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Transtornos de ansiedade - entenda o que são e conheça os principais

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O que é ansiedade?

A ansiedade existe desde a origem do homem para auxiliar seu instinto de sobrevivência1. Inicialmente, ela funcionava como uma sensação de insegurança e perigo para comandar reações defensivas. Mas o que era natural passou a se tornar um grande problema de saúde2 mental no âmbito público.

O medo e a ansiedade são dois sentimentos aparentados e concomitantes. O medo surge diante de situações ou objetos específicos e se refere ao presente; ansiedade é um medo mais vago, às vezes sem um objeto definido, e se refere quase sempre a uma antecipação do futuro.

Ambas são sensações naturais que funcionam como alerta para o corpo e para a mente diante de algo desconhecido. O medo é a resposta emocional à ameaça iminente real ou percebida, enquanto ansiedade é a antecipação de uma ameaça futura, real ou suposta, que pode nem se realizar.

O que são transtornos de ansiedade?

A ansiedade pode se tornar uma condição psicológica anormal quando se torna um excesso e passa a atrapalhar as atividades rotineiras. Com isso, pode desencadear um transtorno que leva a crises com sintomas3 mentais e físicos.

Os transtornos de ansiedade são o tipo mais frequente de problema de saúde2 mental e afetam aproximadamente 30% dos adultos em algum momento da vida. Eles são uma categoria de condições mentais caracterizadas por sentimentos intensos e persistentes de ansiedade, medo, preocupação ou nervosismo, que podem interferir significativamente na vida diária da pessoa.

Esses transtornos podem assumir diversas formas, incluindo:

  1. Transtorno de ansiedade generalizada, caracterizado por preocupação crônica e excessiva em relação a uma variedade de eventos ou atividades, mesmo quando não há motivo real para se preocupar.
  2. Transtorno do pânico, que envolve a ocorrência de ataques agudos, inesperados e recorrentes, acompanhados por sintomas3 físicos intensos, como palpitações4, sudorese5, tremores de ansiedade, falta de ar e sensação de ficar louco ou de morte iminente.
  3. Transtorno de ansiedade social ou fobia6 social, caracterizado por medo intenso e persistente de situações sociais ou de desempenho, levando a evitar essas situações ou a enfrentá-las com grande ansiedade. Inclui o medo de falar em público, de se apresentar em público, etc.
  4. Transtorno obsessivo-compulsivo, popularmente chamado de TOC, que envolve a presença de obsessões (pensamentos intrusivos e indesejados) e compulsões (comportamentos repetitivos realizados em resposta às obsessões) que interferem na vida diária e causam sofrimento significativo.
  5. Transtorno de estresse pós-traumático, que surge após a exposição a um evento traumático, como abuso, violência, desastres naturais ou experiências de guerra, e é caracterizado por flashbacks, pesadelos, evitação de gatilhos relacionados ao trauma e hiperatividade do sistema nervoso autônomo7.
  6. Transtorno de ansiedade de separação, que ocorre predominantemente em crianças e envolve ansiedade excessiva quando separadas de figuras de apego, como os pais.

Esses são apenas alguns exemplos de transtornos de ansiedade. Cada um tem suas próprias características específicas, mas todos compartilham a presença de ansiedade excessiva e disruptiva como sintoma8 central.

Leia mais sobre "Transtorno de ansiedade generalizada", "Transtorno ansioso social" e "A ansiedade pode não ser patológica?"

Quais são as causas dos transtornos de ansiedade?

Um transtorno de ansiedade pode ser iniciado por estresse causado pelo meio, mas pode surgir sem nenhum motivo aparente. A ansiedade tende a ser hereditária; estudos sugerem que a predisposição genética desempenha um papel importante na suscetibilidade aos transtornos de ansiedade e que pessoas com histórico familiar de transtornos de ansiedade têm maior probabilidade de desenvolvê-los. No entanto, algumas dessas tendências são provavelmente adquiridas pela convivência com pessoas ansiosas.

Além desses fatores genéticos e ambientais, a ansiedade pode ainda ser causada por uma doença física, como hipertireoidismo9, outros fatores hormonais ou insuficiência cardíaca10, por exemplo, ou por medicamentos ou outras substâncias (cafeína, corticoides, cocaína, psicoestimulantes, etc.).

Muitas vezes, os transtornos de ansiedade resultam de uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos. Alterações na química cerebral e no funcionamento do sistema nervoso11, como desequilíbrios de neurotransmissores, podem contribuir para eles. Igualmente, traumas, eventos estressantes ou experiências negativas durante a infância ou a vida adulta também podem aumentar o risco de desenvolver transtornos de ansiedade.

Fatores ambientais estressantes, como problemas financeiros, pressões no trabalho, eventos traumáticos na comunidade ou na sociedade em geral, podem desencadear ou contribuir para o desenvolvimento de transtornos de ansiedade.

A interação entre esses fatores é complexa e varia de pessoa para pessoa, e muitas vezes é difícil determinar uma única causa para um transtorno de ansiedade específico.

Qual é o substrato fisiopatológico dos transtornos de ansiedade?

A fisiopatologia12 dos transtornos ainda não é compreendida, mas várias teorias têm sido propostas para explicar sua origem e manifestações. Existe uma forte evidência de uma predisposição genética para os transtornos de ansiedade. Além disso, desequilíbrios nos neurotransmissores, como serotonina, noradrenalina13, dopamina14 e GABA15, desempenham também um papel importante nesses transtornos.

Estruturas cerebrais como a amígdala16, o córtex cingulado anterior e o córtex pré-frontal têm sido implicadas na fisiopatologia12 dos transtornos de ansiedade. O Sistema Nervoso Autônomo7 desempenha um papel na resposta fisiológica17 ao estresse e à ansiedade.

Ademais, eventos traumáticos, estressores18 crônicos e experiências adversas na infância podem aumentar o risco de desenvolvimento de transtornos de ansiedade. Os processos de aprendizado e condicionamento desempenham um papel na manutenção dos transtornos de ansiedade.

Como o médico trata os transtornos de ansiedade?

O tratamento dos transtornos de ansiedade envolve uma abordagem multifacetada que engloba diferentes aspectos, incluindo psicoterapia, medicamentos e mudanças no estilo de vida. A terapia cognitivo19-comportamental é frequentemente considerada o tratamento de primeira linha para distúrbios de ansiedade. Medicamentos podem ser prescritos para ajudar a reduzir temporariamente os sintomas3 agudos de ansiedade. Isso pode incluir antidepressivos inibidores de recaptação de serotonina e noradrenalina13, bem como benzodiazepínicos.

A terapia de exposição consiste em expor o paciente gradualmente a situações que causam ansiedade, permitindo que ele aprenda a controlar sua resposta emocional. Técnicas de relaxamento, mindfulness, meditação, yoga e respiração profunda podem ajudar a reduzir os sintomas3 de ansiedade.

O paciente deve também reduzir o consumo de cafeína, álcool e outras substâncias estimulantes que possam aumentar os sintomas3 de ansiedade.

Veja mais sobre "Transtorno do pânico", "Fobias20", "Estresse pós-traumático" e "O que é psicoterapia".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Hospital Israelita Albert Einstein, da Biblioteca Virtual em Saúde e da Mayo Clinic.

ABCMED, 2024. Transtornos de ansiedade - entenda o que são e conheça os principais. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1469062/transtornos-de-ansiedade-entenda-o-que-sao-e-conheca-os-principais.htm>. Acesso em: 20 mai. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Sobrevivência: 1. Ato ou efeito de sobreviver, de continuar a viver ou a existir. 2. Característica, condição ou virtude daquele ou daquilo que subsiste a um outro. Condição ou qualidade de quem ainda vive após a morte de outra pessoa. 3. Sequência ininterrupta de algo; o que subsiste de (alguma coisa remota no tempo); continuidade, persistência, duração.
2 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
3 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
4 Palpitações: Designa a sensação de consciência do batimento do coração, que habitualmente não se sente. As palpitações são detectadas usualmente após um exercício violento, em situações de tensão ou depois de um grande susto, quando o coração bate com mais força e/ou mais rapidez que o normal.
5 Sudorese: Suor excessivo
6 Fobia: Medo exagerado, falta de tolerância, aversão.
7 Sistema nervoso autônomo: Parte do sistema nervoso que controla funções como respiração, circulação do sangue, controle de temperatura e da digestão.
8 Sintoma: Qualquer alteração da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. O sintoma é a queixa relatada pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
9 Hipertireoidismo: Doença caracterizada por um aumento anormal da atividade dos hormônios tireoidianos. Pode ser produzido pela administração externa de hormônios tireoidianos (hipertireoidismo iatrogênico) ou pelo aumento de uma produção destes nas glândulas tireóideas. Seus sintomas, entre outros, são taquicardia, tremores finos, perda de peso, hiperatividade, exoftalmia.
10 Insuficiência Cardíaca: É uma condição na qual a quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto (débito cardíaco) é insuficiente para suprir as demandas normais de oxigênio e de nutrientes do organismo. Refere-se à diminuição da capacidade do coração suportar a carga de trabalho.
11 Sistema nervoso: O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal e a porção periférica está constituída pelos nervos cranianos e espinhais, pelos gânglios e pelas terminações nervosas.
12 Fisiopatologia: Estudo do conjunto de alterações fisiológicas que acontecem no organismo e estão associadas a uma doença.
13 Noradrenalina: Mediador químico do grupo das catecolaminas, liberado pelas fibras nervosas simpáticas, precursor da adrenalina na parte interna das cápsulas das glândulas suprarrenais.
14 Dopamina: É um mediador químico presente nas glândulas suprarrenais, indispensável para a atividade normal do cérebro.
15 GABA: GABA ou Ácido gama-aminobutírico é o neurotransmissor inibitório mais comum no sistema nervoso central.
16 Amígdala: Designação comum a vários agregados de tecido linfoide, especialmente o que se situa à entrada da garganta; tonsila.
17 Fisiológica: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
18 Estressores: Que ou o que provoca ou conduz ao estresse.
19 Cognitivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
20 Fobias: Medo exagerado, falta de tolerância, aversão.
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