também contribui significativamente, uma vez que a hiperglicemia12 crônica promove lesões13 vasculares14 por meio da glicação15 avançada de proteínas16 (AGEs), comprometendo sua função estrutural.
A aterosclerose17, embora tipicamente envolva vasos de maior calibre, pode contribuir indiretamente ao comprometer a perfusão dos vasos penetrantes.
O envelhecimento é um fator de risco7 importante, pois aumenta a susceptibilidade18 dos vasos à degeneração19.
Além disso, indivíduos com histórico de acidentes vasculares14 cerebrais (AVCs) prévios apresentam risco aumentado devido à lesão8 vascular9 preexistente.
Qual é o substrato fisiopatológico da lipohialinose?
Fisher descreveu a lipohialinose como uma patologia20 dos pequenos vasos cerebrais secundária à hipertensão arterial5, com necrose21 fibrinoide no estágio agudo22, levando à oclusão e, consequentemente, ao infarto6 lacunar. A necrose21 fibrinoide decorre da infiltração de proteínas16 plasmáticas na parede dos vasos, com subsequente espessamento parietal, deposição lipídica e acúmulo de material hialino, substância vítrea e eosinofílica.
No entanto, evidências recentes apontam a disfunção endotelial e a inflamação23 crônica como mecanismos centrais, favorecendo a quebra da barreira hematoencefálica, o extravasamento de componentes plasmáticos e a toxicidade24 neuronal local. O infarto6 lacunar pode ser, portanto, uma consequência desse processo, e o estreitamento vascular9 característico pode refletir o edema25 peri-infarto6, que comprime as estruturas vasculares14 adjacentes.
Saiba mais sobre "Doença de Alzheimer26", "Demências", "Como melhorar a sua memória" e "'Fisioterapia27' da mente".
Quais são as características clínicas da lipohialinose?
Como mencionado, a lipohialinose envolve espessamento parietal com deposição de material lipídico e hialino, tornando os vasos mais rígidos e susceptíveis à ruptura. Esse processo compromete o fluxo sanguíneo, podendo levar à isquemia28 das regiões irrigadas, infartos lacunares e micro-hemorragias29.
A repetição de lesões13 isquêmicas subcorticais está associada ao desenvolvimento de demência30 vascular9 e declínio cognitivo31 progressivo. As manifestações clínicas podem incluir distúrbios de memória, dificuldade de concentração, alterações na tomada de decisões, déficits motores focais (como hemiparesia32), disartria33, distúrbios da marcha, alterações do equilíbrio e sintomas34 neuropsiquiátricos, como apatia35, ansiedade ou depressão. Em casos mais avançados ou conforme a localização da lesão8, podem ocorrer alterações visuais, distúrbios sensoriais e disfagia36.
A lipohialinose é uma das principais causas de infartos lacunares, que são microinfartos subcorticais secundários à oclusão de pequenas artérias1 perfurantes. Em situações mais graves, a fragilidade vascular9 pode precipitar hemorragias29 intracerebrais, especialmente em pacientes com hipertensão37 mal controlada.
A condição é mais prevalente em idosos e em indivíduos com hipertensão37 de longa duração.
Como o médico diagnostica a lipohialinose?
O diagnóstico38 baseia-se na história clínica, com investigação de fatores de risco como hipertensão arterial5 crônica, diabetes mellitus11 e idade avançada. O exame neurológico pode revelar déficits motores e distúrbios cognitivos39 indicativos de lesões13 nos pequenos vasos cerebrais. A ressonância magnética40 (RM) é o método de imagem mais sensível para a detecção de lesões13 da substância branca, infartos lacunares e micro-hemorragias29, típicos da lipohialinose.
A tomografia computadorizada41 (TC) pode auxiliar, embora tenha menor sensibilidade para lesões13 subcorticais pequenas. Exames laboratoriais complementares, como glicemia42 e perfil lipídico43, são úteis para identificar e controlar fatores de risco, ainda que não confirmem diretamente o diagnóstico38. A aferição seriada da pressão arterial44 é essencial na abordagem desses pacientes.
Como o médico trata a lipohialinose?
O tratamento da lipohialinose é centrado no controle rigoroso dos fatores de risco modificáveis. A hipertensão arterial5 deve ser controlada de forma intensiva, com uso de anti-hipertensivos adequados e monitoramento frequente. O controle glicêmico é fundamental em pacientes diabéticos, assim como o uso de estatinas para dislipidemia.
Medidas não farmacológicas incluem cessação do tabagismo, dieta balanceada, prática regular de exercícios físicos e redução do consumo de álcool.
Em determinadas situações, pode-se indicar o uso de antiagregantes plaquetários para reduzir o risco de eventos trombóticos45. Nos casos em que a lipohialinose já ocasionou AVCs ou déficits neurológicos, a reabilitação com fisioterapia27, fonoaudiologia e suporte cognitivo31 pode ser indicada, visando à recuperação funcional e à melhora da qualidade de vida.
Veja também sobre "Atividade física", "Exercite seu cérebro4", "Parar de fumar" e "Sintomas34 da hipertensão arterial5".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Cleveland Clinic, da Healthline e da Mayo Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.