Doença de Best: definição, causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e evolução
O que é a doença de Best?
A doença de Best, também conhecida como distrofia1 macular viteliforme, é uma doença ocular rara (1:15.000), hereditária, autossômica2 dominante, progressivamente degenerativa3, que afeta a mácula4, uma parte da retina5 responsável pela visão central6, que acaba sendo muito afetada.
A doença foi nomeada assim em homenagem ao médico alemão Friedrich Best, que a descreveu pela primeira vez em 1905.
Quais são as causas da doença de Best?
A doença de Best é causada por mutações genéticas no gene BEST1, que fornece instruções para a produção de uma proteína chamada bestrofina. Essa proteína desempenha um papel importante na função das células7 da retina5. As mutações neste gene e anomalias nessa proteína resultam em disfunção dessas células7 e acúmulo de lipofuscina (um pigmento amarelado) na mácula4.
Embora a doença de Best seja mais comumente transmitida de forma autossômica2 dominante, alguns casos ainda mais raros de herança autossômica2 recessiva têm sido relatados. Se a condição é autossômica2 dominante isso significa que uma pessoa afetada pode ter apenas uma cópia do gene alterado, recebido de um dos pais afetados. Se a condição é herdada de forma recessiva, isso significa que são necessárias duas cópias do gene BEST1, cada uma vinda de um dos pais.
Qual é o substrato fisiopatológico da doença de Best?
A doença de Best é caracterizada pelo acúmulo anormal de lipofuscina na região da mácula4. Isso leva à formação de lesões8 chamadas de "viteliformes" ou "gemas de ovo9" na retina5.
Esse acúmulo de lipofuscina e outros materiais celulares anormais leva ao dano progressivo das células7 do epitélio10 pigmentado da retina5, causando a formação de uma lesão11 amarelada característica na mácula4, uma área central da retina5 responsável pela visão12 nítida e detalhada. É essa lesão11 que é chamada de distrofia1 macular viteliforme.
Quais são as características clínicas da doença de Best?
Como o gene pode ter expressividade variável, algumas pessoas com a mutação13 podem ter sintomas14 muito leves ou, em casos raros, nenhum sintoma15.
Os sintomas14 da doença de Best começam a se manifestar na infância ou na adolescência. Os pacientes podem experimentar visão12 embaçada ou distorcida, dificuldade em enxergar detalhes finos, redução da visão central6 e sensibilidade ao brilho. A visão periférica16 geralmente permanece preservada.
Embora o início dos sintomas14 ocorra na infância, podem se manifestar apenas décadas mais tarde.
Como o médico diagnostica a doença de Best?
A doença de Best costuma ser diagnosticada na infância ou adolescência ou, no máximo, na idade adulta jovem. O oftalmologista17 primeiro coletará um histórico médico e procederá a um exame oftalmológico. Ele também podem solicitar exames de imagem e medir a espessura da coroide18.
Os exames necessários podem incluir:
- Angiografia19 de fluoresceína, para mostrar os vasos sanguíneos20 e o acúmulo de lipofuscina, que é hiperfluorescente.
- Tomografia de coerência óptica, para criar imagens da parte de trás do olho21.
- Fotografia colorida do fundo de olho22, para mostrar a retina5 e a cabeça do nervo óptico23.
- Eletrofisiologia oftálmica, que consiste, na verdade, em uma série de exames oculares que medem a atividade elétrica do olho21. O eletro-oculograma usualmente apresenta alterações, mesmo nos doentes assintomáticos, tornando-se útil para o diagnóstico24.
- Testes genéticos, que fornecem ao médico informações sobre os genes do paciente.
Um diagnóstico24 diferencial deve ser feito com a distrofia1 viteliforme macular do adulto, que é a distrofia1 padrão, maculopatia viteliforme exsudativa25 aguda, doença de Stargardt com manchas largas centrais e telangiectasias26 maculares idiopáticas.
Leia sobre "Ambliopia27", "Deficiência visual", "Fundo de olho22" e "Hipertensão28 intraocular".
Como o médico trata a doença de Best?
Infelizmente, no momento, não há uma cura definitiva para essa condição. No entanto, existem algumas abordagens que podem ajudar a tratar os sintomas14 e retardar a progressão da doença. É sempre importante ouvir um médico sobre a condução do tratamento, pois cada caso da doença de Best é diferente dos demais. Algumas providências de tratamento comumente consideradas são:
- Monitoramento regular do problema para acompanhar a progressão da doença e verificar possíveis complicações.
- Terapia genética (ainda em fase de pesquisa), que visa corrigir as mutações genéticas responsáveis pela doença de Best.
- Terapia com antioxidantes: alguns estudos sugeriram que o uso de suplementos antioxidantes, como vitaminas C e E, podem ajudar a retardar a progressão da doença.
- Terapia com o fator anticrescimento endotelial vascular29 (anti-VEGF), que envolve a injeção30 de medicamentos no olho21 afetado.
- Reabilitação visual, por meio de terapia ocupacional31 ou terapia visual especializada.
Como evolui a doença de Best?
A doença de Best progride lentamente e eventualmente resulta na atrofia32 do epitélio10 pigmentado da retina5 e fotorreceptores33, prejudicando gravemente a visão central6. No curso de sua evolução, a doença passa pelas seguintes fases:
- Estágio I: estágio pré-viteliforme, em que o paciente não tem sintomas14 e ainda não desenvolveu nenhum material amarelo sob sua retina5.
- Estágio II: estágio viteliforme, que significa que o material amarelo está se acumulando “em forma de ovo”. A visão12 ainda pode estar bem.
- Estágio III: o material amarelo pode evoluir para um cisto sob a retina5 (estágio pseudohipópio).
- Estágio IV: o material pode começar a danificar as células7 da retina5 e começam a aparecer alterações na visão12 (estágio viteliruptivo).
- Estágio V: o material amarelo desaparece, mas deixa cicatrizes34 e células7 danificadas (estágio atrófico). Os sintomas14 pioram progressivamente se a doença progredir para o estado atrófico.
Quais são as complicações possíveis da doença de Best?
Alguns pesquisadores consideram a neovascularização35 coroidal como o estágio VI da doença de Best, enquanto outros pensam que ela é uma complicação da doença. A neovascularização35 coroidal ocorre em cerca de 20% das pessoas que têm a doença de Best. Ela refere-se a novos vasos sanguíneos20 que crescem na coroide18, a camada de tecido36 entre a retina5 e a esclera37 (a parte branca do olho21). Esses vasos sanguíneos20 podem vazar e piorar a visão12.
Veja também sobre "Glaucoma38", "Catarata39", "Degeneração macular40" e "Retinopatia diabética41".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Cleveland Clinic e da Mayo Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.