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Transtornos do espectro autista

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O que são transtornos do espectro autista?

Os transtornos do espectro autista não são propriamente uma doença; são alterações do desenvolvimento nervoso. Eles não são sempre a mesma coisa: não há dois casos iguais. Daí se falar em “espectro”, conjunto ou série de elementos que formam um todo.

O espectro do autismo compreende uma extensa variedade desses transtornos que em comum compreendem dificuldades com a comunicação e interação social e padrões repetitivos e restritos de comportamento, interesses ou atividades, com grandes prejuízos para a vida social da pessoa.

Quais são as causas dos transtornos do espectro autista?

A causa dos transtornos do espectro do autismo é incerta. Os fatores de risco incluem ter um pai idoso, uma história familiar de autismo e certas doenças genéticas. Estima-se que entre 64% e 91% do risco é devido à história familiar. Os homens exibem esse problema quatro vezes mais frequentemente do que as mulheres.

Leia sobre "Síndrome1 de Asperger", "Autismo: como reconhecer os sintomas2 precoces" e "Brincadeiras que estimulam o cérebro3 do seu filho".

Qual é o substrato fisiológico4 dos transtornos do espectro autista?

Alguns estudos neuroanatômicos apoiam o conceito de que os transtornos autistas podem envolver um aumento do cérebro3 em algumas áreas e redução em outras. Esses estudos sugerem que o autismo pode ser causado por crescimento neuronal anormal durante os estágios iniciais do desenvolvimento cerebral pré e pós-natal, deixando algumas áreas do cérebro3 com muitos neurônios5 e outras áreas com poucos neurônios5.

Outras pesquisas relataram um aumento geral do cérebro3. Estudos de neuroimagem funcional mostram que a pessoa no espectro do autismo exibe menos ativação no córtex somatossensorial primário e secundário do cérebro3 do que pessoas sem esse transtorno. Este achado coincide com outros que demonstram padrões anormais de espessura cortical e volume de massa cinzenta nessas regiões do cérebro3 de pessoas autistas.

Quais são as características clínicas dos transtornos do espectro autista?

Antigamente o autismo era classicamente definido como uma síndrome1 comportamental que causava comprometimentos no relacionamento e interação com outras pessoas. Mas a variedade sindrômica e causal desse distúrbio era tão grande que se passou a usar o termo “espectro autista”. De fato, a apresentação dos transtornos do espectro autista é extremamente variável.

Eles só têm em comum as dificuldades e indiferenças persistentes quanto à comunicação e interação social e a presença de padrões repetitivos e restritos de comportamento, interesses ou atividades. Esses sintomas2 já começam na primeira infância, mas muitas vezes só se tornam perceptíveis numa idade posterior. Em alguns casos, a pessoa pode mostrar habilidades excelentes em áreas específicas, como música, arte, matemática, desenho, etc. No entanto, algumas pessoas podem ter uma deficiência intelectual e mostrar um comportamento autolesivo (roer unhas6, arrancar cabelos, escarificar7 a pele8, etc.)

Alguns indivíduos que se situam numa faixa mais leve do transtorno funcionam com independência, enquanto aqueles com sintomas2 moderados ou graves podem exigir suporte mais substancial em suas vidas diárias. Problemas de longo prazo podem incluir dificuldades na realização de tarefas diárias, na criação e manutenção de relacionamentos e na manutenção de um emprego.

Algumas características das dificuldades relacionados ao comportamento social dessas pessoas são: falta de compartilhamento mútuo de interesses; falta de consciência ou compreensão dos pensamentos ou sentimentos de outras pessoas; comportamentos atípicos para chamar a atenção; fraco contato visual; não saber como reconhecer as emoções das expressões faciais de outras pessoas; falar com uma voz monótona e neutra; não reconhecer a necessidade de controlar o volume de sua voz em diferentes ambientes sociais.

A síndrome1 de Asperger, um dos transtornos do espectro autista, foi diferenciada do autismo porque nela nunca há atraso ou desvio no desenvolvimento da linguagem, nem atrasos cognitivos9 ou déficit intelectual, embora possam ser muito graves e intensos os sintomas2 referentes ao comportamento social.

Como o médico diagnostica os transtornos do espectro autista?

O diagnóstico10 é eminentemente11 clínico, baseado nos sintomas2, os quais existem desde sempre e são reconhecidos entre um e dois anos de idade. Ele depende, pois, de um histórico a longo prazo, pois vistos de momento essas pessoas podem não exibir suas alterações mais significativas. Por isso, muitas crianças não são finalmente diagnosticadas até ficarem mais velhas e o diagnóstico10 final pode só ser feito na adolescência ou mesmo na idade adulta.

Como o médico trata os transtornos do espectro autista?

Os transtornos do espectro autista são uma condição para a vida toda. Os tratamentos visam apenas minorar o efeito dos sintomas2, são geralmente individualizados e podem incluir terapia comportamental e o ensino de habilidades de enfrentamento. Podem ser usados medicamentos para tentar ajudar a melhorar os sintomas2, mas as evidências que apoiam o uso deles não são muito fortes.

Como evoluem os transtornos do espectro autista?

O transtorno do espectro autista é uma condição para toda a vida, mas basicamente tem duas formas de manifestar seu aparecimento: (1) um desenvolvimento gradual do transtorno, durante os primeiros dois anos de vida e (2) um desenvolvimento normal ou quase normal do indivíduo nos primeiros 3 anos de vida, com uma regressão e perda de habilidades posteriormente.

Veja também sobre "Retardo mental", "Hiperlexia", "Isolamento social" e "Dificuldades de adaptação das crianças à escola".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Sociedade Brasileira de Pediatria e do NIMH – National Institute of Mental Health (U.S.).

ABCMED, 2020. Transtornos do espectro autista. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1383833/transtornos-do-espectro-autista.htm>. Acesso em: 20 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
2 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
3 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
4 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
5 Neurônios: Unidades celulares básicas do tecido nervoso. Cada neurônio é formado por corpo, axônio e dendritos. Sua função é receber, conduzir e transmitir impulsos no SISTEMA NERVOSO. Sinônimos: Células Nervosas
6 Unhas: São anexos cutâneos formados por células corneificadas (queratina) que formam lâminas de consistência endurecida. Esta consistência dura, confere proteção à extremidade dos dedos das mãos e dos pés. As unhas têm também função estética. Apresentam crescimento contínuo e recebem estímulos hormonais e nutricionais diversos.
7 Escarificar: Arranhar ou praticar cortes mais ou menos leves em uma superfície.
8 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
9 Cognitivos: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
10 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
11 Eminentemente: De modo eminente; em alto grau; acima de tudo.
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