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O papel das emoções na vida humana

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O que são emoções?

A palavra emoção vem do latim movere, que significa mover, mas a ela se acrescenta o prefixo “e”, que no latim significa “afastar-se”. Podemos, pois, pensar nas emoções como um “impulso para a ação”. Elas são estados psicológicos complexos que envolvem três componentes distintos: (1) uma experiência subjetiva, (2) uma resposta fisiológica1 e (3) uma resposta comportamental ou expressiva.

Elas são uma parte fundamental da experiência humana e podem ser divididas em várias categorias, como alegria, tristeza, raiva2, medo, nojo, surpresa, etc. Algumas emoções são consideradas positivas, como alegria e amor, porque criam estados subjetivos e correlatos fisiológicos agradáveis; enquanto outras são consideradas negativas, como raiva2 e medo, gerando estados inversos.

As emoções são muito correlacionadas à personalidade e ao temperamento de cada pessoa, tanto sendo a causa de determinados padrões de humor bem como, por outro lado, sofrendo a influência deles. Assim, uma pessoa amorosa tenderá a ver bondade nas coisas e situações e tenderá a fazer o bem; uma pessoa raivosa, ao contrário, tenderá a ver hostilidade nas pessoas e agirá com esse mesmo sentimento em relação a elas.

Por que temos emoções?

As emoções dão início às ações. Elas também atuam como sinalização de que algo que merece atenção está acontecendo na vida das pessoas. As emoções são importantes para as pessoas e cada uma delas tem sua função no equilíbrio emocional. Os estados emocionais mais agudos são temporários e a repressão sistemática deles causa adoecimento, tanto com sintomas3 físicos como psicológicos.

Toda emoção têm uma função adaptativa e evolutiva, ajudando as pessoas a lidarem com situações desafiadoras e a sobreviverem em ambientes complexos. Elas podem ser desencadeadas por diversos fatores ou ser reações a eles, incluindo eventos e/ou situações especiais, interações sociais, memórias e pensamentos. Elas têm um papel importante na vida cotidiana das pessoas, influenciando suas percepções, comportamentos e tomadas de decisão.

Embora possa parecer que as emoções sejam reativas aos eventos, nem sempre é isso que ocorre. Pelo contrário, muitas vezes, os pensamentos e comportamentos das pessoas são devidos a emoções preexistentes. O que parece ser um pensamento ou um comportamento racional às vezes não passa de uma expressão de emoções subjacentes.

É muito frequente que as ideias e comportamentos sejam formas de dar aparente razoabilidade a emoções de que a pessoa está possuída. Frequentemente elas tomam decisões com base no fato de estarem felizes, zangadas, tristes, entediadas ou frustradas, e escolhem atividades e hobbies com base nas emoções que eles provocam. Mesmo opções esportivas, religiosas, éticas ou políticas, aparentemente racionais, são fortemente influenciadas pelas emoções.

As emoções exercem seu papel em 3 níveis diferentes:

  • Nível intrapessoal, que se refere a como as emoções funcionam dentro das pessoas. Nesse patamar, elas ajudam a guiar um comportamento e a tomar decisões que ajudam na sobrevivência4 dos seres humanos. Por exemplo, elas ditam quando devemos enfrentar ou fugir de uma situação perigosa.
  • Nível interpessoal, que são emoções entre pessoas e que informam como cada um deve se comportar em relação aos outros ou vice-versa. Assim, um sorriso pode estimular as pessoas a se aproximarem e uma expressão de tristeza pode estimulá-las a demonstrarem empatia, etc.
  • Nível social ou cultural, que é aquele que se refere às emoções que ajudam a manter os padrões das sociedades e das culturas. Emoções como, por exemplo, a confiança, geralmente atuam como agregadoras entre grupos sociais.
Veja mais sobre "Saúde5 mental", "A estrutura da personalidade", "Personalidade histriônica", "Fobias6" e "Big Five da Psicologia".

Como controlar as emoções?

As pessoas podem adquirir a habilidade de regular suas emoções sem, no entanto, suprimi-las, o que pode beneficiar suas relações interpessoais, seu humor e suas tomadas de decisões. Algumas emoções são facilmente controláveis, mas outras são de difícil controle. Embora elas sejam frequentemente associadas a reações espontâneas e de difícil controle, é possível aprender a regulá-las e a expressá-las de maneira mais saudável e adequada.

Quando uma pessoa suprime ou reprime emoções, está se impedindo de vivenciar e expressar sentimentos e isso pode contribuir para sintomas3 como ansiedade, depressão, problemas de sono, tensão muscular, dor, dificuldade em controlar o estresse ou levar ao uso indevido de substâncias. O controle das emoções não significa suprimi-las, mas poder se valer delas de uma forma adequada. O inverso do controle das emoções é o descontrole delas, e elas assumem o comando do comportamento, gerando atitudes impensadas, das quais em geral a própria pessoa costuma se arrepender posteriormente.

No âmbito da patologia7 mental, costuma-se falar do “transtorno explosivo intermitente8”, que as pessoas normalmente chamam de “pavio curto”. É quando as pessoas têm frequentes explosões emocionais (geralmente de raiva2) e comportamentais. Sentir raiva2 a ponto de perder momentaneamente o controle de si mesmo possivelmente acontece a todas as pessoas, alguma vez na vida. No entanto, é uma outra coisa quando essa reação é muito frequente e desproporcional aos motivos.

Uma ou algumas das seguintes atitudes pessoais podem ajudar a controlar as emoções, sem expressá-las atabalhoadamente:

  • Dar-se um tempo
  • Brincar com um animal
  • Ver um filme
  • Fazer um lanche
  • Tomar uma chuveirada
  • Tirar um cochilo
  • Esmurrar um travesseiro
  • Chorar
  • Gritar
  • Rasgar um papel em tiras

Caso nada disso ajude, a pessoa deve recorrer a um profissional da psicologia que poderá ajudá-la com técnicas como mindfulness, terapia cognitivo9-comportamental ou outras abordagens terapêuticas.

A lista das emoções possíveis é muito extensa, mas grande parte dos teóricos e pesquisadores consideram que há seis emoções básicas que são universais: (1) medo, (2) raiva2, (3) alegria, (4) tristeza, (5) surpresa e (6) nojo. Outra inumerável lista compreende emoções pessoais e facultativas: agressividade, otimismo, irritação, confiança...

Leia também: "Os sentimentos humanos mais comuns", "Resiliência", "Somatização10" e "Mecanismos de defesa do ego".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site do Instituto de Psicologia da USP - Universidade de São Paulo.

ABCMED, 2023. O papel das emoções na vida humana. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1434690/o-papel-das-emocoes-na-vida-humana.htm>. Acesso em: 16 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Fisiológica: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
2 Raiva: 1. Doença infecciosa freqüentemente mortal, transmitida ao homem através da mordida de animais domésticos e selvagens infectados e que produz uma paralisia progressiva juntamente com um aumento de sensibilidade perante estímulos visuais ou sonoros mínimos. 2. Fúria, ódio.
3 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
4 Sobrevivência: 1. Ato ou efeito de sobreviver, de continuar a viver ou a existir. 2. Característica, condição ou virtude daquele ou daquilo que subsiste a um outro. Condição ou qualidade de quem ainda vive após a morte de outra pessoa. 3. Sequência ininterrupta de algo; o que subsiste de (alguma coisa remota no tempo); continuidade, persistência, duração.
5 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
6 Fobias: Medo exagerado, falta de tolerância, aversão.
7 Patologia: 1. Especialidade médica que estuda as doenças e as alterações que estas provocam no organismo. 2. Qualquer desvio anatômico e/ou fisiológico, em relação à normalidade, que constitua uma doença ou caracterize determinada doença. 3. Por extensão de sentido, é o desvio em relação ao que é próprio ou adequado ou em relação ao que é considerado como o estado normal de uma coisa inanimada ou imaterial.
8 Intermitente: Nos quais ou em que ocorrem interrupções; que cessa e recomeça por intervalos; intervalado, descontínuo. Em medicina, diz-se de episódios de febre alta que se alternam com intervalos de temperatura normal ou cujas pulsações têm intervalos desiguais entre si.
9 Cognitivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
10 Somatização: Somatização, segundo definição criada por Zbigniew Lipowski (1924-1997), é “uma tendência para experimentar e comunicar desconforto somático e sintomas que não podem ser explicados pelos achados patológicos, atribui-los a doenças físicas e procurar ajuda médica para eles“. É um diagnóstico que deve ser feito por exclusão de outras causas, que deve ser usado com cautela por ser muito difícil garantir que não há outras causas.
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