Reconheça os 6 Ps da isquemia aguda: como identificar e tratar a oclusão arterial periférica?
O que é oclusão arterial periférica aguda?
A oclusão arterial periférica aguda (OAPA) é uma condição médica grave caracterizada pela interrupção súbita do fluxo sanguíneo em uma artéria1 periférica, geralmente nos membros inferiores ou superiores. Essa obstrução compromete rapidamente a irrigação dos tecidos distais2, exigindo intervenção urgente para evitar necrose3 e perda da extremidade.
Quais são as causas da oclusão arterial periférica aguda?
A OAPA pode ser causada principalmente por trombose4 ou embolia5. A trombose4 ocorre quando um coágulo6 sanguíneo se forma em uma artéria1 já comprometida, frequentemente por aterosclerose7. Já a embolia5 resulta da obstrução causada por um material que se desloca pela corrente sanguínea, como um trombo8 originado no coração9 (frequentemente em casos de fibrilação atrial), gordura10, ar ou fragmentos11 de placas12 ateromatosas. Causas menos comuns incluem traumatismos arteriais, dissecções, vasculites ou espasmos13 vasculares14 intensos.
Qual é o substrato fisiopatológico da oclusão arterial periférica aguda?
A base fisiopatológica da OAPA envolve a interrupção abrupta da perfusão arterial, que leva à isquemia15 tecidual e desencadeia uma cascata de eventos celulares e inflamatórios.
A falta de oxigênio reduz a produção de ATP16, provoca acidose17 local e altera a função celular. Com o tempo, ocorre disfunção endotelial, edema18 por aumento da permeabilidade19 capilar20 e liberação de citocinas21 inflamatórias. A isquemia15 prolongada compromete a integridade neuromuscular, gerando sintomas22 como parestesia23 e, posteriormente, paralisia24.
Casos avançados podem evoluir para rabdomiólise25, com liberação de mioglobina e potássio na circulação26, levando a complicações sistêmicas como insuficiência renal27 e arritmias28. Se houver reperfusão tardia, pode ocorrer lesão29 adicional pela síndrome30 de isquemia15-reperfusão, marcada pela formação de radicais livres e inflamação31 exacerbada.
Portanto, a OAPA representa um quadro de risco elevado para necrose3 tecidual e complicações sistêmicas.
Leia sobre "Complicações da trombose venosa profunda32" e "Entendendo o colesterol33 do organismo".
Quais são as características físicas da oclusão arterial periférica aguda?
A apresentação clínica da OAPA é clássica e pode ser resumida pelos “6 Ps” da língua34 inglesa:
- Pain (dor)
- Pallor (palidez)
- Pulselessness (ausência de pulso)
- Paresthesia (formigamento)
- Paralysis (paralisia24)
- Poikilothermia (extremidade fria).
A dor, geralmente intensa e de início súbito, ocorre distalmente à obstrução. A palidez cutânea35 reflete a ausência de perfusão, frequentemente com linha de demarcação visível entre a área afetada e a pele36 que está recebendo perfusão normal. A ausência de pulsos distais2 ao bloqueio é um sinal37 objetivo de oclusão. A parestesia23 e a paralisia24 decorrem da disfunção nervosa por isquemia15. A extremidade torna-se fria ao toque, indicando perda da regulação térmica local.
Na trombose4 arterial, os sintomas22 podem se desenvolver de forma mais insidiosa devido ao estreitamento progressivo do vaso. Na embolia5, o início é abrupto, com quadro súbito e mais dramático.
Outros achados incluem tempo de enchimento capilar20 prolongado (maior que 2 segundos), cianose38 em estágios avançados e edema18 tardiamente instalado. Clinicamente, define-se como hipoperfusão grave qualquer perda súbita da irrigação de um segmento corporal, especialmente em membros.
Como o médico diagnostica a oclusão arterial periférica aguda?
O diagnóstico39 da OAPA baseia-se na entrevista clínica detalhada e dirigida, exame físico cuidadoso e exames complementares. No histórico médico, investigam-se fatores de risco como doença aterosclerótica, arritmias28 cardíacas (especialmente fibrilação atrial), trauma, cirurgias recentes ou estados de hipercoagulabilidade40. O exame físico busca identificar assimetrias de temperatura, ausência de pulsos, alterações na coloração cutânea35 e tempo de enchimento capilar20. O índice tornozelo41-braço (ITB) pode ser utilizado para estimar o grau de perfusão: valores abaixo de 0,9 indicam comprometimento arterial.
O Doppler ultrassonográfico é o primeiro exame de imagem, permitindo avaliar o fluxo e localizar o ponto de obstrução. Em casos mais complexos, a angiotomografia computadorizada ou a arteriografia podem ser indicadas para detalhar a anatomia vascular42 e planejar intervenções.
O diagnóstico39 diferencial inclui trombose venosa profunda32, neuropatias periféricas e lesões43 musculoesqueléticas agudas, sendo essencial diferenciá-las para conduta adequada.
Como o médico trata a oclusão arterial periférica aguda?
A OAPA constitui uma emergência44 médica. O tempo é fator crítico: após 4 a 6 horas de isquemia15, pode haver necrose3 irreversível com necessidade de amputação45. O objetivo do tratamento é restaurar o fluxo sanguíneo o mais rápido possível.
A trombólise46 farmacológica é indicada em obstruções recentes e menos severas. Pode ser realizada por via sistêmica ou por infusão local com cateter, utilizando agentes trombolíticos como alteplase. A angioplastia47 com balão, com ou sem implante48 de stent, é uma abordagem endovascular eficaz em muitos casos, permitindo rápida reperfusão.
Em situações graves ou refratárias49, é necessário tratamento cirúrgico, como a embolectomia (remoção direta do êmbolo50) ou revascularização cirúrgica, por meio de pontes (bypass) ao redor da área obstruída.
A escolha entre as modalidades terapêuticas depende da gravidade da isquemia15, do tempo de instalação, das comorbidades51 do paciente e da disponibilidade de recursos especializados.
Veja também "Aterosclerose7", "Arterioesclerose52" e "Angioplastia47".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Cleveland Clinic e da Rede D’Or - São Luiz de Hospitais.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.