Alguns tipos comuns de fobias
O que são fobias1?
Fobias1 são medos irracionais reconhecidos como absurdos pela própria pessoa que os sente, a qual, apesar disso, não consegue dominá-los. Embora as fobias1 existam em diversos quadros psiquiátricos, elas são os sintomas2 predominantes nas chamadas neuroses fóbicas. Mesmo pessoas consideradas “normais” podem apresentar certos tipos de fobias1 simples que não chegam a comprometer sua qualidade de vida.
Na psicanálise, as fobias1 são vistas como resultantes de conflitos interiores entre o ego e o id e da projeção de impulsos proibidos sobre objetos da realidade. As pessoas ditas normais podem apresentar fobias1 a espaços fechados ou a espaços abertos, a alturas, a determinados animais, etc.
Em geral, há algumas diferenças marcantes entre o medo e as fobias1, mas em alguns casos há uma transição tênue entre as duas coisas. A principal delas é que o medo é sentido diante de situações reais ou supostamente perigosas e cessa quando acaba o perigo. A fobia3, por seu turno, é sentida ante situações que a própria pessoa reconhece como não perigosas. A emoção fóbica pode ainda ser sentida diante do relato de uma situação, de imagens ou de simples imaginação. Ademais, enquanto o medo só ocorre diante e durante o estímulo objetivo, o fóbico tem tendência a ficar criando na sua imaginação as situações fóbicas.
É interessante observar como para cada fobia3 (= medo de) existe um inverso correspondente, uma filia (= atração por), e como uma pessoa com uma fobia3 simples pode, com o tempo, inverter sua fobia3. Enquanto alguns têm medo de altura, outros são escaladores; alguns sentem-se mal em ambiente fechados, outros são exploradores de cavernas, etc. Também alguém com medo de sangue4 pode se tornar um cirurgião, ou alguém com temor à velocidade pode se tornar um corredor de Fórmula 1.
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Quais são as fobias1 mais comuns vistas em pessoas “normais”?
As fobias1 mais comuns nas pessoas “normais” são (1) medo de espaços fechados, (2) medo de espaços abertos, (3) medo de altura, (4) medo de aves e (5) medo de pequenos animais.
- O medo de espaços fechados é chamado de claustrofobia. É uma das fobias1 mais comuns ao ser humano. A claustrofobia vai desde um desconforto de ficar em ambientes fechados, como em elevadores, trens lotados ou salas fechadas, até a angústia e pânico de estar confinado a espaços muito estreitos. Essa fobia3 pode levar a sintomas2 que podem acontecer até mesmo quando a pessoa se imagina nessas situações.
- O medo de amplos espaços abertos é dito agorafobia5. Essa denominação vem da praça ateniense de Ágora, onde os gregos antigos se reuniam para discutir os problemas da cidade. Este é também um dos transtornos fóbicos mais comuns às pessoas. Ele se manifesta por medos de aventurar-se sozinho em espaços muito amplos e em meio à multidão. Na vida comum, ela é dissimulada sob o fato de desejar sempre uma companhia ao sair de casa. Em casos mais graves e francamente patológicos, a agorafobia5 é um transtorno evolutivo: a princípio, a pessoa não consegue sair sem uma companhia, em seguida só consegue sair na vizinhança e por fim nem mesmo na vizinhança, ficando reclusa dentro de casa.
- O medo de altura é chamado acrofobia. Sentir medo em locais de altura efetivamente perigosa é normal e até útil: funciona como uma proteção. E a pessoa deixa de sentir medo tão logo se afaste do local. A acrofobia é sentida mesmo em situações em que a própria pessoa reconhece como seguras e que sabe não estar correndo nenhum risco, e pode ser sentida ante fotos, imagens ou simples imaginação das situações.
- O medo de aves é chamado ornitofobia. Esse medo tem todas as características das fobias1 e acontece diante de grandes aves ou de pequenos pássaros domésticos, como passarinhos, periquitos e papagaios. Muitas vezes, apenas a presença de penas das aves desperta os incômodos típicos da ornitofobia.
- A fobia3 a pequenos animais ocorre principalmente em relação às baratas e aos ratos. O nome dado ao medo de baratas é catsaridafobia. Muitas pessoas se sentem desconfortáveis ou com medo na presença de baratas. É comum dizer que as baratas parecem “perseguir” quem tem medo delas e aparecem para elas com maior frequência. Isso parece verdadeiro e tem uma explicação lógica. As pessoas com medo de barata estão frequentemente procurando limpar os lugares onde elas normalmente vivem (ralos, esgotos, despejos, etc.) e por isso têm mais chances de encontrá-las. A simples visão6 do animal desperta intensas reações de medo e repugnância e muitas pessoas não conseguem sequer chegar perto para matá-las. A fobia3 a ratos é chamada musofobia. A simples visão6 de um rato desperta intensas reações comportamentais: grito, choro, subir em camas ou mesas e cadeiras, tentar fugir, tremer e suar em bicas, taquicardia7, respiração rápida ou ofegante, sentir náuseas8 e vômitos9 ou ter outros sinais10 de desconforto gastrointestinal. Os musofóbicos podem sofrer de ansiedade, ou mesmo pânico, com a simples menção de ratos, ou mesmo de vê-los se alimentando de lixo, ou em fotos, etc.
Como tratar as fobias1?
Algumas fobias1 são tão simples e infrequentes que não chegam a comprometer a qualidade de vida da pessoa e não requerem qualquer forma de tratamento. Quando se deseja tratá-las, a terapia de exposição e a terapia cognitivo11-comportamental é o tratamento mais eficaz. A terapia de exposição se concentra em mudar a resposta ao objeto ou situação temida. Durante a terapia de exposição, o psicólogo ajuda a pessoa a dessensibilizar-se ao objeto ou situação que ela teme.
O psicoterapeuta deve investigar mais profundamente a causa do medo e ajudar a pessoa a superá-lo. A terapia comportamental cognitiva12 é um tipo específico de psicoterapia que ajuda muito nesses casos. Ela envolve também técnicas de dessensibilização13 aos objetos ou situações temidas.
As medicamentações não têm papel curativo das fobias1 e não são necessárias ou recomendadas para o tratamento das fobias1, na maioria dos casos, porque as fobias1 são controladas melhor por meios psicoterápicos. Contudo, a medicamentação é prescrita às vezes tratando os efeitos das fobias1, como ataques de ansiedade e de pânico.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Faculdade de Medicina da UFMG e da Mayo Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.