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Hipertensão porta: o que é? Quais são as causas? E as consequências? Como são o diagnóstico e o tratamento?

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O que é hipertensão porta1?

Hipertensão porta1 é a hipertensão2 da veia porta3 e suas tributárias (veias4 que levam o sangue5 dos órgãos abdominais para o fígado6), que fica igual ou maior que 10-12 mmHg e leva a vários transtornos orgânicos, alguns sérios e potencialmente mortais. A pressão venosa portal normalmente fica entre 5 e 10 mmHg.

Quais são as causas da hipertensão porta1?

As causas da hipertensão porta1 são várias, mas a principal delas é a cirrose7. Em países com baixo índice de desenvolvimento, a maior causa costuma ser a esquistossomose8. Essas duas condições causam uma obstrução da circulação9 do sangue5 pelo sistema da veia porta3. As obstruções podem ocorrer em qualquer lugar ao longo do sistema e são divididas em:

  • Obstruções antes do fígado6: causadas por trombose10 da veia esplênica11 ou trombose10 da veia porta3, por exemplo.
  • Obstruções dentro do fígado6: causadas pela cirrose7, esquistossomose8, sarcoidose12, fibrose13 hepática14 congênita15 ou fibrose13 alcoólica, por exemplo.
  • Obstruções depois do fígado6: causadas por insuficiência cardíaca16 à direita ou pericardite17 constritiva, por exemplo.

Quais são os principais sinais18 e sintomas19 da hipertensão porta1?

Os principais sinais18 e sintomas19 da hipertensão porta1 são: ascite20 (acúmulo de líquido na região abdominal), aparecimento de hemorroidas21, sangramento de varizes22 esofágicas, presença de sangue5 nas fezes, varizes22 no esôfago23 e estômago24, aumento do baço25, insuficiência hepática26, veias4 dilatadas, pés inchados.

As anastomoses27 anorretais dão origem às chamadas hemorroidas21. No umbigo28 forma-se a chamada "cabeça29-de-medusa" e as anastomoses27 esofagogástricas formam as varizes22 gástricas e esofágicas, principal consequência da hipertensão porta1 e a principal área de hemorragias30.

Como o médico diagnostica a hipertensão porta1?

O diagnóstico31 da hipertensão porta1 é feito através da história clínica, do exame físico e por meio de exames laboratoriais como dosagens que revelem a função hepática14 (hepatograma32), endoscopia33 do esôfago23 e do estômago24, ultrassonografia34 do fígado6 e do sistema venoso35 portal e doppler da veia porta3 e da veia esplênica11. Uma biópsia36 do fígado6 ajuda a diagnosticar a hipertensão2 e a avaliar as condições funcionais do órgão.

Como o médico trata a hipertensão porta1?

O tratamento medicamentoso da hipertensão porta1 visa, em primeiro lugar, reduzir a tensão no sistema porta37 e, consequentemente, a pressão das varizes22, objetivando evitar os possíveis sangramentos. De início, ele pode ser feito com medicações e, quando mais evoluído, por meio de um "shunt38" (desvio) intra-hepático, que é a criação de uma conexão entre o sistema venoso35 portal e o sistema venoso35 sistêmico39 ou por um “shunt” esplenorrenal. Pode ser feita, também, uma esclerose40 endoscópica das varizes22 esofágicas, para evitar sangramentos. Casos muito graves podem exigir um transplante de fígado6.

Quais são as complicações possíveis da hipertensão porta1?

A hipertensão porta1 já é uma complicação de condições que causam obstruções do sistema circulatório41 da veia porta3. As principais consequências secundárias da hipertensão porta1 são a ascite20, a encefalopatia42 hepática14, o aumento do risco de peritonite43 bacteriana e da síndrome44 hepatorrenal, o aumento de tamanho do baço25 e a formação de anastomoses27 porto-cava.

Outra complicação séria da hipertensão porta1 é a hemorragia45 gastrointestinal. As hemorragias30 gastrointestinais mais abundantes provêm do rompimento das varizes22 causadas pela hipertensão porta1, que às vezes são fulminantes e mortais.

ABCMED, 2014. Hipertensão porta: o que é? Quais são as causas? E as consequências? Como são o diagnóstico e o tratamento?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/522454/hipertensao-porta-o-que-e-quais-sao-as-causas-e-as-consequencias-como-sao-o-diagnostico-e-o-tratamento.htm>. Acesso em: 18 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Hipertensão porta: É o aumento de pressão nas veias que levam o sangue dos órgãos abdominais para o fígado. Geralmente é uma doença que ocorre devido à cirrose ou à esquistossomose.
2 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
3 Veia porta: Veia curta e calibrosa formada pela união das veias mesentérica superior e esplênica.
4 Veias: Vasos sangüíneos que levam o sangue ao coração.
5 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
6 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
7 Cirrose: Substituição do tecido normal de um órgão (freqüentemente do fígado) por um tecido cicatricial fibroso. Deve-se a uma agressão persistente, infecciosa, tóxica ou metabólica, que produz perda progressiva das células funcionalmente ativas. Leva progressivamente à perda funcional do órgão.
8 Esquistossomose: Doença produzida no homem por vermes do gênero Schistosoma, especialmente S. mansoni, S. haematobium e S. japonicum. No Brasil, há apenas a espécie Schistossoma mansoni, que causa diarreia, hepatomegalia e esplenomegalia.
9 Circulação: 1. Ato ou efeito de circular. 2. Facilidade de se mover usando as vias de comunicação; giro, curso, trânsito. 3. Movimento do sangue, fluxo de sangue através dos vasos sanguíneos do corpo e do coração.
10 Trombose: Formação de trombos no interior de um vaso sanguíneo. Pode ser venosa ou arterial e produz diferentes sintomas segundo os territórios afetados. A trombose de uma artéria coronariana pode produzir um infarto do miocárdio.
11 Veia Esplênica: Veia formada pela união (no nível do hilo do baço) de várias veias pequenas provenientes do estômago, pâncreas, baço e mesentério.
12 Sarcoidose: Sarcoidose ou Doença de Besnier-Boeck é caracterizada pelo aparecimento de pequenos nódulos inflamatórios (granulomas) em vários órgãos. A doença pode afetar qualquer orgão do corpo, mas os mais atingidos são os pulmões , os gânglios linfáticos (ínguas ), o fígado, o baço e a pele.
13 Fibrose: 1. Aumento das fibras de um tecido. 2. Formação ou desenvolvimento de tecido conjuntivo em determinado órgão ou tecido como parte de um processo de cicatrização ou de degenerescência fibroide.
14 Hepática: Relativa a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
15 Congênita: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
16 Insuficiência Cardíaca: É uma condição na qual a quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto (débito cardíaco) é insuficiente para suprir as demandas normais de oxigênio e de nutrientes do organismo. Refere-se à diminuição da capacidade do coração suportar a carga de trabalho.
17 Pericardite: Inflamação da membrana que recobre externamente o coração e os vasos sanguíneos que saem dele. Os sintomas dependem da velocidade e grau de lesão que produz. Variam desde dor torácica, febre, até o tamponamento cardíaco, que é uma emergência médica potencialmente fatal.
18 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
19 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
20 Ascite: Acúmulo anormal de líquido na cavidade peritoneal. Pode estar associada a diferentes doenças como cirrose, insuficiência cardíaca, câncer de ovário, esquistossomose, etc.
21 Hemorróidas: Dilatações anormais das veias superficiais que se encontram na última porção do intestino grosso, reto e região perianal. Pode produzir sangramento junto com a defecação e dor.
22 Varizes: Dilatação anormal de uma veia. Podem ser dolorosas ou causar problemas estéticos quando são superficiais como nas pernas. Podem também ser sede de trombose, devido à estase sangüínea.
23 Esôfago: Segmento muscular membranoso (entre a FARINGE e o ESTÔMAGO), no TRATO GASTRINTESTINAL SUPERIOR.
24 Estômago: Órgão da digestão, localizado no quadrante superior esquerdo do abdome, entre o final do ESÔFAGO e o início do DUODENO.
25 Baço:
26 Insuficiência hepática: Deterioração grave da função hepática. Pode ser decorrente de hepatite viral, cirrose e hepatopatia alcoólica (lesão hepática devido ao consumo de álcool) ou medicamentosa (causada por medicamentos como, por exemplo, o acetaminofeno). Para que uma insuficiência hepática ocorra, deve haver uma lesão de grande porção do fígado.
27 Anastomoses: 1. Na anatomia geral, é a comunicação natural direta ou indireta entre dois vasos sanguíneos, entre dois canais da mesma natureza, entre dois nervos ou entre duas fibras musculares. 2. Na anatomia botânica, é a união total ou parcial de duas estruturas como vasos, ramos, raízes. 3. Formação cirúrgica de uma passagem entre duas estruturas tubulares ou ocas ou também é a junção ou ligação patológica entre dois espaços ou órgãos normalmente separados.
28 Umbigo: Depressão no centro da PAREDE ABDOMINAL, marcando o ponto onde o CORDÃO UMBILICAL entrava no feto. OMPHALO- (navel)
29 Cabeça:
30 Hemorragias: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
31 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
32 Hepatograma: Hepatograma ou provas de função hepática é o conjunto de exames de sangue que ajuda no diagnóstico de lesão hepática resultante de múltiplas causas. Ele rotineiramente é composto pelos seguintes exames: bilirrubinas (total, direta e indireta), fosfatase alcalina, aminotransferases (TGO ou AST e TGP ou ALT), albumina e tempo de protrombina.
33 Endoscopia: Método no qual se visualiza o interior de órgãos e cavidades corporais por meio de um instrumento óptico iluminado.
34 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
35 Sistema venoso: O sistema venoso possui a propriedade de variação da sua complacência, para permitir o retorno de um variável volume sanguíneo ao coração e a manutenção de uma reserva deste volume.
36 Biópsia: 1. Retirada de material celular ou de um fragmento de tecido de um ser vivo para determinação de um diagnóstico. 2. Exame histológico e histoquímico. 3. Por metonímia, é o próprio material retirado para exame.
37 Sistema Porta: Sistema de vasos pelos quais o sangue, após percorrer uma rede capilar, é transportado através de um segundo grupo de capilares antes de retornar à circulação sistêmica. Pertence principalmente ao sistema porta hepático.
38 Shunt: 1. Em cirurgia, é o desvio de depósitos de líquido para uma estrutura que o absorva ou o excrete. O shunt é feito por meio da criação de uma fístula ou de um dispositivo mecânico. 2. Em patologia, é a passagem anormal de sangue de uma cavidade para outra. 3. Em eletricidade, é o condutor que liga dois pontos num circuito elétrico e forma um caminho paralelo ou alternativo através do qual parte da corrente pode passar.
39 Sistêmico: 1. Relativo a sistema ou a sistemática. 2. Relativo à visão conspectiva, estrutural de um sistema; que se refere ou segue um sistema em seu conjunto. 3. Disposto de modo ordenado, metódico, coerente. 4. Em medicina, é o que envolve o organismo como um todo ou em grande parte.
40 Esclerose: 1. Em geriatria e reumatologia, é o aumento patológico de tecido conjuntivo em um órgão, que ocorre em várias estruturas como nervos, pulmões etc., devido à inflamação crônica ou por razões desconhecidas. 2. Em anatomia botânica, é o enrijecimento das paredes celulares das plantas, por espessamento e/ou pela deposição de lignina. 3. Em fitopatologia, é o endurecimento anormal de um tecido vegetal, especialemnte da polpa dos frutos.
41 Sistema circulatório: O sistema circulatório ou cardiovascular é formado por um circuito fechado de tubos (artérias, veias e capilares) dentro dos quais circula o sangue e por um órgão central, o coração, que atua como bomba. Ele move o sangue através dos vasos sanguíneos e distribui substâncias por todo o organismo.
42 Encefalopatia: Qualquer patologia do encéfalo. O encéfalo é um conjunto que engloba o tronco cerebral, o cerebelo e o cérebro.
43 Peritonite: Inflamação do peritônio. Pode ser produzida pela entrada de bactérias através da perfuração de uma víscera (apendicite, colecistite), como complicação de uma cirurgia abdominal, por ferida penetrante no abdome ou, em algumas ocasiões, sem causa aparente. É uma doença grave que pode levar pacientes à morte.
44 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
45 Hemorragia: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
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