Siderose pulmonar: como ela é?
O que é siderose pulmonar?
A siderose (do grego antigo: sider = ferro + sufixo ose = doença) é caracterizada pelo depósito de poeira de ferro nos tecidos humanos. O termo também costuma ser usado para a doença pulmonar causada pela inalação de óxido de ferro em trabalhadores de siderúrgicas, por isso tem o apelido popular de “pulmão de soldador”. A siderose foi descrita primeiramente em 1936 por Doig e McLaughlin.
Quais são as causas da siderose pulmonar?
A siderose atinge principalmente trabalhadores de mineradoras de hematita, soldadores, fundidores e trabalhadores que manipulam pigmentos com óxido de ferro. Essa condição, contudo, só manifesta seus sintomas1 após muitos anos de aspiração contínua. O risco da aspiração de pó de ferro é ainda maior quando associado à inalação de poeira de outras substâncias patogênicas, como a sílica, o amianto e o radônio, por exemplo, ou entre fumantes ou moradores de cidades poluídas.
Leia sobre “Parar de fumar”, “Enfisema2 pulmonar” e “Doença pulmonar obstrutiva crônica”.
Qual é o substrato fisiológico3 da siderose pulmonar?
A siderose causa alterações nos pulmões4 que são claramente visíveis em amostras de tecidos. Em uma amostra de tecido5 de alvéolos6, depósitos irregulares de ferro podem ser vistos em toda a amostra.
A característica histológica7 da siderose é a deposição perivascular e peribronquiolar do pigmento de ferro. Esse pigmento (predominantemente óxido de ferro) é tipicamente marrom escuro a preto, geralmente com um halo marrom-dourado distinto. O pigmento pode ser encontrado em macrófagos8, no interstício9 ou em ambos, com pouca ou nenhuma resposta fibrosa, embora existam exemplos raros de fibrose10 nodular nos pulmões4 de mineiros.
A descoberta de quantidades significativas de fibrose10 deve levar a uma busca por evidências de exposição ao amianto ou sílica. Os corpos ferruginosos podem ter núcleos de óxido de ferro preto, particularmente em trabalhadores de fundição de ferro, ou núcleos de silicato de folhas amarelas em soldadores. Os corpos de amianto verdadeiros também podem ser observados se houver uma exposição significativa ao amianto, como é comum acontecer com soldadores de estaleiros.
Quais são as principais características clínicas da siderose pulmonar?
A siderose pulmonar não causa formação de tecido5 cicatricial prejudicial nos pulmões4 (ou essa formação é mínima), razão pela qual se diz ser uma condição não fibrótica, diferentemente de outras pneumoconioses11 (silicose12, asbestose13, etc). Cicatrizes14 leves a moderadas dos pulmões4 só foram encontradas em casos incomuns de siderose pulmonar. No entanto, as pessoas que trabalham em ocupações nas quais são expostas a poeira de ferro também costumam ser expostas a outras formas de poeira, como a sílica, por exemplo, e é difícil saber ao certo quais as consequências da inalação de ferro puro.
Embora a siderose geralmente não apresente sintomas1, aumenta em muito o risco de outras doenças, como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), fibrose10 pulmonar e câncer15 do pulmão16.
Como a siderose pulmonar acontece em certos locais de trabalho, pode ser dita “enfermidade profissional”, afetando principalmente pessoas que trabalham em laminação de ferro/aço, polimento de metais, trabalhos de chapa metálica, mineração, siderurgia ou soldadura. Seja como for, os sintomas1 só aparecem após alguns anos.
Como o médico diagnostica a siderose pulmonar?
Como a siderose é assintomática, pelo menos durante muito tempo, às vezes ela não chega a ser percebida. As alterações nos pulmões4 causadas pela siderose podem ser claramente visíveis em amostras de tecidos e imagens de raios-X e de outros estudos radiológicos. O pigmento de ferro confere uma cor marrom-avermelhada ao parênquima17 pulmonar. Nos casos em que exista exposição concomitante de quantidades significativas de sílica ou amianto, o que é comum, o excesso de colágeno18 pode ser depositado. Em uma amostra de tecido5 de alvéolos6, depósitos irregulares de ferro podem ser vistos em toda a amostra.
A siderose deve ser diferenciada da congestão passiva crônica dos pulmões4 e da antracose. A congestão passiva crônica se manifesta como acúmulo interalveolar de numerosos macrófagos8 carregados de hemossiderina.
Como o médico trata a siderose pulmonar?
A siderose não tem tratamento. As lesões19 estabelecidas são permanentes. Os tratamentos aventados são paliativos20 e visam apenas controlar os sintomas1.
Como evolui em geral a siderose pulmonar?
O resultado da evolução da siderose pulmonar costuma ser bom se a inalação do pó de ferrugem for permanentemente evitada. No entanto, a soldagem tem sido associada ao câncer15 de pulmão16. Ainda não se tem certeza se a siderose pulmonar causa câncer15 em soldadores devido ao ferro, especificamente, ou a outros fatores.
Veja mais sobre “Silicose12”, “Asbestose13”, “Câncer15 de pulmão16” e “Fibrose10 pulmonar”.
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites do Lung Institute e do Science Direct.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.