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Vitrectomia - como é o procedimento? Quando deve ser realizado?

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O que é vitrectomia?

A vitrectomia é um procedimento cirúrgico em que o humor vítreo1 do olho2 é removido em parte ou na totalidade e substituído por uma solução salina que posteriormente será gradualmente reabsorvida e substituída. Essa providência é indicada para tratar diversas doenças dos olhos3, cada uma delas demandando uma técnica específica. Como o vítreo4 é constituído em grande parte por água, o doente não vai notar nenhuma alteração na visão5 com a troca do vítreo4 pela solução salina.

O que é humor vítreo1?

O humor vítreo1 é um fluido gelatinoso e transparente, constituído por 99% de água e 1% de ácido hialurônico, que preenche o interior do globo ocular6 e que permite manter a forma de globulosa do olho2. O vítreo4 está em contato com a superfície da retina7, que é a parte do olho2 que recebe as imagens e as envia para o cérebro8 através do nervo ótico, e é através deste que os raios luminosos chegam à retina7.

Por que fazer a cirurgia?

A cirurgia de vitrectomia é indicada, principalmente, para o tratamento de algumas doenças ligadas à retina7 e ao próprio vítreo4, como descolamento de retina7, franzido macular, retinopatia diabética9, buracos maculares, hemorragia10 vítrea, complicações pós-cirurgia de catarata11, crescimento exagerado de novos vasos sanguíneos12 na retina7 ou corpo estranho na cavidade vítrea.

Nesta cirurgia, o oftalmologista13 pode: remover sangue14 ou outra substância que esteja evitando que a luz se focalize corretamente na retina7; remover tecido15 cicatricial que esteja afetando a retina7; reparar a retina7 que esteja se descolando de seu leito; e remover um objeto estranho preso dentro do olho2. Quanto mais precoce for feito o diagnóstico16 da alteração em causa e se proceder à cirurgia, melhores são as chances de recuperação da visão5. Do contrário, o paciente pode perder gradualmente a capacidade de enxergar.

A vitrectomia foi originada por Robert Machemer com contribuições de Thomas M. Aaberg, no final de 1969 e início de 1970. O objetivo original da vitrectomia era remover o humor vítreo1 turvo, geralmente contendo sangue14.

Leia sobre "Descolamento de retina7", "Fundo de olho17 ou fundoscopia", "Catarata11" e "Complicações da cirurgia de catarata11".

Como é feita a cirurgia de vitrectomia?

As opções de anestesia18 para vitrectomia são anestesia18 geral, anestesia18 local, anestesia18 tópica e anestesia18 intracameral. Cada técnica de anestesia18 tem suas vantagens e desvantagens, e a seleção do tipo a ser usado dependerá de vários fatores, incluindo a escolha do cirurgião e do paciente, a doença e as etapas cirúrgicas adicionais necessárias. Na maioria das situações, a cirurgia de vitrectomia é realizada com anestesia18 local, sempre em ambientes adequadamente compostos por equipamentos essenciais. A anestesia18 geral quase sempre fica reservada para aqueles pacientes que não conseguem seguir regularmente as instruções do cirurgião, como crianças ou deficientes mentais.

A cirurgia de vitrectomia deve ser precedida por uma sequência de exames pré-operatórios que verifiquem o estado de saúde19 geral do paciente. Ela é realizada com um pequenino instrumento cirúrgico chamado vitrectomo (para remover o vítreo4) ou com um vitreófago (para aspirar o vítreo4). O instrumento é inserido no olho2 através de uma microincisão. Outras pequeninas incisões20 são feitas para a introdução de micro tesouras, pinças, sondas, ponteiras de laser, etc.

Retirado o humor vítreo1, o olho2 é preenchido por ar, para manter temporariamente a retina7 no lugar ou selar orifícios na retina7. A pressão do ar é temporária, pois o segmento posterior logo se encherá de fluido. Em alguns casos, o olho2 também pode ser preenchido com silicone líquido para manter a retina7 no lugar. Esse silicone permanece no olho2 e tem de ser posteriormente removido cirurgicamente.

De modo geral, o procedimento é rápido, indolor e bastante seguro. Quando a cirurgia é feita com aparelhos mais modernos, pode ser que nem haja necessidade de suturas21.

Nos casos de descolamento de retina7, quando a região da mácula22 (área central e mais sensível da retina7) não for comprometida, há grande chance de que a visão5 seja recuperada a um ponto em que a pessoa seja capaz de ler bem. Quando a região da mácula22 é afetada, essa chance é bem menor.

Quais são as complicações possíveis com a vitrectomia?

A cirurgia de vitrectomia, como qualquer outro procedimento cirúrgico, não é isenta de riscos e complicações, embora seja bastante segura. Assim, pode haver infecções23 e aumento da pressão intraocular24, mas são raras. O aparecimento de catarata11 é muito comum após a cirurgia de vitrectomia e pode ocorrer entre 6 meses e 2 anos após a realização do procedimento.

Veja também sobre "Sinais25 e sintomas26 oftálmicos que precisam de avaliação médica", "Perda súbita da visão5" e "Degeneração macular27".

 

Referências:

Referências: As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da American Academy of Ophtalmology e da American Society of Retina Specialists.

ABCMED, 2020. Vitrectomia - como é o procedimento? Quando deve ser realizado?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-dos-olhos/1381213/vitrectomia-como-e-o-procedimento-quando-deve-ser-realizado.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Humor vítreo: É uma substância gelatinosa e viscosa, formada por substância amorfa semilíquida, fibras e células. Faz parte do corpo vítreo do olho. Está situado entre o cristalino e a retina.
2 Olho: s. m. (fr. oeil; ing. eye). Órgão da visão, constituído pelo globo ocular (V. este termo) e pelos diversos meios que este encerra. Está situado na órbita e ligado ao cérebro pelo nervo óptico. V. ocular, oftalm-. Sinônimos: Olhos
3 Olhos:
4 Vítreo: 1. Substância gelatinosa e transparente que preenche o espaço interno do olho. 2. Com a transparência do vidro; claro, límpido, translúcido. 3. Relativo a ou próprio de vidro.
5 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
6 Globo ocular: O globo ocular recebe este nome por ter a forma de um globo, que por sua vez fica acondicionado dentro de uma cavidade óssea e protegido pelas pálpebras. Ele possui em seu exterior seis músculos, que são responsáveis pelos movimentos oculares, e por três camadas concêntricas aderidas entre si com a função de visão, nutrição e proteção. A camada externa (protetora) é constituída pela córnea e a esclera. A camada média (vascular) é formada pela íris, a coroide e o corpo ciliar. A camada interna (nervosa) é constituída pela retina.
7 Retina: Parte do olho responsável pela formação de imagens. É como uma tela onde se projetam as imagens: retém as imagens e as traduz para o cérebro através de impulsos elétricos enviados pelo nervo óptico. Possui duas partes: a retina periférica e a mácula.
8 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
9 Retinopatia diabética: Dano causado aos pequenos vasos da retina dos diabéticos. Pode levar à perda da visão. Retinopatia não proliferativa ou retinopatia background Caracterizada por alterações intra-retinianas associadas ao aumento da permeabilidade capilar e à oclusão vascular que pode ou não ocorrer. São encontrados microaneurismas, edema macular e exsudatos duros (extravasamento de lipoproteínas). Também chamada de retinopatia simples.
10 Hemorragia: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
11 Catarata: Opacificação das lentes dos olhos (opacificação do cristalino).
12 Vasos Sanguíneos: Qualquer vaso tubular que transporta o sangue (artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias).
13 Oftalmologista: Médico especializado em diagnosticar e tratar as doenças que acometem os olhos. Podem prescrever óculos de grau e lentes de contato.
14 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
15 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
16 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
17 Fundo de olho: Fundoscopia, oftalmoscopia ou exame de fundo de olho é o exame em que se visualizam as estruturas do segmento posterior do olho (cabeça do nervo óptico, retina, vasos retinianos e coroide), dando atenção especialmente a região central da retina, denominada mácula. O principal aparelho utilizado pelo clínico para realização do exame de fundo de olho é o oftalmoscópio direto. O oftalmologista usa o oftalmoscópio indireto e a lâmpada de fenda.
18 Anestesia: Diminuição parcial ou total da sensibilidade dolorosa. Pode ser induzida por diferentes medicamentos ou ser parte de uma doença neurológica.
19 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
20 Incisões: 1. Corte ou golpe com instrumento cortante; talho. 2. Em cirurgia, intervenção cirúrgica em um tecido efetuada com instrumento cortante (bisturi ou bisturi elétrico); incisura.
21 Suturas: 1. Ato ou efeito de suturar. 2. Costura que une ou junta partes de um objeto. 3. Na anatomia geral, é um tipo de articulação fibrosa, em que os ossos são mantidos juntos por várias camadas de tecido conjuntivo denso; comissura (ocorre apenas entre os ossos do crânio). 4. Na anatomia botânica, é uma linha de espessura variável que se forma na região de fusão dos bordos de um carpelo (ou de dois ou mais carpelos concrescentes). 5. Em cirurgia, ato ou efeito de unir os bordos de um corte, uma ferida, uma incisão, com agulha e linha especial, para promover a cicatrização. 6. Na morfologia zoológica, nos insetos, qualquer sulco externo semelhante a uma linha.
22 Mácula: Mácula ou mancha é uma lesão plana, não palpável, constituída por uma alteração circunscrita da cor da pele.
23 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
24 Pressão intraocular: É a medida da pressão dos olhos. É a pressão do líquido dentro do olho.
25 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
26 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
27 Degeneração macular: A degeneração macular destrói gradualmente a visão central, afetando a mácula, parte do olho que permite enxergar detalhes finos necessários para realizar tarefas diárias tais como ler e dirigir. Existem duas formas - úmida e seca. Na forma úmida, há crescimento anormal de vasos sanguíneos no fundo do olho, podendo extravasar fluidos que prejudicam a visão central. Na forma seca, que é a mais comum e menos grave, há acúmulo de resíduos do metabolismo celular da retina, aliado a graus variáveis de atrofia do tecido retiniano, causando uma perda visual central, de progressão lenta, podendo dificultar a realização de algumas atividades como ler e escrever ou a identificação de traços de fisionomia.
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