Depressões. O que são?
O que são depressões?
Depressões são quadros clínicos de rebaixamento do estado de ânimo, vivenciados com tristeza, desânimo extremo e inibição das funções psicofísicas. Há diversos tipos de depressões, que vão desde aquelas que são reações a acontecimentos traumatizantes até outras extremamente graves, verdadeiras doenças depressivas, chamadas depressões maiores, ou endógenas, em virtude de sua causação interna. A diferença entre elas não é apenas de intensidade, mas também de natureza. Enquanto as depressões reativas passam-se apenas no plano psíquico, as últimas afetam também o corpo. Além do sentimento de tristeza elas também alteram negativamente o brilho dos olhos1, o tom da voz, a agilidade dos movimentos, os ritmos fisiológicos, etc.
Nas depressões-doença parece não haver acontecimentos externos desencadeantes e elas sobrevêm mesmo “quando tudo está azul”, à diferença das reações depressivas, nas quais é possível reconhecer um evento desencadeador. As causas delas parecem ser transtornos bioquímicos dos neurotransmissores cerebrais, geneticamente transmitidos. As depressões reativas são devidas a eventos desairosos da vida, como morte de pessoa querida, separações conjugais, fracassos econômicos, etc.
Em quem ocorrem as depressões?
Estima-se que cerca de 15 a 20% da população sofra pelo menos uma experiência depressiva em algum momento da vida. Em alguns países (como a Austrália, por exemplo), uma em cada quatro mulheres e cerca de um em cada oito homens de meia idade já sofreram de depressão.
A depressão é mais frequente em pessoas com idade entre 25 e 45 anos. Também pode acontecer em crianças e adolescentes, em situações como separação dos pais, problemas na escola e rejeição. Os sintomas2 da depressão nas crianças são diferentes daqueles dos adultos e incluem tristeza, incapacidade de se divertir, irritabilidade, dores de cabeça3, cólicas4 abdominais, mau desempenho escolar, desânimo, dificuldades de concentração ou alterações do sono e da alimentação.
As mulheres são mais afetadas pelas depressões, na proporção de 2 para 1. Esta diferença, contudo, não existe em crianças ou a partir dos 50-55 anos, o que sugere que ela se deva também a fatores hormonais.
Quais as causas da depressão?
As depressões têm causas múltiplas. Acredita-se que nas depressões endógenas haja uma grande participação hereditária, via transtorno dos neurohormônios cerebrais. As outras depressões são causadas por fatores estressantes, como estilo inadequado de vida, separação dos pais, rejeição, drogas, problemas na escola, etc.
Quais os sintomas2 mais comuns das depressões?
Três sintomas2 estão inevitavelmente presentes nas depressões graves, geralmente endógenas:
- Profundo sentimento de tristeza, desesperança e pessimismo. Geralmente esse sintoma5 se acompanha também de ansiedade e sensação de vazio afetivo.
- Inibição psicomotora6, que implica em diminuição e lentidão das atividades motoras e dos ritmos fisiológicos.
- Lentidão do curso do pensamento, fala escassa e lenta, dificuldades de concentração, raciocínio e memorização.
Outros sintomas2 comuns são: ansiedade, isolamento, falta de vontade de realizar qualquer tarefa, choro imotivado, maus resultados no trabalho ou na escola, vontade de ficar só, intolerância a barulhos, tristeza persistente, baixa auto-confiança e auto-estima, dificuldade de concentração, sentimentos de culpa, desesperança, desamparo, solidão, diminuição do peso, pensamentos de suicídio, inquietação, irritabilidade, auto-agressividade, desleixo no vestir, falta de apetite e perda de peso, incapacidade de sentir prazer, perda de interesses, cansaço desproporcional ao esforço.
Os pensamentos dos depressivos têm sempre um tom pessimista e eles se sentem sem valor, culpam-se injustificadamente por acontecimentos atuais ou passados, sentem-se fracassados. Nos casos mais graves crêem-se irremediavelmente arruinados. Muitas vezes esses deprimidos têm pensamentos de suicídio, que podem levar a efeito. A morte às vezes é vista por eles como “a única saída”. A taxa de suicídio entre depressivos é trinta vezes maior do que a média da população geral. Todo deprimido endógeno deve ser tratado como um suicida em potencial, mesmo que não mencione essa possibilidade. Mais grave ainda é quando esses pacientes, crendo que seus familiares também estão arruinados, os matam, num chamado “suicídio altruísta”.
As depressões endógenas menos intensas, ou as reativas, frequentemente são relatadas pelos pacientes como estando "na fossa" ou com "baixo-astral" e às vezes aparecem como sentimentos de raiva7 persistente ou tentativa constante de culpar os outros, dores pelo corpo e outros sintomas2 vagos e indefinidos, etc. Quando se manifestam sob a forma de outros sintomas2 que não os classicamente depressivos, costuma-se chamar a elas de “depressões mascaradas”.
Diferentemente das duas formas citadas, há aquelas depressões das pessoas cronicamente tristes e pessimistas, em formas mais leves e de causa constitucional ou adquirida, às quais se denominam distimias, transtornos depressivos da personalidade ou depressões neuróticas. Costuma-se também chamar “endo-reativas” a algumas dessas depressões, por entender-se que na causação delas há a conjunção de fatores internos e reacionais. As pessoas distímicas cometem suicídio na mesma proporção que os deprimidos graves e devem, pois, serem objetos do mesmos cuidados que elas.
Qual o tratamento das depressões?
As depressões são doenças reversíveis e, se tratadas adequadamente, curam-se completamente. O tratamento básico das depressões endógenas é feito com medicamentos antidepressivos. Os antidepressivos são medicações que, em geral, não causam dependência e são bem tolerados e seguros, se prescritos de maneira correta e devidamente monitorados pelo médico.
A principal atuação dos antidepressivos é no aumento das monoaminas nas fendas sinápticas cerebrais. Eles também são usados com sucesso no tratamento de diversos outros transtornos como transtornos de ansiedade e fobias8 e constituem um dos grandes avanços terapêuticos da psiquiatria. Atuam mais eficazmente nas depressões endógenas do que nas reativas. Esse campo da terapêutica9 psiquiátrica continua em franco progresso e a cada momento surgem novas medicações, mais eficazes e com menores efeitos colaterais10.
Nas depressões endógenas podem ocorrer sintomas2 ostensivamente psicóticos (como delírios e alucinações11). Nesse caso, o tratamento medicamentoso é mandatório, além do acompanhamento psicoterápico, coadjuvante12.
Em alguns casos, dependendo do conjunto de sintomas2, faz-se necessário associar outras medicações, como ansiolíticos ou antipsicóticos. A eletroconvulsoterapia, também conhecida como eletrochoque, pode ser utilizada nas depressões graves, que não tenham obtido resposta satisfatória com os medicamentos.
Nas depressões reativas, a psicoterapia é o tratamento básico mas as medicações são um complemento necessário. Por vezes, ela é o tratamento exclusivo.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.