Para que serve a veia porta?
O que é a veia porta1?
A veia porta1 hepática2 (às vezes chamada simplesmente de veia porta1) é a maior veia do corpo humano3, com diâmetro médio de 10,2 mm. É formada pela união da veia mesentérica4 superior, que drena o intestino delgado5, estômago6 e parte do cólon7, e a veia mesentérica4 inferior, que drena o intestino grosso8 e se divide em ramos direito e esquerdo antes de penetrar no fígado9.
A veia mesentérica4 inferior reúne-se com a veia esplênica10, oriunda do baço11, antes de se juntar à veia mesentérica4 superior que, por sua vez, recebe a veia gástrica e a pré-pilórica, oriundas do estômago6 e adjacências, pouco antes de atingir o hilo12 hepático.
Depois de entrar no interior do fígado9, a veia porta1 divide-se em ramo direito e ramo esquerdo e se ramifica em vênulas13 (pequeninas veias14) e capilares15, que levam até aquele órgão o produto da absorção de alimentos. Uma nova rede de capilares15, vênulas13 e veias14 deixam o fígado9, recolhendo o sangue16 processado, e terminam dando origem à veia cava inferior, que caminha em direção ao átrio cardíaco17 direito.
Leia sobre "Varizes18 esofágicas", "Cirrose19 hepática2" e "Câncer20 de fígado9".
Quais são as funções da veia porta1?
A função do sistema venoso21 portal hepático é o de receber todo o sangue16 proveniente do trato digestivo, do baço11, do pâncreas22 e da vesícula biliar23 e transportá-lo para o fígado9. Ou seja, o sangue16 que circula por ela está carregado de substâncias que foram ingeridas recentemente. Apesar de ser um sistema formado por várias veias14 tributárias, o sistema porta24 leva também oxigênio para o fígado9. O fígado9 atua então como um “laboratório” destinado a fazer a metabolização e filtragem dessas substâncias, antes de lançá-las de volta para a circulação25 sistêmica.
Dois fatores podem alterar o fluxo de sangue16 através da veia porta1, aumentando a pressão sanguínea nos vasos sanguíneos26 portais: (1) um aumento do volume de sangue16 fluindo pelos vasos ou (2) uma resistência aumentada ao fluxo de sangue16.
A cirrose19 hepática2, um dos possíveis fatores desse segundo grupo de causas, é a razão mais frequente para que isso ocorra. Outro motivo possível é a trombose27 da veia porta1, que pode ocorrer por várias outras causas: cirurgia abdominal, doenças pancreáticas, infecção28 intra-abdominal como diverticulite29 e apendicite30, pacientes com coagulabilidade aumentada, etc. Dá-se então uma condição conhecida como hipertensão porta31, que é definida como um aumento anormal da pressão sanguínea no sistema venoso21 portal (veia porta1 e suas ramificações). A pressão sanguínea aumentada no sistema porta24 pode ocorrer também em outras doenças do fígado9 que dificultem o fluxo sanguíneo naquele sistema.
Se ocorrer uma hipertensão32 no sistema porta24, isso pode levar ao desenvolvimento de veias14 vicariantes novas, denominadas vasos colaterais, que desviam o fluxo sanguíneo do fígado9 e se conectam diretamente às veias14 que levam o sangue16 para a circulação25 geral. Devido a esse desvio, substâncias que normalmente o fígado9 removeria da circulação25, como as toxinas33, por exemplo, entram na corrente sanguínea sistêmica, causando sintomas34. Esses vasos colaterais em geral se dilatam e se transformam em veias14 varicosas no esôfago35 ou no estômago6, que podem sangrar, ocasionalmente com resultados fatais. Outros vasos colaterais podem desenvolver-se em volta da parede abdominal36 e do reto37 e se tornarem visíveis externamente.
Como reconhecer o aumento de pressão no sistema porta24?
O aumento da pressão na veia porta1 às vezes é assintomático no seu início e o reconhecimento dele muitas vezes só pode ser feito quando ocorre alguma de suas consequências, como ascites, varizes18 esofágicas, peritonites bacterianas espontâneas, veias14 varicosas aparentes, entre outras. O baço11 pode estar aumentado de tamanho, o que pode levar a uma diminuição dos glóbulos brancos e de plaquetas38, aumentando ainda mais o risco de sangramentos. A ascite39 (acumulação de líquido dentro do abdômen) é uma das consequências mais notáveis da pressão aumentada nos vasos portais.
O diagnóstico40 médico da hipertensão porta31 pode ser feito a partir de exames de ultrassonografia41, tomografia computadorizada42, ressonância magnética43 ou biópsia44 de fígado9.
Há alguns medicamentos capazes de reduzir a pressão na veia porta1, mas, se ocorrer sangramento no trato digestivo, é necessário tratamento de emergência45. Algumas vezes o tratamento terá de incluir transplante de fígado9 ou criação de uma via na qual o sangue16 possa desviar-se do fígado9.
Veja também sobre "Melena46 e Hematêmese47", "Hemorragia digestiva alta48" e "Transplante de fígado9".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic e da Cleveland Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.