Como agem os medicamentos no organismo?
O que são medicamentos?
Medicamentos são substâncias químicas utilizadas para prevenir, diagnosticar, tratar, aliviar ou curar doenças, distúrbios ou condições de saúde1. Os medicamentos podem ser compostos por diferentes tipos de substâncias, incluindo moléculas sintéticas, produtos naturais, extratos de plantas, entre outros.
Eles devem sempre ser utilizados sob supervisão médica, pois podem apresentar efeitos colaterais2 negativos e interações desfavoráveis com outros medicamentos ou substâncias.
Os termos "medicamento" e "remédio" muitas vezes são empregados como sinônimos, uma vez que ambos são usados com a mesma finalidade. No entanto, há uma diferença sutil entre os dois termos.
"Medicamento" se refere a qualquer substância utilizada para fins medicinais (analgésicos3, antiácidos4, pomadas, etc.). Já o termo "remédio" se refere a qualquer substância que é usada para tratar ou aliviar sintomas5 de uma doença ou condição específica ("remédio para tuberculose6", por exemplo). Em resumo, medicamento é um termo mais amplo, enquanto remédio é um termo mais específico.
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Como agem os medicamentos?
Todo medicamento possui um princípio ativo, que é a substância que possui o efeito terapêutico. De modo geral, um medicamento pode atuar em diferentes partes do corpo e em muitas delas não terá um efeito benéfico. É, em parte, por isso que alguns produzem efeitos colaterais2. Cada vez mais, a farmacologia8 está se esforçando para produzir medicamentos específicos, mas isso ainda não foi alcançado de maneira plena.
Uma vez administrados, a ação dos medicamentos passa por quatro fases:
- Absorção
- Distribuição
- Metabolização
- Excreção
O tempo esperado para que um determinado medicamento surta efeito depende, em parte, desses fatores, mas também da sua forma de apresentação. Um mesmo princípio ativo tomado por meio de comprimidos ou de injeções, por exemplo, terá tempo de ação diferente. Os medicamentos colocados embaixo da língua9, local repleto de pequenos vasos sanguíneos10, agem muito mais rapidamente que os comprimidos engolidos, que só começam a agir quando atingem o intestino, onde são absorvidos.
Vias de administração de medicamentos
Os medicamentos podem ser:
- tomados pela boca11 (via oral);
- administrados por injeção12 em uma veia (via intravenosa);
- administrados por injeção12 em um músculo (via intramuscular);
- administrados por injeção12 no espaço ao redor da medula espinhal13 (via intratecal);
- administrados por injeção12 sob a pele14 no tecido15 celular subcutâneo16 (via subcutânea17);
- aplicados sob a língua9 (via sublingual);
- aplicados entre a gengiva e a bochecha18 (via bucal);
- inseridos no reto19 (via retal);
- inseridos na vagina20 (via intravaginal);
- aplicados nos olhos21 (por via ocular);
- aplicados no ouvido (por via otológica);
- inalados pelo nariz22 (via nasal);
- aspirados até os pulmões23 (via inalatória);
- aplicados na pele14 (via cutânea24);
- aplicados na pele14 através de um adesivo (via transdérmica);
- aplicados no interior do coração25 (via intracardíaca);
- aplicados em articulações26 (via intra-articular).
Cada uma dessas vias de administração tem vantagens, desvantagens e objetivos específicos.
Absorção de medicamentos
A absorção de medicamentos refere-se ao processo pelo qual as substâncias ativas contidas em um medicamento passam à corrente sanguínea. É assim que elas chegam às células27 para fazerem seu efeito.
A absorção pode ocorrer em diferentes locais do corpo, dependendo da via de administração do medicamento. Por exemplo, quando um medicamento é administrado por via oral, ele passa pelo trato gastrointestinal antes de ser absorvido.
O processo de absorção dos medicamentos sofre o efeito de diversos fatores:
- sua forma farmacêutica;
- sua maior ou menor solubilidade;
- seu peso molecular (moléculas de maior ou menor tamanho);
- sua taxa de concentração (dose);
- a maior ou menor permeabilidade28 das membranas celulares;
- intensidade da circulação29; etc.
No caso da via oral, tem-se de levar em conta, ainda, a presença de alimentos no estômago30, a acidez do ambiente gastrointestinal, o pH local e a atividade das enzimas digestivas.
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Distribuição de medicamentos
A distribuição de medicamentos é a passagem deles ao sangue31 para os diversos tecidos e células27 do corpo, bem como a proporção relativa em que os medicamentos se acumulam em cada tecido15. A distribuição de medicamentos pelo organismo é um processo complexo e depende de vários fatores, como a forma farmacêutica do medicamento, a via de administração, as características físico-químicas do medicamento e as características individuais do paciente, entre outros.
Uma vez absorvido e presente na corrente sanguínea, o medicamento atinge todos os tecidos e órgãos do corpo e, assim, o local específico de ação. Antes de atingir esse ponto, o medicamento pode sofrer transformações químicas e metabólicas e parte dele pode até mesmo ser eliminada.
A distribuição do medicamento também pode ser influenciada por certas barreiras, como a barreira hematoencefálica, que impede a passagem de muitas substâncias para o sistema nervoso central32, e pela barreira placentária, que protege o feto33 de substâncias potencialmente prejudiciais.
Mas, nem todo medicamento se distribui igualmente pelo organismo. Alguns são distribuídos de forma mais ampla, enquanto outros têm uma distribuição mais específica, devido à sua afinidade por algum tipo especial de tecido15 ou a alguma característica especial que tenha.
Assim, os medicamentos que se dissolvem em água têm tendência de permanecerem no sangue31 e no líquido ao redor das células27, e os solúveis em gordura34 tendem a concentrar-se nos tecidos adiposos. Alguns outros exemplos incluem os antibióticos que se acumulam em tecidos com infecção35 e os medicamentos que atuam preferentemente no sistema nervoso central32. Há medicamentos que se concentram em órgãos ou tecidos específicos do corpo, como o iodo, que se concentra na glândula36 tireoide37, ou os que se acumulam nos músculos38 do coração25.
Metabolização dos medicamentos
Depois de absorvidos, os medicamentos sofrem metabolização (biotransformação), principalmente no fígado39, mas também em outros órgãos (rins40, trato gastrointestinal, etc.) em menores proporções. Durante esse processo, as enzimas no fígado39 quebram os medicamentos em produtos químicos menores, que podem ser facilmente eliminados do corpo através da urina41 ou das fezes.
Vários fatores podem afetar a metabolização dos medicamentos, incluindo a idade, o sexo, a genética, o estado de saúde1 geral e o uso concomitante de outros medicamentos. Os índices individuais de biotransformação de fármacos são influenciados, ainda, por fatores genéticos e doenças coexistentes, e as interações entre os fármacos podem ser tão rápidas que os medicamentos perdem sua atividade ou tão lentas que se tornam tóxicos.
Embora a biotransformação possa inativar o fármaco42, alguns metabólitos43 às vezes são farmacologicamente mais ativos que o composto original. Diferentes disposições genéticas podem alterar a suscetibilidade do paciente aos efeitos adversos deles.
Praticamente todas as moléculas de um medicamento no sangue31 podem se unir às proteínas44 sanguíneas. Algumas se ligam muito fortemente às proteínas44 circulantes; outras se ligam mais fracamente. A parte ligada à proteína geralmente é inativa, do ponto de vista terapêutico. À medida que a parte não ligada se distribui pelos tecidos e seu nível na corrente sanguínea diminui, as proteínas44 sanguíneas liberam o medicamento ligado a elas. Assim, o medicamento ligado atua também como um reservatório de medicamento na corrente sanguínea.
Excreção de medicamentos
A excreção de medicamentos refere-se ao processo pelo qual os medicamentos ou seus metabólitos43 são eliminados do corpo humano45. Existem várias vias de excreção, incluindo os rins40, o fígado39, os pulmões23 e o trato gastrointestinal.
Os rins40, através da urina41, são o principal órgão responsável pela excreção de medicamentos. A maioria dos medicamentos é metabolizada pelo fígado39 e excretada pela urina41. No entanto, alguns medicamentos podem ser excretados pelas fezes ou pela bile46. Em geral, a contribuição do intestino, saliva, suor, leite materno e pulmões23 à excreção é pequena, com exceção à exalação de anestésicos voláteis.
O tempo necessário para que um medicamento seja excretado do corpo varia de acordo com o tipo dele, a dose e a saúde1 geral do indivíduo. Em alguns casos, a excreção pode ser muito rápida, enquanto em outros, pode levar dias ou até semanas. A excreção de medicamentos pode ser afetada por fatores como idade, função renal47 ou hepática48 comprometidas e o uso de outros medicamentos.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site da MSD Manuals.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.