Síndrome de Cornélia de Lange
O que é síndrome1 de Cornélia de Lange?
A síndrome1 de Cornélia de Lange é uma doença genética rara que já é aparente ao nascimento (congênita2) e que se caracteriza por inúmeras diferenças físicas, intelectuais e comportamentais em relação ao normal. Os sintomas3 e achados associados são extremamente variáveis de pessoa para pessoa e, devido a essa ampla variação das apresentações, a síndrome1 costuma ser referida como espectro da Síndrome1 de Cornélia de Lange.
A síndrome1, cuja incidência4 é de cerca de 1 em cada 10.000 bebês5 nascidos vivos, leva o nome da pediatra holandesa que foi uma das primeiras pessoas a descrevê-la formalmente, em 1933.
A síndrome1 foi descrita pela primeira vez em 1916, pelo médico alemão Winfried Brachmann (1888-1969), quando realizava autópsias, mas posteriormente, no ano de 1933, a pediatra holandesa Cornélia de Lange descreveu clinicamente características semelhantes em crianças vivas. Em razão disso, essa condição é às vezes chamada também de Síndrome1 de Brachmann-Lange.
Quais são as causas da síndrome1 de Cornélia de Lange?
A Síndrome1 de Cornélia de Lange pode ser herdada como uma condição autossômica6 dominante ou uma condição ligada ao cromossoma X. Sete genes foram identificados como sendo associados à síndrome1. Na maioria dos indivíduos afetados, contudo, o gene anormal resulta de uma mutação genética7 ocorrida no indivídeuo, que não tem um dos pais afetado. Esporadicamente, outros genes podem se associar aos mais comuns, no futuro.
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Qual é o substrato fisiopatológico da síndrome1 de Cornélia de Lange?
Estudos genéticos revelaram que genes que desempenham um papel fundamental na coesão cromossômica e segregação coordenada de cromátides irmãs por meio da proteína coesina estão envolvidos na regulação gênica do desenvolvimento. Como resultado dessas descobertas, a Síndrome1 de Cornélia de Lange foi classificada como uma nova categoria de distúrbios genéticos humanos chamados “coesinopatias”, causadas por alterações em genes específicos antes do nascimento.
A coesina é uma proteína que desempenha papel fundamental na coesão da cromátide, na expressão gênica e também no reparo do DNA.
Quais são as características clínicas da síndrome1 de Cornélia de Lange?
Os achados associados à Síndrome1 de Cornélia de Lange incluem:
- atrasos no desenvolvimento físico antes e depois do nascimento;
- anormalidades da cabeça8 (cabeça8 pequena e curta) e da face9, o que empresta às pessoas afetadas uma aparência facial distinta do usual;
- malformações10 dos membros superiores;
- e deficiência intelectual.
Especificamente sobre as características físicas, muitos bebês5 têm:
- um sulco vertical proeminente entre o lábio11 superior e o nariz12;
- uma ponte nasal deprimida;
- narinas arrebitadas;
- e um queixo pequeno;
Adicionalmente, podem ter lábios finos; orelhas13 de implantação baixa; uma linha de cabelo14 incomumente baixa na testa e na nuca; cílios15 curvos e incomumente longos. Os indivíduos afetados podem ter também mãos16 e pés extraordinariamente pequenos e outras malformações10 dos membros inferiores. Menos comumente, pode haver ausência dos antebraços, mãos16 e dedos.
Bebês5 com a Síndrome1 de Cornélia de Lange podem ter ainda:
- dificuldades de alimentação e respiração;
- uma maior suscetibilidade a infecções17 respiratórias;
- um choro “rosnado” em tom baixo;
- voz baixa;
- defeitos cardíacos;
- maturação esquelética retardada;
- perda de audição;
- outras anormalidades físicas.
Como o médico diagnostica a síndrome1 de Cornélia de Lange?
Às vezes, o diagnóstico18 de Síndrome1 de Cornélia de Lange pode ser suspeitado antes do nascimento, através do uso de imagens de ultrassonografia19. Contudo, a maioria das crianças é diagnosticada após o nascimento, com base em uma avaliação clínica completa, baseada nos sinais20 e sintomas3. O diagnóstico18 clínico pode ser mais difícil se os sinais20 e sintomas3 forem muito leves. No entanto, o teste genético pode confirmar o diagnóstico18.
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Como o médico trata a síndrome1 de Cornélia de Lange?
Não há um tratamento causal para a Síndrome1 de Cornélia de Lange. Os tratamentos disponíveis são direcionados para os sintomas3 específicos de cada paciente e exigirão uma equipe multiprofissional. Os bebês5 e crianças afetados devem ser monitorados de perto para certas anormalidades potencialmente associadas, tais como obstrução intestinal devido a anormalidades gastrointestinais, defeitos cardíacos, refluxo gastroesofágico22, maior suscetibilidade a infecções17 respiratórias, etc.
Medicamentos podem ser empregados para corrigir certos transtornos funcionais, como convulsões, por exemplo. Em algumas crianças, uma cirurgia pode ser necessária para ajudar a corrigir algum defeito. A cirurgia plástica pode ser útil para corrigir algum aspecto estético incômodo. Várias órteses23, próteses, aparelhos auditivos e técnicas ortopédicas podem ser usadas para ajudar a tratar certos aspectos particulares da doença.
O aconselhamento genético é recomendado para indivíduos afetados e suas famílias.
Como evolui a síndrome1 de Cornélia de Lange?
Atualmente, os indivíduos com síndrome1 de Cornélia de Lange podem viver até a idade adulta e ainda mais, até idade avançada, dependendo da gravidade dos sintomas3 apresentados e das comorbidades24 associadas. As poucas crianças que apresentam anormalidades cardíacas muito graves e complicadas podem morrer antes dos cinco anos de idade.
Como sempre, a sobrevida25 do indivíduo afetado depende, acima de tudo, do gerenciamento das complicações. É improvável que os indivíduos com a síndrome1 clássica de Cornélia de Lange consigam viver de forma independente ou ter um emprego, mas os adultos com a síndrome1 leve podem viver sozinhos e trabalhar em oficinas protegidas.
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Créditos da imagem: Arquivo pessoal - Juliana Aveiro e Malu.
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site da The Cornelia de Lange Syndrome Foundation – UK and Ireland.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.